RAVEN faz show magistral no teatro Odisséia

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Porque??? É a pergunta que sempre fazemos com relação a bandas que injustamente foram renegadas ao terceiro escalão, mesmo com incisiva influência sonora referente a grupos de patamar midiático muito maior da sua geração. Cada vez que me faço essa pergunta, o RAVEN é o primeiro grupo que vem primeiramente à cabeça. Falar de importância histórica e qualidade técnica com relação ao trio inglês é “chover no molhado”. Vide que o METALLICA quando lançou seu álbum de estréia “Kill “Em All”, fez a turnê americana abrindo para o RAVEN, que divulgava um dos seus clássicos, o disco “All For One”, em 1983.

Aliás, o METALLICA retribuiu a gentileza (que muitos chamaram de “dívida”) depois de 30 anos, convidando o trio para abertura do show da banda em 2014 no Estádio do Morumbi em São Paulo.  Com todo o respeito como antigos fãs, tiraram fotos juntos e fizeram questão de estar lá em cima do palco apreciando o “matador” show do RAVEN. Detalhe, a banda nunca encerrou atividades, sempre se mantendo na ativa.

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Um dos grandes expoentes da NWOBHM, com rapidez que beirava as raias do Speed-Metal, é responsável por álbuns antológicos principalmente nos anos 80. O bardo de estréia “Rock Until You Drop” consta em TODAS as listas possíveis de estreias mais relevantes da indústria fonográfica independente do estilo, não estamos falando apenas de Heavy-Metal.  São riffs, melodias e refrãos que grudam em nossas mentes, sem tirar nem por, o álbum inteiro! Fica o lamento pela banda não ter o reconhecimento das novas gerações, como alguns congêneres oitentistas do rock pesado.

Mas temos essa oportunidade ímpar de poder ver a lendária banda no teatro Odisséia, nesse sábado (14/04), em sua ÚNICA apresentação no Rio de Janeiro. Realmente é um GRANDE privilégio! A abertura fica a cargo de um também trio que cada vez mais vem destilando competência e amadurecimento ao longo de sua trajetória, o STATIK MAJIK. Os caras estão com tanta moral, que já consta em seu currículo abertura para o ANVIL e o BLACK LABEL SOCIETY. Seu Stoner-Rock com toques de Doom está cada vez mais “azeitado”. E isso ficou claro no curto (cerca de meia hora), mas eficiente show, finalizando com grande versão para “War Pigs” do BLACK SABBATH.

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Bem, temos novamente que voltar ao processo de nos perguntar o PORQUE??? Um show com essa importância ter menos de 70 “gatos pingados” na audiência? Dá vergonha, tristeza… Aliás, o Rio de Janeiro sempre é protagonista de lástimas como essa. Ok, ao lado na imponente Fundição Progresso, o ex GUNS’N’ROSES Slash fazia seu show com lotação esgotada. Mas sabemos que são estilos diferentes. E o principal, o guitarrista esteve ano passado no Brasil. Onde estão os fãs do mais puro Heavy-Metal na cidade? É reflexo da crise econômica? Seria a grande quantidade de shows internacionais em sequência?

Mas independente de qualquer coisa, quando os caras subiram no palco pareceu claro não importar ter 50, 500, ou 5000 pessoas na platéia! O tesão em simplesmente querer tocar ficou nítido e tivemos um dos maiores shows do estilo já havido na cidade. Acha que há exagero na minha informação? Ao chegar em minha casa, assisti algumas apresentações ao vivo do trio e simplesmente asseguro que a energia é a mesma! E estamos falando de 40 anos de estrada…

Quanto à técnica, os irmãos Mark Gallagher (guitarra e vocal) e Jonh Gallagher (baixo e vocal) estão “como vinho”, ainda melhores com o tempo. Seus solos individuais foram magistrais, irrepreensíveis. Os agudos indefectíveis de Jonh, grande marca registrada da banda, estão lá, INTACTOS! Joe Hasselvander na bateria mostrou a sua precisão habitual. Os gritos de RAVEN da audiência eram constantes e emocionados!

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Os clássicos foram TODOS enfileirados na íntegra, levando ao delírio os privilegiados fãs que puderam estar ali presentes. “On and on”, “Hell Patrol”, “Faster Than the Speed of Light”, “Rock Until You Drop” (com direito a regência do coral da platéia), “Life’s a Bitch”, para citar algumas… Só “porrada”, pérolas magistrais do rock pesado, beleza magistral de peso, melodia e composição. E RAÇA! Calor infernal e aqueles senhores com suas tradicionais roupas de couro e tachinhas, nos dando uma aula do melhor Heavy-Metal, se despedindo suados, exauridos e dizendo que amavam o Rio de Janeiro. Não, nós que amamos MUITO vocês, ainda mais pelas circunstâncias. Vida longa ao RAVEN! Quem não viu, pode se lamentar eternamente…

Texto de Alessandro Iglesias

Fotos de Vanessa Pinto

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