“A MENINA DO KUNG FU” na Casa de Cultura Laura Alvim
É desde pequeno que o ser humano desenvolve a empatia e aprende a interagir com as pessoas. E são muitos tipos de pessoas – todas diferentes entre si. Respeito e compreensão fazem parte desse processo. Por isso, uma ótima opção para os pais que desejam ver seus filhos desempenhando um importante papel no mundo é levá-los para assistir ao divertido espetáculo infanto-juvenil “A menina do kung fu”, que volta para sua terceira temporada no Rio de Janeiro, agora na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema. Entre os dias 3 e 24 de novembro, a peça estará em cartaz aos sábados e domingos, às 16h, com ingressos a R$30 (inteira) e R$15 (meia), com entrada gratuita para pessoas com deficiência.
Em duas sessões, dias 3 e 24 – o primeiro e o último dia da temporada –, o espetáculo contará com medidas de acessibilidade, audiodescrição e intérpretes de Libras, garantindo a acessibilidade de crianças e adultos com deficiência visual e auditiva. Este benefício é oferecido graças a uma parceria com a Escola de Gente – Comunicação em Inclusão, que acaba de lançar o aplicativo “Vem CA – Cultura Acessível”, ferramenta gratuita que destaca museus, peças de teatro, festivais gastronômicos, cinemas, circos, bibliotecas e outras atividades que oferecem recursos de acessibilidade em todo o país. E “A menina do kung fu” está no aplicativo, claro!
“A menina do kung fu” fala de uma garota cega, de nove anos, decidida a aprender a tradicional arte marcial chinesa. Além de contribuir para o desenvolvimento do diálogo entre as crianças, com ou sem deficiência, a peça estimula os pequenos e pequenas a correrem atrás de seus sonhos e direitos. Não à toa, o espetáculo fez muito sucesso em suas duas primeiras temporadas.
Em julho, na primeira temporada, no Teatro Ipanema, a história da personagem Belinha emocionou as crianças e seus pais. Na estreia, por coincidência, havia na plateia uma menina também chamada Belinha e cega. Ao final da sessão, ela estava radiante com a experiência de ter “assistido” ao espetáculo graças à audiodescrição. Ela confessou uma total identificação com a personagem, falando de todos os percalços que passa na vida, a exemplo dos encenados na peça. Outra pessoa bastante feliz com a experiência foi sua mãe, que pôde proporcionar um evento cultural e divertido para ela. Sinal da importância do texto de Diego Molina em favor da inclusão, da luta pelo direito das pessoas com deficiência e pelo fim dos preconceitos contra as minorias.
Com temas como bullying, inclusão e empoderamento feminino, o texto de Molina foi supervisionado por Bosco Brasil, e a montagem teve direção dividida entre Carolina Godinho e o próprio Molina. No elenco, estão Monique Vaillé, Fábio Nunes, Janaína Brasil, Victor Albuquerque e Jorge Neves.
“O espetáculo é, acima de tudo, um exemplo de superação e de incentivo à inclusão”, observa o crítico teatral Gilberto Bartholo, para quem a produção é merecedora de elogios. “Confiram este espetáculo que é para crianças de todas as idades, inclusive as que habitam em vocês – pais, tios, avós, padrinhos…”, empolga-se o crítico do blog O teatro me representa.
A peça:
A montagem – livre para todos os públicos, porém mais voltada para os jovens entre 6 a 12 anos e seus pais – conta a história de Belinha, menina de 9 anos, cega, que se matricula numa academia de kung fu. Logo no primeiro dia de aula, ela tem de encarar a desconfiança da turma e da professora, além das peripécias de Pedroca e seus amigos, que adoram fazer bullying. Dá para imaginar quantos desafios a personagem encara, não dá?
Desafios no palco, desafios na vida:
Também foi um grande desafio escrever e montar a peça sem patrocínio, só contando com instituições e pessoas que acreditaram no projeto e aceitaram participar dele sem nenhum tipo de remuneração, ou que contribuíram, via crowdfunding, para os serviços de acessibilidade. Afinal, não basta falar de inclusão. É preciso incluir. Assim, crianças com deficiência auditiva e visual podem fruir o espetáculo.
Como surgiu a ideia:
Diego Molina escreveu o texto em 2010, quando ainda fazia parte do grupo Os inclusos e os sisos, da Escola de Gente, e se utilizou de diversas aulas e capacitações para realizar o desejo de escrever uma peça infanto-juvenil que unia Inclusão e acessibilidade. Criou o texto justamente para tratar do assunto deficiência diretamente com a criança e seus pais. Porque, “apesar de pessoas com deficiência sempre terem existido (e sempre existirão), a inclusão é uma palavra extremamente contemporânea, ainda bastante complicada para a maioria das pessoas”, observa Molina. E por que falar dessas questões agora? “Porque simplesmente queremos dizer as coisas propostas pelo texto”, explica o autor.
“A menina do kung fu” fala mesmo é de gente – de todos os tipos, problemas, deficiências e limitações. “As relações humanas sempre serão uma pauta atual, e é disso que a peça fala: de construirmos um mundo onde as pessoas se relacionem melhor. E, quando falo em ‘pessoas’, falo de todos os tipos”, conclui Molina.
É isso! A beleza do ser humano é sermos todos diferentes e em busca de direitos iguais. Afinal de contas, somos todos gente!
“… Gente é muito bom, gente deve ser o bom… Tem de se cuidar, de se respeitar o bom…” (Caetano Veloso em “Gente”)
Sobre Diego Molina:
Dramaturgo, roteirista, diretor, ator, cenógrafo e professor. Mestre em Teatro pela UNIRIO.
Trabalhos como autor em teatro: “A menina do kung fu” (infantil); “Pequenos poderes”, “Os trabalhadores do mar” (adaptação), “O espião que nós amamos” (inédito, com Bosco Brasil), “Woody Allen não se encontra” (inédito), “Ninguém mais vai ser bonzinho”, “Fabulamente” (monólogo), além de diversos esquetes, escritos também para o coletivo Clube da Cena e para o site Drama Diário.
É autor dos livros “Cena Impressa 1 e 2” e “Teatro Duse: o primeiro teatro-laboratório do Brasil”. Ganhou o Prêmio Shell 2012 na Categoria Especial, com a Cia. Alfândega 88, pela ocupação do Teatro Serrador. Foi indicado ao Prêmio Faz Diferença 2010 com grupo Os inclusos e os sisos pelo trabalho em prol da inclusão.
Dirigiu espetáculos como: “Ela é meu marido”, “Quando ia me esquecendo de você”, “Radiofonias Brasileiras”, “War”, “Bette Davis e a máquina de Coca-Cola”, “Joaquim e as estrelas” e “Fabulamente – Monólogo com Tatá Werneck.
Deu aulas de dramaturgia na CAL, SBAT, PUC Rio, Midrash Cultural, Biblioteca Parque e em diversas unidades do SESC pelo país.
Escreve para o programa “Zorra”, indicado ao Emmy Internacional, e “A gente riu assim – Retrô de humor”, ambos da Rede Globo. Foi colaborador dos programas “Noite de arrepiar” e “Casamento blindado” (Record), “Domingão do Faustão” (Globo), “Comédia MTV”, “Sem análise” (Multishow) e do seriado “Dependentes” (com Bosco Brasil). Escreveu ainda o curta-metragem “Vice e versa”, vencedor do prêmio de melhor comédia no Festival Claro Curtas 2008, e o longa-metragem “Floresta profunda” (com Bosco Brasil e Fidelys Fraga).
Foi jurado do Prêmio Zilka Sallaberry de teatro para infância e juventude entre 2015 e 2018.n
A menina do kung fu
Local: Casa de Cultura Laura Alvim – um espaço da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa/FUNARJ
Endereço: Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema
Temporada: de 3 a 24 de novembro
Sábados e domingos, às 16h
Ingressos: R$ 30 (inteira) / R$ 15 (meia) – entrada gratuita para pessoas com deficiência
Classificação indicativa: livre
Sessões com acessibilidade na comunicação (audiodescrição e intérpretes de libras) nos dias 3 e 24.