Marco Nanini leva elogiado espetáculo ao Teatro Dulcina

nanini 2

Com texto inédito de Jô Bilac e direção de Bel Garcia, o espetáculo “Beije a minha lápide”, com Marco Nanini e a Cia. Teatro Independente, iniciou nova temporada no projeto Dulcinavista, no Teatro Dulcina, desde o dia 11/10 (sábado). A peça, produzida por Fernando Libonati (Pequena Central), evoca o universo de Oscar Wilde. No elenco, além de Nanini, estão os atores Carolina Pismel, Júlia Marini e Paulo Verlings. As apresentações vão até o dia 26 de outubro, sextas, sábados e domingos, às 19 horas.

Desenvolvido pelo Galpão Gamboa, o projeto Dulcinavista vai até o final de novembro, com espetáculos adultos, infantis, leituras e oficinas. A  curadoria é de César Augusto. Marco Nanini tinha um antigo desejo de trabalhar com a obra de Oscar Wilde (1854-1900), mas nunca elegeu – entre tantas pérolas – um texto do dramaturgo para levar ao palco. Tampouco cogitava fazer uma biografia teatral, mesmo com a rica e conturbada trajetória do irlandês. O ‘impasse’ foi rompido com “Beije a minha lápide”. A montagem conta a história de Bala (Nanini), ardoroso fã de Wilde que está preso por quebrar a barreira de vidro que isola o túmulo do escritor no célebre cemitério de Père Lachaise, em Paris.

Se o drama de Bala é fictício, a proteção da sepultura é real e foi colocada por conta de um curioso ritual que os fãs de Wilde faziam ao visitar o local, ao beijar a tal lápide. “O texto tem muitas analogias com a vida e a obra de Wilde, com algumas citações mais explícitas e outras que se refletem nas falas e nas histórias das personagens. Quem não conhece Oscar Wilde vai entender perfeitamente e esperamos que saia querendo conhecê-lo mais”, explica Nanini, responsável por convidar Bel Garcia para a direção e o jovem elenco da Cia. Teatro Independente para dividir o palco.

Carolina Pismel, Júlia Marini e Paulo Verlings vem de montagens bem-sucedidas da jovem companhia, como “Cachorro!”, “Rebu” e “Cucaracha”, todas com autoria de Jô Bilac. Já Bel Garcia, cofundadora da Cia. dos Atores, esteve como atriz na montagem de “O bem amado”, protagonizada por Nanini em 2007 e, desde então, desenvolveu carreira de diretora que culminou na premiada “Conselho de classe”, dirigida em parceria com Susana Ribeiro e também escrita por Bilac. Assim como nas montagens do grupo, elenco, direção e autor construíram juntos a dramaturgia em um processo colaborativo.

“O texto já tem uma imagem forte e asséptica, ao trazer o protagonista preso em uma cela de vidro. A partir disto, a iluminação, a música e as projeções ajudam a trazer uma ‘temperatura’ para a cena”, resume Bel. “O vidro ironiza de forma bem cruel esta sensação de confinamento, pela qual Wilde passou injustamente, ao ser condenado por sodomia”, assinala Nanini.

Foi na prisão onde Wilde escreveu “De profundis”, uma de suas obras mais importantes, espécie de carta de amor escrita diariamente durante os dois anos em que esteve encarcerado. O texto documenta a conturbada relação de amor e ódio que manteve com Lord Alfred Douglas. Em uma profunda autoanálise de consciência, Wilde tece reflexões e observa à distância a sua própria tragédia.

“De profundis traz Wilde fora de sua vida de luxo e sucesso que tinha desde então e mostra como a prisão redimensionou as suas percepções sobre a vida e a morte”, conta Jô Bilac, que criou a peça inspirado pela força que o discurso do escritor ainda tem. Nanini concorda: ‘‘De Profundis é quase um milagre pela forma com que foi escrita. Não somente os temas de Wilde que são atualíssimos, mas também a sua escrita irônica e elegante”, afirma Nanini, cujo tempo livre tem sido dedicada à pesquisa e releitura de textos do irlandês.

Serviço – Beije a minha lápide:
Reestreia: 11/10 (sábado)
Temporada: até 26/10 (sextas, sábados e domingos)
Horário: 19 horas
Local: Teatro Dulcina
Capacidade: 300 lugares
Endereço: Rua Alcindo Guanabara, 17 – Centro
Telefone: (21) 2240-4879
Horário: 19 horas
Ingressos: R$ 20 (inteira)/ R$ 10 (meia) 
Bilheteria: de quarta a domingo, das 14h às 19h
Site: www.dulcinavista.com.br

Por Alessandro Iglesias

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *