Creed retorna aos palcos brasileiros em um show visceral

Após uma década longe dos palcos, o Creed retorna em 2009 com o álbum “Full Circle”. Logo em seguida com a super produção “Creed Live” que foi o show de retorno da banda no Texas, EUA, e agora aterriza no Brasil para matar a saudade dos fãs insaciáveis por novidades do grupo. A banda post-grunge Creed que havia nos brindado com as canções de sucesso “My sacrifice” e “With Arms Wide Open”, ganhadora inclusive do Grammy de Melhor canção rock em 2000, parecia esquecida pelos brasileiros desde o álbum Weathered. A verdade é que, depois de um hiato de 6 anos, os caras voltaram com tudo, e o álbum Full Circle lançado em 2009, mostrou melhora em termos de amadurecimento e qualidade. A banda chegou a vender 300.000 cópias, e em apenas uma semana ficou em 2º lugar na Billboard perdendo apenas para “This is it” do Michael Jackson. Entretanto, o Creed já não era mais o foco dos veículos de comunicação que pareciam ter parado no tempo com a canção “Don’t stop dancing”, e ignorado o tamanho sucesso que o grupo colhia nos Estados Unidos.  De alguma forma, o Brasil ficou mesmo para trás quando se tratou de divulgação, apenas os fãs mais fiéis assistiam a acensão do grupo e se perguntavam quando teriam uma provinha aqui em território verde e amarelo. O lançamento do disco Full Circle teve um retorno tão rápido do público, que em apenas 10 dias depois do lançamento a banda caiu na estrada e filmou um show no Texas que simplesmente contou com mais de 239 câmeras de alta resolução e deu origem a um DVD. Talvez isso tenha chamado a atenção dos produtores brasileiros e assim abriu-se um caminho para o grupo no Brasil. Uma das características da banda é como são extremamente fiéis as emoções, como são crus principalmente na composição das músicas, daí porque os temas dos discos são sempre fortes e existenciais, e como definem a apresentação da banda no palco. Definitivamente o show que ocorreu ontem (23) no Citibank hall apesar da baixa procura por ingressos se comparado com outras atrações internacionais do mesmo ano, não foi um show qualquer, não poderia ter sido apenas mais um show, foi um momento de ligação cósmica entre os integrantes da banda e o público. Scott Stapp o vocalista, se entregou completamente em cada canção. Se é uma marca pessoal ou não, acredito que também possa ter sido resultado da energia trocada com os fãs. Em diversas vezes Stapp agradecia a presença de todos em uns arriscados “Obrigado” num português mal pronunciado. Durante a canção “One” Scott disse que todos eram “apenas um”, e quando a música chegava nos seus acordes finais, ele fechou os olhos e falou como amava ouvir aquelas vozes, vozes que gritavam o nome da banda. Diferente do show Creed live, esse não havia muitos recursos técnicos, e era bem pobre de iluminação e efeitos visuais. Entretanto, foi um show para se emocionar, para se cantar de olhos fechados, e também para gritar e se libertar. Em meio a alguns fãs perdidos entre um Creed de 2000 e o Creed atual, não foi por causa das baladas mais melódicas que chão do Citibank tremeu, músicas agressivas e no melhor estilo rock n roll como “Bullets”, as camisas pretas que tomavam conta da casa suaram e enlouqueceram.

A banda interagia bastante com a platéia que a chamava com palmas entre uma música e outra. Scott enquanto cantava parecia tomado por uma coisa sem nome, sem definição. Cada música parecia sair de suas entranhas, havia momentos em que tremia, em que andava em círculos pelo palco, em que saltava, ou apenas jogava uma garrafa d’águas nos fãs que, de maneira alguma poderiam se sentir ofendidos, eles clamavam por mais. Atitude se complementava com mais atitude. Scott cantou as músicas finais de olhos fechados, incrivelmente inspirado, com seu corpo tremendo, e a platéia com certeza também.

Durante a esperada “With Arms Wide Open”, o vocalista abriu os braços e disse “como o cristo redentor”, e desejou “que Deus abençoasse” aquele momento.

Há um tempo atrás quando a banda surgiu, foi alimentado um folclore de que possivelmente eram de origem gospel devido a tantas expressões sobre fé mencionadas nas músicas, porém Stapp solucionou tais dúvidas com a seguinte declaração: “As pessoas estão confundindo as coisas, achando que somos uma banda religiosa, mas nós não somos, é somente sobre o eu estou passando no momento. Eu estava me questionando, lidando com certos assuntos e indo contra todas as convicções que tinham me ensinado durante toda minha vida. É difícil para as pessoas entenderem isso porque elas são usadas, estando apenas em sujeição à religiões ou denominações”.

Canções como “What’s Life For?”, “My Own Prision” e a vigorosa “Higher” eram entoadas por um público que sabia as letras, mas foi quando “One Last Breath” e “My Sacrifice” tocaram que a platéia gritou com violência arrancando um sorriso de Scott. que levantou o microfone para que a galera continuasse, e assim até mesmo aqueles que há muito tempo não acompanhavam a banda, se deram conta da energia que Creed é capaz de dissipar, e pelo qual eles foram consagrados há duas décadas.

Setlist

1. Are you ready?
2. Torn
3. Wrong Way
4. What if?
5. Unforgiven
6. My Own Prision
7. A Thousand Faces
8. Bullets
9. Say I
10. Faceless Man
11. What’s This Life For?
12. One
13. Higher
14. With Arms Wide Open
15. One Last Breath
16. My Sacrifice

 

Texto: Juliana L. Farias

Fotos: Néstor J. Beremblum/T4F Entretenimento

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