Camila Cabello, a mais nova dona do Pop mundial

LOS ANGELES, CA – FEBRUARY 15: Singer Camila Cabello of Fifth Harmony arrives at Universal Music Group’s 2016 GRAMMY After Party at The Theatre At The Ace Hotel on February 15, 2016 in Los Angeles, California. (Photo by Gregg DeGuire/WireImage)

Em meio a um ano de 2016 turbulento, onde o racismo e xenofobia dominaram eleições mundo afora – inclusive nos Estados Unidos – uma menina de então 19 anos e nascida em Havana deixava o grupo que a lançara para a cena musical: Fifth Harmony. Para muitos, além de uma separação, poderia ser o fim de uma jovem promissora que, no auge do sucesso com as companheiras, preferiu tentar a sorte sozinha e ainda dividindo seu público. Quase dois anos depois, essa mesma garota brilha tanto quanto o ex-grupo e toma de assalto o posto de mais ouvida do grande mercado disputado comercialmente, o Pop. Seu nome é Camila Cabello.

Camila nasceu em Cuba, a ilha onde o capitalismo não é bem visto e ela tanto brilha atualmente. Porém sua família saiu de lá quando Karla Camila Cabello Estrabao ainda mal sabia pronunciar as primeiras palavras em espanhol. Morou no México em parte da infância, onde cresceu ouvindo diversos nomes latinos de sucessos mundiais durante os anos 2000, tipo Celia Cruz e Alejandro Fernandez, até que se mudou permanentemente para os Estados Unidos com seus pais. Lá, como todo imigrante, sentiu na pele o que muitos dos seus ídolos cantavam.

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Embalada pela onda dos realities shows musicais, febre em solo americano, aos 15 anos Cabello participou das audições do X-Factor em Greensboro, na Carolina do Norte. Eliminada no primeiro momento, retornou com quatro outras garotas, Ally Brooke, Normani Kordei, Lauren Jauregui e Dinah Jane. Nascia ali o grupo teen que seria a maior febre desde Spice Girls: o Fifth Harmony.

Comercialmente um sucesso estrondoso, o Fifth atingiu rapidamente o Top 10 dos principais países, incluindo Brasil e Estados Unidos. Levou o single “Worth It” a um grande acontecimento da indústria fonográfica, que se reinventou através de Teen Bands como elas e o One Direction, no Reino Unido. Em meio às polêmicas de que Camila e sua companheira de Harmony, Lauren, tinham um romance, o silêncio sempre prevaleceu em nome da imagem e lotando estádios por onde passavam. 

Em 2015, no primeiro indício de que seu sucesso estava começando a suplantar as demais, Camila lançou um dueto com o cantor canadense Shawn Mendes, o elogiado “I Know What You Did Last Summer”. Então, pouco antes do Natal de 2016, após uma apresentação, o grupo anunciou nas redes sociais que Camila havia decidido sair do grupo. Os fãs, desesperados, se dividiram. Com eles, os milhões de dólares e a indústria fonográfica. O que seria do Fifth Harmony? Para onde iria a nova desgarrada?

Cabello, desde então, não parou mais. O que se via nos palcos e entrevistas, uma jovem muito talentosa, bonita e que falava com diversos públicos por causa da sua origem latina – inclusive em português, quando esteve no Brasil – começou uma escalada assustadora. Já em 2017 participou de “Hey Ma”, uma colaboração com Pitbull e J Balvin, para a trilha sonora de “Velozes e Furiosos 8”. Tempos depois, sem deixar que o foco baixasse, lançou seu primeiro single, “Crying In The Club”, escrito pela aclamada cantora australiana Sia, logo se tornando um sucesso. No VEVO, seu canal no Youtube com pouco menos de um ano já ultrapassava 1,1 bilhão de visualizações.

Porém o estrelato seria alcançado, em escala global, meses depois. Em meio às avalanches de intolerância que assolavam os Estados Unidos, quis o destino que o single “Havana”, local que nasceu e onde Cabello relembra que “metade do seu coração” ainda está naquele lugar de Cuba, a jovem de 20 anos bateu recordes atrás de recordes. Nos canais de músicas por streaming a música é uma das mais executadas.

Chegou a rivalizar com a coqueluche “Despacito”, algo inimaginável antes de ser lançado, nos países de língua espanhola e América Central.Tanto que ganhou uma versão em espanhol, em novembro, com o porto-riquenho Daddy Yankee, também participante da outra canção. Nesta, o amor pelo seu passado é explícito.

No segundo mercado mundial mais importante, o britânico, foram 600 mil cópias vendidas, ganhando certificado de platina, seu primeiro sozinha. Apenas no Spotify, uma das maiores plataformas digitais de música, a canção fechou o ano com 500 milhões de audições, média de 40 milhões por dia, atingindo assim o segundo lugar geral. No Youtube, o clipe atingiu meio bilhão de visualizações. Aquela garota, saída de Havana e com traços latinos fortes, agora retornava para todos os cantos do continente por onde viveu através da música batizada em homenagem à capital cubana.

Camila é diferente do desgastado e já entediado mercado Pop atual. Ao contrário dos extravagantes figurinos de Katy Perry ou Lady Gaga, aposta na naturalidade, a sensualidade de forma menos sexual e mais próxima do seu público. A estrela se tornou um retrato, uma representante, de muitas outras que a ouvem. Tornou-se algo exótico em um momento em que tudo é igual. “Havana” carrega isso em seu som. A batida seca com o piano ao fundo, levando o ouvinte à ambientação da paradisíaca cidade caribenha, aos seus cassinos dos anos 50, a toda sua raiz encarnada e personificada na imagem do Buena Vista Social Club.

No iTunes, a loja virtual da Apple, atualmente é a terceira artista mais ouvida na era digital em todo o planeta, perdendo apenas para Ed Sheeran e Eminem. O sucesso foi tão imediato que levou a ser elogiada até mesmo por sir Elton John, veterano da cena musical. Em entrevista a rádio Beats1, da Apple Music, o cantor britânico descreveu a artista como nova estrela mundial:

– Eu acho que ela vai ter um ano incrível. Ela é simplesmente tão linda e tão divertida e ela tem uma ótima voz e uma ótima atitude. E eu acho que 2018 vai ser um ano incrível pra ela. (Se eu a encontrasse) Diria parabéns. Você me faz feliz. Suas músicas me fazem sorrir. Eu amo sua voz. Qualquer coisa que eu possa fazer para te ajudar, eu vou fazer – declarou.

Outros nomes do Pop atual, Ryan Tedder, vocalista do One Republic, e Ed Sheeran, a chamando de “consolidada como o grande nome do momento”, também se espantam com o mega alcance que a cubana/mexicana/americana atingiu:

– Camila é incrivelmente confiante. Isso vai contra a idade dela. E você pode aprender, enquanto o tempo passa, a ser mais confortável com as câmeras, mais confiante. Mas quando você conhece um artista de 20 anos que exala essa confiança, isso é um dom. E ela é muito humilde, muito pé no chão, sabe exatamente quem ela é – disse Tedder, em entrevista ao canal E Talk.

Nesta sexta-feira, dia 12, um novo passo rumo a consolidação da mais nova estrela Pop será dado. É o lançamento do seu álbum solo “Camila”. Se alguém ainda não conhece, melhor prestar atenção neste nome, porque Camila Cabello é a mais nova aposta do mercado fonográfico. O Fifth Harmony ficou no passado. E logo em breve também ficará nos números.

De fato, “as Havanas” foram pequenas demais para tanto sucesso.

 

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