Ventaneira – A cidade das flautas, onde o céu é colorido por pipas que carregam flautas tocadas pelo vento, já foi poema, dança, conto, peça infantil, livro e audiolivro. Agora, se transforma mais uma vez e volta em formato audiovisual para quatro apresentações gratuitas e online, entre os dias 26 e 29 de março. Idealizada, escrita e interpretada pela atriz, bailarina e autora deficiente visual Moira BragaVentaneira foi totalmente adaptada para o novo meio e ganhou interpretação de libras e audiodescrição integradas à dramaturgia: “Eu não queria que a acessibilidade fosse uma coisa à parte. O roteiro constrói uma narrativa junto com a audiodescrição e o intérprete de libras faz parte da história”, conta Moira. A iniciativa tem patrocínio da Lei Aldir Blanc, Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa. Ao final de cada apresentação, haverá um bate-papo entre Moira, a equipe do espetáculo e convidados, como a diretora teatral Duda Maia e a mestra em Educação Márcia Feijó.

Encenado pela primeira vez em 2016, quando foi visto por 750 pessoas em dois meses de temporada, no Parque das Ruínas e Teatro Gonzaguinha, Ventaneira surgiu bem antes disso. Há dez anos, Moira estudava na Escola de Dança Angel Vianna – onde hoje leciona – e escreveu primeiramente um poema, que deu suporte a uma coreografia, inspirado na obra As cidades invisíveis, de Ítalo Calvino. A história foi tomando corpo e se transformou em um conto, ganhou personagens. Mais tarde, chegou aos palcos e, em 2018, virou livro e audiolivro: “O livro é um pouco diferente da peça. No primeiro, a história é uma narrativa, mais longa, enquanto no espetáculo ele é um pouco alterado para ganhar mais dinâmica. Agora, fizemos uma nova modificação, para não ficar apenas uma peça filmada, mas um projeto pensado para o formato audiovisual, com direção geral e roteiro de Rai Junior e o resultado é algo entre esses dois formatos”, adianta Moira.

“Pensei muito no que seria mais interessante trazer da peça para o audiovisual. E com certeza não vem de uma mera transposição, com uma câmera parada filmando o espetáculo”, afirma Rai. “E também a questão da acessibilidade é muito instigante, como a gente poderia fazer para alcançar todo mundo. Por isso as libras e a audiodescrição estão integradas ao espetáculo, não tem como ‘desligar’”, completa.

A história fala de uma cidade fantástica com pipas cortando o céu que carregam flautas tocadas pelo vento. Mas um dia os ventos cessam e a cidade amanhece sem música. O menino Rudin, que só consegue ver o que suas mãos podem alcançar, é o único morador que não sabe empinar pipas ou construir flautas, mas com a ajuda do amigo Paco, consegue trazer a música e a alegria de volta à cidade. “O público se identifica com questões pertinentes a toda criança: se sentir diferente, ser excluído das brincadeiras, não ser compreendido por ter uma forma especial de observar o mundo, mas também reforça valores como amizade, afeto, tolerância e estimula a percepção do outro e da sociedade”, destaca Moira.

A trilha sonora inédita é composta por Carol D’Ávila, antiga colaboradora do projeto, assim como a diretora de arte Ayara Mendo, que assinou as ilustrações do livro. Na nova versão, Ayara criou uma cenografia que se transforma ao longo do espetáculo, seja com a interação de Moira ou com a dela própria, que estará em cena: “São grandes rolos de papel, onde a cidade vai sendo pintada e surge aos poucos; o produto final não é entregue de cara. É uma espécie de instalação, construída junto com a história”, detalha Ayara. Rasgos e buracos sugerem portas, janelas, passagens. A narrativa não-linear faz com que em certos momentos as folhas voltem a ser brancas. A pintura vai pautando esse antes e depois. E para contrapor a subjetividade do cenário, entram alguns objetos de cena, como bolas, flautas e um caixote de madeira, que ajudam a reforçar a narrativa para a criança.

“É um espetáculo para ver, ouvir, sentir e se emocionar. Ele aborda de forma lúdica a capacidade infinita, especialmente das crianças, de reinventar a realidade. E, sobretudo, em uma época de tantos estímulos para as crianças, acreditamos que sentar e escutar uma boa história ainda é a melhor diversão”, aposta Moira.

Moira Braga

Moira Braga é atriz, bailarina contemporânea, performer, consultora de audiodescrição em conteúdos artísticos, professora do curso técnico de bailarino contemporâneo na escola e faculdade Angel Vianna e mestranda em dança na Universidade Federal da Bahia. Possui dois trabalhos autorais: o livro, audiolivro e espetáculo Ventaneira, A cidade das flautas e a performance O que você vê?. É bailarina da Pulsar CIA de Dança desde 2013. Atuou como bailarina intérprete dos espetáculos Indefinidamente IndivisívelPor trás da cor dos olhos e bailarina-intérprete-criadora de Nas vizinhanças de Renata. No teatro, é preparadora corporal de elenco, já fez assistência de dramaturgia e assistência de direção. Em 2016, estreou como atriz fazendo o seu primeiro espetáculo adulto, Volúpia da Cegueira, com direção de Alexandre Lino. Desde 2019, é preparadora corporal do coral Sidney Marzullo, composto por 24 cantores, todos com deficiência visual. No audiovisual, atuou no curta Cicatriz, de Jessica Barbosa, e no longa Prazer Casa 08, de Ekatala Keller. Em 2020, participou do projeto Identidades, realizado pela Palavra Z Produções, convidando artistas com deficiência para falar de seus trabalhos através de lives no Instagram. Fez a direção de movimento do musical O Pescador e a estrela, com direção geral de Karen Acioly; colaborou no processo criativo da performance Ovo.Lar, de Violeta Vilas Boas, contemplada pelo edital da Funarte. Apresentou a performance O que você vê?, na versão on-line, no Festival Corpos Plurais, além de participar de vários eventos nas plataformas digitais como artista e debatedora dos temas arte e acessibilidade.

Temporada: de 26 a 29 de março de 2021

Horário: 18h

Exibição online: www.youtube.com/palavraz

Duração: 30min

Ingresso: acesso gratuito

Classificação indicativa: livre
*Ao final de cada sessão, haverá um bate-papo entre Moira e integrantes da equipe criativa do espetáculo, além de convidados especiais:

Dia 26 (sexta), às 18h30: Corporeidade e infância – Moira Braga e as convidadas especiais Duda Maia (Diretora Teatral)e Márcia Feijó (Mestra em Educação)

Dia 27 (sáb), às 18h30: Acessibilidade – Moira BragaNara Monteiro Jadson Abraão

Dia 28 (dom), às 18h30: Arte Visual e Sonora – Moira BragaCarol D’Ávila Ayara Mendo

Dia 29 (seg), às 18h30: Direção e Fotografia – Moira BragaRai Junior Luciano Xavier

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