Pianista russo Daniil Trifonov no Brasil – Confira a história deste prodígio!

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Nos momentos antes de Daniil Trifonov tocar, há sempre um silêncio profundo na plateia. A intensidade desse silêncio não depende das normas da sala de concerto, mas surge naturalmente do poder do pianista russo de transcender o mundano e comunicar a capacidade atemporal da música de unir povos; desse silêncio surge um raro tipo de música. “O que ele faz com as mãos é tecnicamente incrível”, observou um comentador logo após o triunfo de Trifonov na final da Competição Internacional de Tchaikovsky em Moscou, em 2011. “O seu toque é terno, mas ao mesmo tempo diabólico. Nunca vi nada assim”.

Essa opinião foi expressa não por um crítico profissional, mas por uma das maiores pianistas do mundo, Martha Argerich. Ela concluiu que seu jovem colega estava possuído por “tudo e algo mais”, uma opinião que desde então tem sido mencionada em todas as mídias por uma sucessão de críticas e apontamentos. O Washington Post escreveu da“experiência visceral” de escutar Trifonov tocar; o Süddeutsche Zeitung descreveu seu concerto de estreia no Festival Verbier do ano passado como “um verdadeiro choque cultural”, tais eram a mistura de visão poética, sagacidade, nuance e brilhantismo inventivo do artista.

Em fevereiro de 2013, a Deutsche Grammophon anunciou a assinatura de um contrato de gravação exclusivo com Daniil Trifonov. Seu recital de estreia no selo, gravado ao vivo no Carnegie Hall, combina a formidável Sonata em Si menor de Liszt, a Sonata No. 2  em Sol menor agudo de Scriabin, op. 19, a “Sonata- Fantasia”, e os 24 Prelúdios de Chopin op. 28. Planos futuros incluem álbuns de concertos e mais gravações de recitais. Trifonov lembra que “O momento que eu assinei com a Deutsche Grammophon foi, claramente, o momento mais significativo de minha vida até hoje. É a maior honra gravar meu primeiro CD para o selo, especialmente em um salão de música tão espetacular como o Carnegie Hall”.

Desde que venceu o Concurso Tchaikovsky, Trifonov fez turnê pelo mundo inteiro como recitalista e concerto solista. Sua lista de créditos incluem recitais de estreia no Carnegie Hall, no Wigmore Hall, na Filarmônica de Berlim, no Queen Elizabeth Hall de Londres, no Auditório do Louvre em Paris, na Cidade da Ópera de Tóquio, na Zurich Tonhalle e como anfitrião de outras salas famosas. Além disso, também tocou com a Filarmônica de Viena, a Orquestra Sinfônica de Londres, a Orquestra Filarmônica de Nova York, a Philharmonia, a Orquestra Mariinsky, a Orquestra Sinfônica de Boston, a Orquestra Sinfônica de Chicago, a Orquestra Filarmônica de Israel, a Orchestre Philharmonique de Radio France, a Orquestra Filarmônica Real e a Orquestra de Cleveland. Suas próximas estreias incluem perfomances com a Orquestra Filarmônica de Los Angeles, a Orquestra de Filadélfia, a Sinfonia de São Francisco e a Filarmônica de Moscou.

Apesar de ter uma agenda intensa, Trifonov ainda arruma tempo para estudar com Sergei Babayan e ter aulas de composição no Instituto de Música de Cleveland. Ele diz: “Eu estou animado com os prospectos de projetos com a Deutsche Grammophon. Explorar a vasta literatura de piano é trabalho de uma vida inteira. Nos próximos anos, eu espero aprender o máximo de peças novas possíveis, como também ter tempo para criar, já que compor influencia parcialmente em tocar piano”, diz.

Daniil Trifonov nasceu no dia 5 de março de 1991 em Nizhny Novgorod. O antigo sistema do comunismo soviético e da então poderosa União Soviética já tinha sido dissolvido quando os pais de Daniil (ambos músicos profissionais) comemoraram o  primeiro aniversário do seu filho. Apesar de todas as convulsões sociais e econômicas da época, os Trifonovs reconheceram o pródigo talento musical do garoto e financiaram seu estudo formal.

Daniil recorda: “Eu comecei a tocar piano quando tinha 5 anos, também compunha e sempre tocava  alguns concertos”. A sua primeira apresentação com uma orquestra foi aos oito anos de idade, essa ocasião ficou marcada na sua memória pela perda de um dos seus dentes de leite na metade do concerto. “Foi uma experiência e tanto! Mas a primeira noção de quão importante tocar piano era para mim, veio quando eu quebrei meu braço esquerdo aos 13 anos de idade. Eu estava indo para uma aula de piano. Era inverno e estava bastante escorregadio. Eu caí e quebrei meu braço e não pude tocar normalmente por mais de três semanas”, lembra.

Com a lesão física, a mente do jovem Daniil focou no que a música significava para ele. Também aumentou a sua conexão emocional com o piano e seus repertórios. A música passional de Scriabin: mística, transcendente e tecnicamente exigente tornou-se uma quase obsessão no início da adolescência de Trifonov. A linguagem harmônica e os tons vibrantes desse compositor tocou a alma do artista iniciante e o inspirou a entrar na Quarta Competição Internacional Scriabin de Moscou, onde o rapaz com então 17 anos ganhou o quinto lugar.

Os estudos de gravações históricas de grandes pianistas que ele pegou emprestado de sua professora Tatiana Zelikman, na famosa Escola de Música Gnessin de Moscou, também inspiraram Trifonov. Ele recorda: “Quando eu estava estudando com Tatiana Zelikman em Moscou, ela tinha uma grande coleção de gravações antigas e muitos LPs, eu fui inspirado por aquelas gravações”. Trifonov absorveu lições duradoras com o legado gravado de Rachmaninov, Cortot, Horowitz, Friedman, Sofronitsky e outros representantes da idade de ouro do piano. Ele diz que os pianistas que o inspiram hoje em dia são Martha Argerich, Grigory Sokolov and Radu Lupu.

Daniil Trifonov tornou-se por sua vez um artista inspirador no verão de 2011. Nesse ano ele ganhou a 13ª. Competição Internacional Arthur Rubinstein de mestre de piano em Tel-Aviv, antes de retornar para casa e ser premiado com o primeiro lugar, a Medalha de Ouro e o Grand Prix na XIV Competição Internacional de Tchaikovsky. Em seguida, ganhou o Prêmio de Público e o Prêmio de melhor interpretação de um concerto de Mozart. A essa altura o seu trabalho já era conhecido por críticos influentes e promotores de concerto, graças a sua participação um ano antes no prestigiado Concurso Internacional de Piano de Chopin em Varsóvia.

A sua vitória em Moscou repercutiu muitíssimo na mídia e consequentemente garantiu que o mundo inteiro soubesse do pianista russo de 20 anos. O “Sr. Trifonov tem uma técnica cintilante e um talento virtuoso,” observou o New York Times. “Ele é também um artista pensativo que pode tocar com a delicadeza de fala mansa, algo que em geral não se associa aos campeões de competição”. No começo de 2012, o comentarista cultural Norman Lebrecht anunciava o progresso meteórico do jovem rapaz e o descreveu apropriadamente como “Um pianista para o resto de nossas vidas”.

Datas:

 7, 8, 9, 10 – Sala São Paulo

(http://www.osesp.art.br/portal/home.aspx)

16/11 – Teatro Bradesco – RJ

(http://www.teatrobradescorio.com.br/programacao.php?id=11&evento=ORQUESTRA%20SINF%C3%94NICA%20BRASILEIRA)

 

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