BISCOITO FINO-Projeto que celebra o Movimento Modernista reúne Maria Bethânia, Gal Costa, Arnaldo Antunes, Liniker e Leci Brandão, entre outros artistas
Ouça o álbum: https://orcd.co/biscoitofino
Por mais que o Brasil pareça querer andar para trás em certos momentos, o país é uma usina criativa com talentos que buscam a novidade e a ousadia. Uma tendência captada pela Semana de Arte Moderna, ocorrida em São Paulo em 1922 e que até hoje ecoa em várias expressões artísticas. Quando Oswald de Andrade, um dos papas do modernismo nacional, afirmou que a massa ainda comeria o biscoito fino que ele fabricava, ele sintetizou a vontade de que o povo tenha direito ao melhor. Como já disseram os Titãs, “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”.
O álbum Biscoito Fino, que chegou no dia 26 de maio às plataformas de música, parte do princípio do modernismo e da frase de Oswald para mostrar, em pleno 2023, a potência e a qualidade artística brasileira por meio de um repertório plural que conta um pouco da nossa história do século 20 até os dias de hoje. Não é coincidência que o projeto saia pela gravadora que também utiliza a expressão cunhada por Oswald – a Biscoito Fino -, que nos últimos 23 anos vem colocando no mercado projetos de alto valor cultural.
Biscoito Fino, o disco, tem um elenco estelar e privilegia a mistura de gerações, o que já havia sido anunciado nas duas faixas lançadas previamente, com os encontros de Gal Costa (sua última gravação em estúdio) e Marina Sena em Para Lennon e McCartney e Illy e Luiz Caldas em A Vida do Viajante. Agora, o público poderá ouvir duetos de Maria Bethânia e Chico Chico (Em Nome de Deus), Anelis Assumpção e Lenine (Fico Louco), Arnaldo Antunes e Luedji Luna (Sentado à Beira do Caminho), entre outros.
Com direção artística de Ana Basbaum, direção musical de Guilherme Kastrup e curadoria de repertório de Basbaum e Renato Vieira, o álbum Biscoito Fino é uma celebração à música brasileira. A capa, assinada por Ricardo Basbaum, parte do conceito da antropofagia, tão caro aos modernistas, estabelecendo uma conexão entre “biscoitos finos” feitos por uma elite cultural e a toalha de renda, que remete a um artesanato do interior do Brasil.
Não por acaso, o disco é aberto com Geleia Geral, clássico de Gilberto Gil e Torquato Neto, lançado no histórico álbum Tropicália (1968), reunindo quatro grandes nomes da música brasileira contemporânea: Assucena, Liniker, Letrux e Josyara. Há a lembrança do que veio antes e que fez parte da nossa História, mas por um filtro novo que também simboliza aquela geleia geral apontada pelos tropicalistas há 55 anos.
O repertório ainda reverencia outros nomes fundamentais da MPB, como Chico Buarque (“Deus Lhe Pague”, interpretada pelo trio Metá Metá, Bia Ferreira e Brisa Flow, aparece em versão revista e ampliada), Dorival Caymmi (“Sargaço Mar”, com Arrigo Barnabé e Negro Leo), Caetano Veloso (a recente “Sem Samba não Dá”, interpretada por Criolo e Jards Macalé) e até mesmo João Gilberto (o medley que junta “Bim Bom” e “Hô-Bá-Lá-Lá”), reunindo Lucas Nunes, Dora Morelembaum e Jorge Mautner).F
As faixas do álbum:
1) Geleia Geral – (Gilberto Gil/Torquato Neto) – com Assucena, Liniker, Letrux e Josyara
2) Bim Bom/Hô-Bá-Lá-Lá (João Gilberto) – com Lucas Nunes, Dora Morelembaum e Jorge Mautner
3) Sem Samba Não Dá (Caetano Veloso) – com Jards Macalé e Criolo
4) Aquarela Brasileira (Silas de Oliveira) – com Leci Brandão, Edgar, Rodrigo Campos e Jonathan Ferr. Música incidental: Um Pedaço de Amor (MC Edgar)
5) Deus Lhe Pague (Chico Buarque) – com Metá Metá, Bia Ferreira e Brisa Flow
6) Para Lennon e McCartney (Lô Borges/Marcio Borges/Fernando Brant) – com Gal Costa e Marina Sena
7) Sargaço Mar (Dorival Caymmi) – com Arrigo Barnabé e Negro Leo
8)Água e Vinho (Egberto Gismonti/Geraldo Carneiro) – com Bianca Gismonti
9)Coisa Nº 5 (Moacir Santos)/Honra ao Rei (Letieres Leite)/Dança (Bachianas Brasileiras n 4) (Heitor Villa-Lobos) – com Duo Gisbranco e Kastrup
10) Em Nome de Deus (Sérgio Sampaio) – com Maria Bethânia e Chico Chico
11) Fim de Caso (Dolores Duran)/Eu Sei de Cor (Danillo Davilla/ Elcio di Carvalho/ Lari Ferreira/ Junior Pepato) – com Zélia Duncan e Letícia Soares
12) Sentado à Beira do Caminho (Roberto e Erasmo Carlos) – com Luedji Luna e Arnaldo Antunes
13) A Vida do Viajante (Luiz Gonzaga e Hervé Cordovil) – com Luiz Caldas e Illy
14) Fico Louco (Itamar Assumpção) – com Lenine e Anelis Assumpção
Ficha técnica
Direção Artística: Ana Basbaum
Direção Musical: Guilherme Kastrup
Curadoria de Repertório: Ana Basbaum e Renato Vieira
Capa: Ricardo Basbaum