CD das escolas de samba de 2015 repete fórmula de sucesso e traz boas obras

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A LIESA colocou à venda o CD dos Sambas de Enredo 2015. Novamente os produtores repetem a fórmula adotada desde 2010, quando as agremiações gravam ao vivo na Cidade do Samba os hinos que vão embalar seus desfiles na Passarela do Samba. E também a excelente produção que fica a cargo do diretor artístico do disco e vice-presidente da Liga, Zacarias Siqueira de Oliveira, com arranjos dos maestros Alceu Maia e Jorge Cardoso e dos produtores Laíla, Mário Jorge Bruno e Luís Carlos Reis.

As faixas continuam “vivas”, dando uma sensação de que o ouvinte está próximo de um desfile de escola de samba realmente. Integrantes das agremiações gravaram o coro e realçaram ainda mais o efeito ao vivo que tanto a produção exalta como diferencial. As obras em si ajudam bastante, haja vista que a safra do próximo ano traz bons momentos e cantores que fazem o álbum repetir grandes momentos como 1989, onde vendeu mais de um milhão de cópias. A única ressalva fica quanto ao andamento das baterias. As baterias estão um pouco aceleradas e isso torna o CD cansativo para quem compra o CD para apreciar mas não é folião. A arte das capas e internas também são boas, sem muito requinte e apenas para estabelecer a comunicação com seu público.

Unidos da Tijuca – A campeã do carnaval 2014 repete a estratégia dos sambas apresentados nos últimos anos. Letras dentro do enredo e melodia que cai bem a proposta da escola: São os chamados “sambas funcionais”. O desempenho do excelente Tinga e seu timbre característico, junto a um show da bateria tijucana fazem com que seja uma faixa de boa audição.

Salgueiro – Ao contrário do ano passado quanto tinha um dos melhores sambas do ano, em 2015 a vice-campeã derrapou no quesito. A obra deixa a desejar quanto a “explosão” característica das suas obras de outros tempos. Apesar da letra estar de acordo com o que os carnavalescos esperavam, a melodia não é do mesmo nível. Serginho do Porto e Leonardo Bessa tiveram um bom desempenho, como sempre.

Portela – Outra vez a escola de Madureira tem um dos melhores sambas do carnaval. Malandro e cheio de ginga, a obra pega o ouvinte de primeira e teve uma gravação primorosa dos intérpretes Wantuir e Wander Pires. O refrão principal é um dos mais empolgantes do ano.

União da Ilha – Depois de voltar no Desfile das Campeãs após 20 anos, a escola apostou na fórmula de um samba com dois refrões fáceis e que se comunique com a plateia. Letra simples, mas totalmente descritiva quanto ao enredo, Ito Melodia dá uma cara toda própria a obra e mostra seu bom momento entre os melhores cantores do samba.

Imperatriz – Agora sob os cuidados vocais do consagrado Nêgo, a escola de Ramos levará para a Sapucaí uma das melhores obras de 2015. Letra forte e com bastante poesia fazem do samba um apelo que comove não só quem desfila, mas também quem assiste.

Grande Rio – O refrão do samba já é uma descrição do hino da agremiação da Baixada Fluminense: Malandreado e cheio de ginga. A escola traz uma obra que tem além de uma melodia deliciosa, uma letra que cai muito bem a um enredo complexo, que é sobre as Cartas.

Beija-Flor – Apostando em sua fórmula tradicional e que lhe rendeu seis títulos nos últimos anos, a escola nilopolitana buscou na Guiné Equatorial um jeito particular de falar de África. Longe de todo lugar comum religioso e escravocrata, a letra do samba dá o tom do que será o enredo. Com uma melodia muito boa e versos inspirados, a agremiação mais uma vez terá Neguinho da Beija-Flor entoando uma das melhores obras do ano.

Mangueira – A tradicional verde e rosa levará um enredo que narra as diversas faces femininas. E como de praxe, rendeu a elas um bom samba. Com versos diretos e melodia valente, a Estação Primeira faz valer da sua força de canto e harmonia na obra de 2015.

Mocidade – Sem repetir o excepcional samba do carnaval anterior, a agremiação da Zona Oeste apostou em uma obra de fácil assimilação e bastante apelo popular. O enredo que pergunta sobre o que faríamos com apenas um dia antes do fim do mundo, bem verdade, não rendeu boas sacadas. Mas a característica antiga na escola, os versos simples e curtos estão de volta, tudo para casar comunidade, arquibancada e bateria.

Vila Isabel – Misturando erudito e popular, a Vila levará um samba muito bonito para o carnaval de 2015. Com letra bastante inspirada e melodia que até faz uma menção a “O Guarani”, de Carlos Gomes, é uma aposta bastante ousada da escola, já que não tem um apelo popular forte e que suplanta isso com muita qualidade.

São Clemente – Homenageando Fernando Pamplona, considerado “o pai dos carnavalescos”, a agremiação de Botafogo investiu num samba que misturasse a categoria poética que o homenageado sempre cobrava, com a leveza e identidade popular que são marcas da escola. O excelente intérprete Igor Sorriso novamente se destaca no CD.

Viradouro – Um samba que já nasce antológico não precisa de muita descrição. A escola de Niterói mesclou duas das mais importantes e belas músicas de Luiz Carlos da Vila para não só homenageá-lo, como fazer um traçado sobre a história de resistência negra no Brasil. O melhor samba do ano.

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