Adriana Passos dedica CD ao samba de sua família
Trazendo, literalmente, o samba na veia, a carioca Adriana Passos foi criada na tradição do samba, desde muito cedo, participando das rodas caseiras promovidas por seu pai, Aldo Passos, também compositor e parceiro. E herdando também a ginga sambista de seu avô, Arnaldo Passos, um dos expoentes de sua geração, compondo ao lado de Geraldo Pereira, Monsueto e Luis Vieira. Foi buscando exatamente resgatar sua obra – foi autor de “Mora na Filosofia”, “Menino de Braçanã”, “Escurinha”, “Samba Bom” e tantos outros sucessos cantados e gravados ainda hoje – que a cantora lança seu novo trabalho, o CD “Sal do Samba”, incluindo também composições próprias e inéditas de compositores que vem se destacando no atual cenário musical, como Adler São Luiz, Ednaldo Lima, Marco Jabú, Ricardo Mansur, Augusto Bapt e Rodrigo Braga.
Contando com a participação especial de Moyses Marques, o CD “Sal do Samba” reúne ritmos como côco, tambor de Criôla e jongo ao samba tradicional de Arnaldo Passos, com o frescor da renovação e espiritualidade, tão caro a Adriana Passos. O passeio pela obra do avô começa já em “Mora na Filosofia”, samba canção que o consagrou na música brasileira, composto ao lado de Monsueto, um sucesso de 1952 cantado por Caetano Veloso, Maria Bethânia e muitos outros. “Escurinha”, “Samba bom” e “Boca rica”, sambas genuínos do estilo da época, foram parcerias de Arnaldo Passos com Geraldo Pereira, odes à boemia, à malandragem e ao romantismo daquela geração. Outra parceria com Geraldo Pereira, “Ministério da Economia” aborda a criação do ministério da economia e a esperança de melhoria de vida para a população proletária brasileira, já bastante sofrida. Ainda no espírito do resgate e da tradição, a cantora dá novos contornos cânticos a “Mais que Saudade”, sua primeira parceria com seu pai, Aldo, um samba canção sobre um amor antigo. A trip hereditária é retomada em “Saravá”, segunda composição da cantora com seu pai, e concluída, posteriormente, já falecido, com Ricardo Moreno.
A jornada musical pula o muro da genética com “Bateu Tambô”, primeira música gravada profissionalmente por Adriana Passos, na época como backing vocal, para o maranhense Adler São Luis. Dos parceiros Marco Jabu e Ricardo Mansur, “Lôco de Côco” narra uma lenda baiana composta em ritmo de côco. Já “Dona Maria”, composição do percussionista Eurico Zen, parceiro de longa data, ganha o registro tipicamente de uma música ribeirinha brasileira. De sua própria autoria, a cantora canta em “Nação” a luta e o desafio de ser brasileiro, com honestidade, desejando uma verdadeira transformação. Jongo de Augusto Bapt e Rodrigo Braba, parceiros da extinta banda CAIXA PRETA, “Cachanga Rosa” foi cantada por Adriana pela primeira vez ao lado de Seu Jorge, na inauguração do hoje famoso palco carnavalesco dos Arcos da Lapa. O disco ganha pincelada final com “Xodó de Mãe”, música cedida por Dudu Nobre, aqui igualmente muito bem executada pela mesma banda que o acompanha.
Adriana Passos
Talento precoce, aos 18 anos Adriana Passos já era atriz formada pela CAL – CASA DE ARTES DE LARANJEIRAS – e participou da “Companhia de Menestréis” de Oswaldo Montenegroonde atuou como cantora e atriz por três anos. Decidindo-se pela música, formou-se pela UNI-RIO e ganhou as noites no eixo – Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Bahia, até partir para uma turnê de três anos pelos EUA – Miami, Boston e Nova York.
De volta ao Brasil mergulha na essência rítmica da nossa música, participando ativamente do movimento de resistência cultural da Pedra do Sal nos anos 2000 – O Sal do Samba. Acompanhada pelo Grupo Panela de Barro, Adriana se junta a grandes sambistas, como Camunguelo, Velha Guarda da Portela, Monarco e a madrinha Beth Carvalho reconquistando o tradicional espaço da cultura carioca.
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