‘Star Wars: Os Últimos Jedi” mantém a chama da saga com tudo que a fez ser um sucesso (com spoilers)

ATENÇÃO: ESTE TEXTO CONTÉM SPOILERS. FIZEMOS UMA VERSÃO SEM SPOILERS AQUI.

Quando a Disney assumiu a responsabilidade por continuar a saga de Star Wars, com a desconfiança e falta de esperança de muitos, veio também a possibilidade de alterações significativas que pudessem aleijar totalmente o formato que a transformou em um dos maiores sucessos da História do cinema. Pois bem, após três filmes isso foi totalmente enterrado. Está de volta a grandiosidade e a espetacularização das lutas, algo muito criticado pelos seguidores da narrativa. Agora ele tem uma estrutura própria, tornando-se algo original frente aos demais.

Novamente J.J. Abrams no comando e o sentimento nostálgico com relação à trilogia original está vivíssimo. A turma liderada por Rian Johnson, diretor e roteirista de “Os Últimos Jedi” com apenas 43 anos, bebeu bastante da fonte deixada por George Lucas, criador de “Star Wars”. Pela idade, podemos ver que Rian cresceu com as produções sendo lançadas. Talvez seja aí a grande resposta para a manutenção quase completa de todos os traços da série ainda vivos, como a Força sendo executada de forma sobrenatural, quando Rey (Daisy Ridley) levanta as pedras da caverna enquanto a Resistência foge. Só que com o diferencial dos estúdios de Walt: super produções.

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Por tanto, não é de se admirar a reciclagem de histórias, mitos e constantes aflições que já vimos nos demais. “Os Últimos Jedi” não joga todos os segredos de uma vez, mas constrói ainda mais confusão na cabeça dos espectadores e ansiedade para o que virá no próximo. É o caso da morte de Luke Skywalker, rapidamente lamentada nas redes sociais. Porém, assim como se temia seu falecimento, já se fala em reaparecimento em 2019. Ele daria o treinamento final à sua discípula tal qual Obi-Wan Kenobi fez com ele, em espírito. Levando-se em conta que Mestre Yoda aparece desta maneira, há sim essa possibilidade.

Por falar nisto, que linda é a morte do ícone da cultura pop do século XX. Arch-To, o planeta onde se encontra a ilha de Skywalker, faz parte de um sistema solar comum. Mas instantes antes do Luke desaparecer apareceram dois sóis no horizonte, lembrando Tatooine, terra natal da família Skywalker.

E uma charada ao final mostrou que mais coisa virá por aí: o pequeno órfão achado por Finn e Rose. Seria uma nova esperança? Afinal de contas, além do anel da Resistência, o garoto carrega um interesse Jedi. Os mais atentos notaram que ele consegue atrair a vassoura até sua mão à distância, mostrando sua sensibilidade para a Força.

Parte Técnica

Manter viva uma história que completou 40 anos é difícil. A Disney sabia disso e portanto, desde o Episódio VII, vem evitando muitas transformações. Ela está viva na parte técnica, muito mais bem feita que nos demais, como o encadeamento mais artístico das sequências, misturando as ações simultâneas de diversos locais. As das explosões e Rey, quando está frente ao Snoke e a Rebelião tentando fugir, são ligadas, formando uma só entre muitas.

O roteiro, que durante algumas das produções deixou a desejar, neste está mais intenso, fazendo as duas horas de filme passarem voando e sem tempo para respirar. Inteligente maneira de não tornar o treinamento da nova Jedi em algo repetitivo para a tela. Como ele já apareceu com o próprio Luke, agora os autores resolveram tratá-lo como algo traumático. No caso, a falha do Skywalker com Kylo Ren, levando-o ao Lado Negro da Força.

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As batalhas são sempre épicas, cheias de viradas e explosões, onde o inesperado acontece. Como quase sempre foram as da franquia. E quando falamos dessa parte, a turma do tio Walt Disney nunca entra pra brincar. A mais impactante e bonita delas veio no relato seguinte. Há até uma menção aos que sempre brincaram com a frase: “Como que ouvimos as explosões no espaço, se no vácuo o som não se propaga?”. Bem, eles resolveram isso, pelo menos em algumas cenas, talvez propositalmente. Foi assim que a vice almirante Amilyn Holdo jogou sua nave contra a do Império e uma enorme colapso sem áudio aconteceu.

A fotografia do filme é algo de se chamar atenção. Nas sequências dos Episódios IV e V tivemos algumas das melhores, mas nessa é o diferencial. As tomadas áreas e os ângulos buscados para dar novos rumos ao enredo podem ser consideradas a marca dessa nova fase da saga. Com um visual absurdamente cinematográfico, a ilha para onde Luke foi se esconder rendeu as melhores imagens desta nova trilogia, pelo menos até agora. Os momentos de sua morte e da jovem Rey conversando com Kylo são colírios.

Elenco e Roteiro

Não há agora uma amortização para que a história se desenvolva, como aconteceu no I, II e III. O confronto entre Lado Negro e Força, mentes confusas e, ao contrário do que já vimos há 40 anos, agora a pegada é bem mais negativa e derrotista. Kylo Ren, que sempre foi descrito como fraco, agora desperta seu poder justamente desse confronto entre sentimentos. E isso é feito de forma proposital, para gerar dúvidas e forçar (sem trocadilhos) o espectador a pensar nas transformações causadas durante todo esses personagens. Até Luke está confuso.

Daisy Ridley brilha novamente. A jovem inglesinha tem um talento que transborda a tela e já é uma das que mais conquistou o carinho dos fãs nestes nove filmes. Segura e convincente, tem ao seu lado um Mark Hamill mais completo entre todos os Episódios. Maduro e sábio, o Jedi consegue atingir e transmitir aquela seriedade dos demais, já extintos. Desde “O Despertar da Força” mostrava esse lado incorruptível da nova dona do sabre azul. E agora se faz de forma mais intensa.

Os novos produtores aparecem com suas temáticas nessa presença maciça de histórias “comuns”, como já tínhamos visto com o piloto voraz Poe Dameron (Oscar Isaac) e Finn (John Boyega). Agora é a vez de Rose Tico, na busca por vingança pela morte da sua irmã não ter sido em vão. E é outra presença do dedo Disney é a diversidade dos atores e origens dos personagens. Já havia um negro, John Boyega, e agora há uma asiática, a divertida Kelly Marie Tran, dando vida a valente Rose Tico. Já não era sem tempo, haja vista que a luta de sabre é inspirada nas lutas samurais do Japão dos séculos XV ao XIX.

Tem até uma ponta do campeoníssimo Benício del Toro e Laura Dern (lembra dela do Jurassic Park?), misturando jovens e novos atores, assim como são os fãs de Star Wars após tanto tempo.

Algumas coisas revivem George Lucas, como novas criaturas e seres galácticos. Tipo as das espécies na ilha onde Luke vive. Diversas aparições aconteciam nos antigos trabalhos. Neste aparece menos, mas com sequências que certamente farão os fãs automaticamente lembrarem de outras, como as festas e confraternizações que aconteciam nas produções antigas. Como a do Cassino, que relembra as que vimos nos Episódios V e II.

Carrie Fischer, falecida em dezembro de 2016, continua na história e suas aparições são sempre carregadas de emoções. Para fã e também quem não é. Há uma sensibilidade muito grande dos novos roteiristas com a Princesa Leia. Antes sensual e até meio atrapalhada, agora é sóbria, menos falante e comovente na luta com a Resistência. Uma saudade que será difícil de ser preenchida a partir de 2019.

Se você ainda não assistiu, divirta-se. Vá até o cinema e que a Força esteja com você.

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