MARILLION de volta às origens, faz show antológico


Mais um show no Brasil da banda possuidora de um dos fã-clubes mais fiéis em âmbito mundial. O maior expoente do chamado “neo progressivo”, simplesmente já teve álbum e turnê bancadas em financiamento pré-pago por seus fiéis seguidores (o hoje popularizado crowdfunding) em 1997, após terem rescendido contrato com sua gravadora na época. Como singelo agradecimento, colocaram a foto de todos os colaboradores no encarte do álbum em questão (“marillion.com”). No Brasil, essa forte ligação se permeou de uma outra forma. O grupo havia dispensado seu vocalista (FISH), que com sua voz “a la Peter Gabriel”, e estilo um tanto teatral, havia se tornado uma marca registrada para o desenvolvimento da banda. Escalados para a segunda edição do HOLLYWOOD ROCK em 1990, era o teste de fogo para o substituto STEVE HOGGART, possuidor de vocal muito mais acessível e direcionamento mais pop, o que fez futuramente a banda ampliar mais seus horizontes por esse estilo, mas sempre com absurda competência. Pois numa Pça. da Apoteose “sold-out”, e tocando antes do recém mega estouradaço (no Brasil, pois lá fora dominaram a década inteira) BON JOVI, o MARILLION surpreendeu. STEVE se mostrou um excelente front-man, além de possuir uma versatilidade vocal maior do que a de FISH. A banda foi recebida com uma de suas mais calorosas recepções! Tanto que já citaram essa noite como especial e inesquecível em entrevistas diversas.
Foi uma guinada para o grupo e novamente uma decisão corajosa. Primeiro em investir no considerado “morto e enterrado” rock progressivo em plenos anos 80 (praticamente solitários), tendo conseguido reconhecimento artístico somado a ótimas vendagens. Segundo por apostar num caminho mais comercial juntamente com a mudança do vocalista. E conseguiram! Deixaram definitivamente de serem considerados pastiche do GENESIS como na década oitentista. E lá se vão 33 anos de estrada, sucesso e público fiel…

 Audiência essa que quase lotou o VIVO RIO em plena noite de um sábado intercalado por dois feriados, e a visita de uma frente fria (suficiente para a desestabilização de qualquer evento no Rio de Janeiro). E surpreenderam a massa mais uma vez!!! É sabido que o último álbum da banda (“Sounds that can’t be made”) representa um retorno as raízes mais progressivas do grupo, possuindo um forte teor de virtuose, com emoção deslavada em total simbiose. E o show “rezou a cartilha” desta tendência, pois foi O SHOW DE ROCK PROGRESSIVO!!! Ok, STEVE começou a apresentação de forma performática como sempre, aparecendo surpreendentemente em cima de uma caixa de som, cantando “Splintering Heart”. E esse carisma de HOGARTH foi deveras fundamental para o grande show que todos iríamos presenciar. A escolha por um repertório menos acessivo comercialmente e dentro do arquétipo progressivo, poderia vir a se tornar cansativo se não tivesse exatamente esse elemento diferencial. Sim, os mega-hits “Kayleigh” e “Beatiful” estavam lá e foram cantados em uníssono! Todos na banda sempre se destacaram de forma brilhante na condução dos seus instrumentos, mas STEVE com certeza, numa metáfora futebolística, “chamou a responsabilidade pra si” nesta turnê. O vocalista exalava tesão e energia na condução do repertório e isso já representava um show a parte, apesar do som do VIVO RIO só ter se acertado lá pela metade do show. E como disse o eterno guitarrista do KING KRIMSON, ROBERTO FRIPP, “o rock progressivo foi feito para se dançar com os ouvidos e com o cérebro, e não com os pés”!

O público maravilhado ouvia atenciosamente todas aquelas longas passagens instrumentais, os solos (destaque para o guitarrista STEVE ROTHERY), e embarcava na “viagem” proposta. Quando resolveu interferir e participar da mesma, proporcionou momentos inesquecíveis até para aqueles que achavam que já tinham visto de tudo em um show de música: ao final de “Kalyeigh”, começaram a cantar espontaneamente até o fim, o clássico da era FISH, “Lavender”, que não estava no set list do show. E o público a bradou de forma absurdamente sublime, para o olhar de felicidade de todos da banda! STEVE com o microfone em mãos como se estivesse regendo um grande coral, emocionou demais! O silêncio que dominava o povo durante a execução das músicas, era quebrado sempre ao final das mesmas com gritos de “MARILLION, MARILLION” por parte da galera. A benevolência era tanta, que até um problema técnico com um dos teclados e que resultou num “embromation” por parte de HOGARTH, foi super aplaudido!

O encerramento com a maravilhosa “NEVERLAND” (uma das melhores canções já feitas nos últimos tempos), fez o público profanar um barulho ensurdecedor pela volta da banda, e com o público dando um novo show vocal nas antigas “Sugar Mice” e “Easter”, fazendo com que a emotividade tomasse conta de vez do ambiente, com várias pessoas chorando ao cantar essas músicas. Enfim, o MARILLION é uma banda que nunca decepciona seus fãs, independente das escolhas que faz ao longo de sua carreira e por isso que possui toda essa fidelidade ao longo do mundo. Show sensacional e inesquecível para quem gosta de música de qualidade. Antológico!!!

Set list:

Splintering Heart
Slainthe Mhath
You’re Gone
Sounds That Can’t Be Made
Beautiful
Power
Fantastic Place
Kayleigh
The Great Escape
Afraid Of  Sunlight
Neverland
Bis:
The Invisible Man
Sugar Mice
Easter
TEXTO: Alessandro Iglesias
FOTO: Jefferson Ribeiro

[dmalbum path=”/wp-content/uploads/dm-albums/Marilion/”/]

3 Replies to “MARILLION de volta às origens, faz show antológico”

  1. Ocorreu um erro em nosso sistema. As fotos já estão disponíveis para vocês!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *