Novos Baianos gravam DVD em mais um encontro arrebatador, no Rio de Janeiro

Foi lá na Bahia onde tudo começou. Década de 70, auge da ditadura militar e pouca perspectiva com a música profissional. Antes de serem um dos grupos mais aclamados da música brasileira, os Novos Baianos era apenas um grupo de hippies que se juntaram para fazer o que amavam: música!

Irreverência no estilo de cantar, se vestir e se comportar eram seus principais símbolos em uma época evidenciada pela opressão e negligência aos artistas em geral. Depois de tanto resistir até enfrentar o hiato de 16 anos, a banda retorna em formação original e sai com a turnê “Acabou Chorare – Os Novos Baianos Se Encontram”, cantando músicas do álbum de maior sucesso e ainda outros grandes marcos da carreira.

A apresentação foi na última sexta-feira (17), no Metropolitan, espaço localizado na Barra da Tijuca. O que poderia ser apenas mais um show da casa – ainda que fosse um clássico da música brasileira – desta vez, a proposta era eternizar o encontro.

Talvez algumas mudanças visuais já não fossem tão inesperadas, afinal, são mais de 30 anos após a união dos lendários Moraes Moreira, Baby do Brasil, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão. Por outro lado, o que ainda surpreende é a incrível presença de palco e disposição para levar o show até o fim, sem perder qualquer minúcia de qualidade ou encanto. As vozes se mantiveram iguais, indescritíveis; a precisão e a potência das bases instrumentais, idem. Se não fosse a plateia, majoritariamente composta por pessoas nascidas depois dos anos 80, até poderia dizer que aquela era uma viagem no tempo.

Do cenário aos trajes nada discretos, cores e brilhos circularam pelo palco enquanto prendiam a atenção do público, embalado por sucessos como “A Menina Dança”, “Swing de Campo Grande”, “Mistério do Planeta”, “Tinindo Trincando”, incluindo outros hinos da MPB como “Chega de Saudade” e “Isto Aqui, O que É?”, de João Gilberto, além do choro “Brasileirinho”, de Waldir Azevedo.

Uma das principais vozes nos tempos do Tropicalismo e da centralização vanguardista, Baby do Brasil permanece emblemática à frente dos Novos Baianos. As madeixas roxas já se tornaram sua marca registrada, mesmo após a conversão ao cristianismo, fato que ainda intriga muitos fãs. Embora o talento jamais se faça distante, parece que outras coisas vêm sendo mudadas. Além do nome artístico (ex-Baby Consuelo), a cantora se expressa de forma inesperada em diversos momentos; durante a apresentação, alterava parte das letras com novos trechos ou omitia alguns das versões originais, em que são mencionadas figuras religiosas não correspondentes à sua crença atual. Há quem se identifique…

No fim do show, cada integrante fez questão de autografar os clássicos em vinil que foram levados por alguns fãs; raridades que contribuem para a intemporalidade dos Novos Baianos e o imenso sentimento de satisfação compartilhada.

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