DEEP PURPLE foi o grande destaque do SOLID ROCK FESTIVAL no JEUNESSE ARENA

O festival “Solid Rock” foi anunciado no Brasil com grande alarde após a divulgação do seu casting: DEEP PURPLE, LYNYRD SKYNYRD e ZZ TOP! Causou polvorosa entre os fãs de Classic Rock, bandas tão distintas, mas extremamente respeitadas em sua personalidade musical. Mas aí começaram as baixas… O trio de barbudões texanos foi a primeira. Em seu lugar, convocados os “hard rockers oitentistas” do TESLA.

A banda não muito conhecida no Brasil, sempre foi considerada injustiçada dentro do seu estilo. Realizou excelentes álbuns, e muitos creditam a ausência de uma popularidade maior pela exclusão do visual GLAM na época. Camisas simples e jeans, mas de sonoridade altamente vigorosa! E foi então que também perdemos os sulistas, detentores de hinos como “Sweet Home Alabama”… Seria o festival cancelado? A solução foi com outra excelente banda americana de Illinois, que mantém atividades desde o final dos anos 70, mas também bastante desconhecida por aqui: o CHEAP TRICK.

E o “Solid Rock” ficou basicamente soando como o show do DEEP PURPLE, com aberturas no mínimo curiosas para o grande público. Infelizmente uma grande injustiça… E isso ficou claro, nesta sexta-feira  (15), quando o TESLA começou os trabalhos as 19:30. Com o público chegando ainda no Jeunesse Arena, quem presenciou, assistiu a uma AULA de HARD ROCK. Set curto, mas vigoroso, com o vocalista e fundador Jeff Keith, mostrando sua técnica impecável. Como canta! E petardos como “Edison’s Medicine (Man Out of Time)”, “Modern Day Cowboy”, aliados com baladaças como “The Way It Is”, e “Love Song”, fizeram a alegria de quem pode chegar mais cedo a casa.

O CHEAP TRICK por ter mais tempo hábil (19 canções), foi mais prejudicado no sentido concentração do público, que soava morno. Mas a notória raça da banda, que mostrou excelente forma, e o som simples mais poderoso, foram embalando progressivamente o show um dos grandes precursores do Hard Rock dos Estados Unidos. Principalmente a partir do cover de “Magical Mistery Tour” dos BEATLES. O carisma eterno de Robin Zander, e do figuraça guitarrista e principal compositor, Rick Nielsen, foram conquistando o povo aos pouquinhos… E a estratégia de deixar as músicas mais conhecidas para o final ( “The Flame”, “Want You To Want Me”, “Dream Police”, “Surrender”), fizeram o show ter a sua merecida catarse! Saíram ovacionados e com certeza, muitos dos jovens presentes, vão querer saber mais sobre os muitos discos já lançados pelo grupo (assim esperamos). Nesse momento a casa já apresentava um público de razoável para bom.

E o que falarmos mais sobre o DEEP PURPLE? O bardo inglês, lenda do rock’n’roll e um dos pilares para a consolidação da sonoridade do HEAVY METAL (como muitos afirmam), não precisa provar mais nada a ninguém. Uma abertura com clássicos como “Highway Star”, “Picture Rome”, “Bloodsucker”, e “Strange Kind of Woman”, foi uma pauleira só, nitroglicerina PURA! Sabíamos que os dois Ian, Paice e Gilan, tiveram sérios problemas de saúde recentes. Paice segurando a onda solenemente, com toda a maestria que sempre lhe pertenceu, apenas com uma explosão menor. Gilan já precisou ser mais estratégico… Mais contido corporalmente (nitidamente debilitado), quando não estava cantando saía do palco, e o primordial: nada de forçar a voz (como vinha sem sucesso tentando ao longo dos anos), sendo mais econômico  (algumas canções logicamente com tom abaixo), e pouquíssimos “gritos”. PERFEITO!

O instrumental sempre primoroso do grupo apareceu muito mais! Steve Morse e Don Airey (por coincidência os dois últimos anos a entrar para a banda) foram SUBLIMES em seus momentos solo. Em passagens maravilhosas, como na homenagem ao saudoso Jon Lord, “Uncommon Man”, no lendário jazz-blues-rock “Lazy”, e na recente “Birds of Prey”. Aliás, SENSACIONAL o que Airey fez nas “tecladeiras” ao fazer um “salseiro” de “Mr Crowley” (sua lendária introdução no clássico de OZZY OSBORNE), com passagens do melhor da música brasuca  (“Aquarela do Brasil”, “Tico-Tico no Fubá”, “Carinhoso”, “Garota de Ipanema”) somadas a música erudita, intervenções eletrônicas… Simplesmente ABSURDO, de cair o queixo! E com mais uma sucessão de clássicos irrepreensíveis (“Perfect Strangers”, “Space Truckin’” e “Smoke on the Water”, que contou com a participação de Rick Nielsen, guitarrista do Cheap Trick, e “Hush” mais “Black Night” no bis), o DEEP PURPLE causou comoção, proporcionando uma fantástica experiência. Riso, suor, lágrimas… Audiência de alma LAVADA!!!

Sintonia total de público e banda, num excelente e histórico espetáculo, já que se cogita possivelmente ser a última turnê do DEEP PURPLE. E o “Solid Rock” cumpriu as suas expectativas, em nos trazer uma chuva de bom e velho rock’n’roll,  fechando 2017 com louvor! Apesar dos altos valores dos ingressos (só para variar!), parabéns a produção pela bela iniciativa.

Texto de Alessandro Iglesias

Fotos: divulgação e Affonso Andrade

 

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