Desde que lançou “Teenage Dream”, seu álbum de maior sucesso, em 2010, Katy Perry vem flertando com diversos estilos e mudando paulatinamente seu estilo. Se lá no começo da carreira, ainda como Katy Hudson, cantava gospel com pé nos mais diferentes gêneros, a californiana parece decidida de vez em ser uma “camaleoa” em seu novo trabalho. Mudou visual, mudou o discurso e mudou até o jeito de se vestir. Agora também mudou a sua música. “Witness” é o quinto álbum de estúdio e seu lançamento ocorreu em 9 de junho de 2017, através da Capitol Records. Nele, Perry consegue suplantar de vez seu lado “adolescente rebelde” que “beijava garota” (“I Kiss a Girl”) lá de trás. Muda tudo. Até seu público alvo.
Uma nova tendência vem tomando conta das cantoras pop atuais, que é a de mudança ou mistura de estilos. Talvez pelo mercado saturado, fãs mais crescidinhos ou diferentes, além das questões sociais que tanto assolam os debates. Em “Witness”, Katy não foge disso e tem um som mais maduro, a começar pela sonoridade, mais pesada, com menos “batidas chicletes” ou letras que grudem na cabeça. Agora tem mais vocais com músicas eletrônicas, o que já foi tendência em seu disco anterior, “Prism”, de 2013. O próprio nome do álbum já demonstra que o assunto é sério: testemunha.
E é uma Katy Perry irreconhecível. Talvez que desagrade muitos dos seus fãs mais radicais e jovens. Mas por outro lado, mostra que a popstar está acompanhando, também, a evolução do seu público, que há sete anos era de crianças ou adolescentes, mas agora cresceram, são adultos ou mais velhos, lhe dando com assuntos da idade. O mesmo que fez Lady Gaga (você pode ler nossa resenha sobre “Joanne” aqui) e Miley Cyrus, por exemplo.
O disco é bom no que se espera atualmente da indústria fonográfica. Bem mixado e produzido, é de uma qualidade que sempre a americana e sua equipe dominaram com maestria. Porém, quando falamos de uma grife, e a Katy é, decepciona um pouco. Falta um grande hit. Soa repetitivo, como se já tivéssemos ouvido milhões de vezes a mesma canção com outros artistas ou até mesmo no álbum.
Faltam hits, grande marca da Katy Perry
É o que acontece com “Hey, hey, hey” ou “Roulette”, por exemplo. Em faixas como “Swish Swish”, com a também pop Nicki Minaj, efeitos que já ouvimos em seu trabalho anterior estão de volta. Em diversas passagens o estilo atual lembra muito do que era feito nos anos 90, com ritmos compassados com estalar de dedos ou a batida seca marcando o tempo. É bom, mas não decisivo.
Um dos primeiros singles, “Chained To The Rythm” é de longe o grande momento do CD. Até por estar sendo executado há mais tempo, talvez soe como algo que acostumamos mesmo que pareça diferente. E assim vai seguindo quase por inteiro, alternativo, nada peculiar, quando falamos de uma cantora que lançou estilo. “Tsunami” e “Bon Appétit”, outro single, provam isso.
Ao todo são 15 faixas, mas poucas realmente agradam o suficiente quando lembramos que um dos seus discos chegou a igualar Michael Jackson, emplacando a mesma quantidade de hits no topo das paradas, como aconteceu em 2010. Só que desta vez isso não deve se repetir. O álbum decepciona. Não por ter conteúdo, mas talvez por faltar aquela Katy Perry divertida, carismática e que não tinha vergonha de ser apenas uma cantora pop.
“Witness” tem muito de “Prism”, principalmente no flerte com o eletrônico. Mas não tem nada de “Teenage Dream”. A sua transição foi rápida e brutal. É uma Katy Perry que tenta ser diferente. E é. Faltam hits, falta “I Kiss a girl”, falta Katy Perry.
Classificação: Regular