Djavan brinda VIVO RIO com espetáculo irretocável

Djavan 2O cantor alagoano DJAVAN se consiste em uma das raras “quase” unanimidades da música popular brasileira. Sua mistura azeitada e certeira da MPB com elementos de música negra (em especial o jazz), consegue angariar admiradores dos segmentos mais diversos possíveis, tendo um baixíssimo nível de rejeição mesmo sendo presença incessante nas rádios FMs. Isso fica latente assim que percebemos o VIVO RIO nessa sexta-feira (24/08), lotado com público de uma heterogeneidade absurda. “Senhorinhas” da terceira idade, muitos casais, galera descolada com pinta de músico, roqueiros com camisas de banda… Poucos artistas no Brasil conseguem esse nível, é de se admirar realmente.

Desde 2007 sem nos presentear um disco de inéditas (o último foi “Ária” de 2010, só com versões), essa espera valeu demais a pena, pois “Rua dos amores” já figura entre os melhores álbuns da discografia do cantor. E independente da popularidade e quantidade de “hits” que DJAVAN traz em sua bagagem, a turnê tem se constituído num retumbante sucesso, muito por fruto da excelente aceitação que o novo trabalho suscitou.

O cenário contava com folhas ofício de papel A4 penduradas ao fundo do palco, compondo uma cenografia aparentemente simples e que se reforçou com o apoio da competente montagem de luz para promover belíssimos efeitos visuais e imagens projetadas, resultando em ótimos efeitos. Ponto!

A excepcional banda de apoio (que o acompanhou durante muito tempo em sua carreira), não saia em turnê com o artista há exatos 15 anos e também se resultou em um espetáculo a parte. Torquato Mariano (guitarra), Marcelo Mariano (baixo), Paulo Calazans e Cláudio Canteiro (teclados e piano), Marcelo Martins e Jessé Sadoc (sopros) e Carlos Bala (bateria), facilmente podem se relacionar entre os melhores grupos que temos no país em termos de qualidade e entrosamento.

Quanto ao roteiro, podemos destacar músicas de “Rua dos amores”, como “Já não somos dois”, “Bangalô”, “Pecado” e “Vive”, tendo uma excepcional acolhida. Realmente o trabalho é acima da média e isso em se tratando do selo DJAVAN de qualidade, é MUITA coisa!  Foi linda à homenagem ao recém-falecido Dominguinhos, na linda “Retrato da vida” (parceria dos dois). “Lados B”, como “Asa” (com belíssimo improviso, onde aproveitou para apresentar a banda), “Mal de mim” e a salsa “Irmã de neon”, também receberam grande ovação.

Os chamados “sucessos obrigatórios de barzinho”, “Flor de Lis” (com arranjo jazzístico, diferente do samba original) e “Se…”, logicamente fizeram a casa vir abaixo. E é claro, os momentos estilo “Freddie Mercury no Rock in Rio 1”, no qual nem precisava cantar, pois era ofuscado pelo coro sensacional da plateia. Foram muitos: “Meu bem querer”, “Samurai”, “Seduzir”, “Oceano” (voz e violão, resultando MUITO melhor do que a gravação original), “Nem um dia” e o final arrasa-quarteirão com “Sina”.

Impressionante o primor, o rebuscamento sutil e a unidade sonora constituída, permeada por todo o set list de 21 canções. E a voz de DJAVAN, também merece ser ressaltada é claro, com seu timbre mágico e em bela forma, como sempre esteve, aliás… Muita felicidade nos traz em ver que um trabalho como o dele, em um país como o nosso (valorizador de tendências fáceis de mercado e qualidade musical duvidosa), tenha se tornado tão popular.

Muitos podem se orgulhar de termos tido uma  “Ai se eu te pego”,  gravada em 40 idiomas. Mas reconforta mais saber que um trabalho de alto nível, pode se dar ao “privilégio” de ser tão reconhecido em nosso país. Pois se DJAVAN quiser, faz um show com 30 grandes sucessos populares, fácil! Isso merece ser registrado, pois também tem que ser analisado como um grande fenômeno. Vida longa a DJAVAN!

 

Set list:

1 – Pecado

2 – Acelerou

3 – Já não somos dois

4 – Asa

5 – Meu bem querer

6 – Vive

7 – Curumin

8 – Mal de mim

9 – Anjo de vitrô

10 – Irmã de neon

11 – Ares sutis

12 – Oceano

13 – Retrato da vida

14 – Cerrado

15 – Flor de lis

16 – Cigano

17 – Samurai

18 – Seduzir

Bis

19 – Nem um dia

20 – Se…

21 – Sina

Texto: Alessandro Iglesias

Foto: Vinícius Pereira/JB

 

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