CAPITAL INICIAL promove emocionante encontro de gerações

Capitalllllll

Podemos dizer com propriedade que o CAPITAL INICIAL é a banda mais bem sucedida do Brasil! E para isso, temos dados muito expressivos durante toda a sua trajetória. Primeiramente, que outro grupo teve uma segunda oportunidade de voltar ao topo e aproveitou-a brilhantemente, sendo mais incessado ainda do que quando despontou fortemente com outras bandas de Brasília nos anos 80??? O hoje considerado clássico disco de estreia da banda (estourou em 1986), onde as principais canções que obtiveram destaque radiofônico (“Música Urbana”“Fátima”“Veraneio Vascaina”), tinham letras de Renato Russo e faziam parte do repertório da seminal ABORTO ELÉTRICO. Quando os integrantes se dividiram e nasceu a LEGIÃO URBANA e o CAPITAL INICIAL, as canções foram repartidas entre as duas bandas.

Sucesso garantido, aparições nos principais programas televisivos, altíssimas vendas, mais faltava a consolidação do segundo disco. Enquanto a LEGIÃO URBANA, continuava com o esmero das letras geniais de Renato, e a química musical entre os integrantes funcionava cada vez mais, o CAPITAL entrou em crise de identidade. Se sentiram pressionados a compor outro grande sucesso em tão pouco tempo após o apogeu, e chamaram o produtor, tecladista e arranjador, Bozo Barreti (que já tinha produzido o debut de estreia), para os “socorrer”, fazendo também parte do grupo.

 O disco seguinte “Independência”, tem ótimos momentos, como a faixa-título, mas daí em diante, Bozo tomou cada vez mais a frente do processo criativo, incorporando sintetizadores abruptamente, e o que se percebia claramente, era uma banda acenando cada vez mais para o pop. E sem ter uma personalidade definida. Resultado previsível, se separaram nos anos 90, com o vocalista Dinho Ouro-Preto cada vez mais afundado no uso de drogas e tentando uma carreira solo (com flerte de música eletrônica) que nunca chegou a decolar, e o restante da banda lançando um disco com outro cantor, que felizmente ninguém se lembra mais de ambos, de tão desastroso que foi o resultado.

Resolveram se unir novamente no final da década e lançaram o muito bem avaliado pela crítica “Atrás dos Olhos” (1998), dando uma evidência novamente ao grupo, a ponto de serem chamados para o extremamente bem sucedido projeto na época, “Acústico MTV”. E com certeza nem o mais ardoroso fã (e até os próprios integrantes) poderiam imaginar o sucesso alcançado por esse disco. Repercussão essa que fez o grupo se manter no topo até os dias de hoje, com uma sucessão de ótimos álbuns lançados posteriormente, como “Rosas e Vinho Tinto” (2003), “Especial Aborto Elétrico” (2005) “Das Kapital”, (2010), “Saturno” (2012), e o atual “Viva a Revolução”.

Outros fatores também corroboraram bastante para esse fenômeno. O grupo conseguiu dialogar muito bem com a geração dos anos 2000, dando uma atualizada em seu som, fazendo parcerias diversas em shows com as bandas que despontavam, e tendo um esmero especial com as baladas. O que se mostrou uma estratégia fundamental, afinal de contas era a geração EMO que estava no topo. Dinho com seu carisma, vitalidade e um ar meio “Peter Pan”, se tornou uma espécie de ídolo jovem, exatamente por conseguir transmitir esse espírito, e a identificação foi imediata!

E o que se viu nesse sábado (27/09), em um Citibank Hall lotado, foi a síntese absoluta desse resultado. Filhos acompanhando pais era a cena mais comum entre o público , e era comovente ver a cena de ambos abraçados, pulando e bradando os versos oitentistas de canções como “Fátima”“Independência”“Música Urbana”, os covers da LEGIÃO URBANA“Que País é Este”, e “Geração Coca-Cola”, e o de KIKO ZAMBIANCHI“Primeiros Erros”, que ficou MUITO mais conhecida pela versão do disco “Acústico MTV”, do CAPITAL.

A banda mostra gás e entrosamento, e joga no esquema do “vamos cantar juntinhos”, pois as baladas compuseram quase a metade do set-list.  Umas bem das antigas com acento folk, como “Fogo”, e “Belos e Malditos”, com as mais recebidas pela garotada e de refrão “pesadinho” e grudento, como “Depois da Meia-Noite”“Eu Nunca Disse Adeus”“Não olhe para trás”“O Lado Escuro da Lua”, e a nova, já cantada na ponta da língua por todos, “Melhor do que Ontem”, entre outras.

 Vale destacar rockões vigorosos memoráveis no repertório, que mereciam estar entre os clássicos da banda (bem mais do que as muitas baladas), como a política “O Cristo Redentor”, as soturnas “O Bem, o Mal e O Indiferente”, e “Tarde Demais”, do disco novo, que aliás, funcionou muito bem ao vivo.

Vamos a mais um questionamento… Que outra banda comemora 30 anos de carreira no Brasil, possuindo uma audiência com a maioria de adolescentes em seus shows??? Os integrantes parecem perceber isso, e suam a camisa para proporcionar um grande espetáculo. A cozinha formada pelos irmãos Lemos, é uma das melhores do Brasil. E Yves Passarel, já sabemos que é um grande instrumentista desde os tempos que integrava a banda de metal VIPER, nos anos 80. Os músicos de apoio, Robledo Silva (teclados e violões), e Fabiano Carelli (guitarra e violões) também são ótimos, e completam o time de forma exemplar.

E Dinho, parece ter ainda mais a consciência desse contexto histórico, e expressa a felicidade em pessoa! Os agradecimentos, pulos, e sorrisos são tantos, que temos a impressão que não quer sair do palco, mais sim, continuar a receber toda aquela energia emanada eternamente.

O fato de ter sido jurado no programa “Superstar”, da Rede Globo, parece só ter aumentado a sua popularidade. E realmente é para poucos ser chamado de lindo e gostoso durante todo o show, por meninas que poderiam ser suas… Filhas? Netas? Possivelmente, já que completou 50 anos. E depois do grave acidente sofrido em um show, em 2009, vê-lo tão bem fisicamente, é realmente tocante. E independente de tudo citado anteriormente, é um dos maiores “front-mans” do rock’n’roll, com certeza!

Depois de duas horas e quinze de show, o final com a versão de “Otherside”, do RED HOT CHILLI PEPPERS, aclamação total, e o CAPITAL INICIAL se reafirma com um dos melhores shows do Brasil, e totalmente antenado com a nova geração que desponta. Ponto!!!

Texto por Alessandro Iglesias

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