Com som alternativo, ‘The Getaway’ mantém o Red Hot Chili Peppers diferente de tudo
Eles voltaram! Os Red Hot Chili Peppers lançaram no último dia 17 o seu mais novo trabalho, “The Getaway“. Após cinco anos de um álbum anterior muito bem recebido pela crítica e público, o excelente “I’m With You”, os californianos novamente entraram em estúdio sem Frusciante, um dos ícones da banda, mas produzido por Danger Mouse. É o primeiro álbum desde “Mother’s Milk”, de 1989, a não ser produzido por Rick Rubin. E essa diversidade de mentes e ideias que tanto semeou o campo fértil de milhões de fãs pelo mundo aparece de novo.
Josh parece incorporado de vez aos parceiros. Se não tem tantos riffs marcantes e que nos fazem identificar cada faixa, é tudo muito bem feito. Repetindo a utilização de diversos arranjos e estilos, os Red Hot se afirmaram como uma das bandas mais originais da cena musical a partir dos anos 80. E a sua principal identidade está no novo disco. Tem piano, sintetizador, funk, batidas soul… tem cara de Chili Peppers com dedo britânico, já que contou com a mixagem de Nigel Godrich, dos álbuns do Radiohead. Desta vez tem até Elton John, em “Sick Love”.
O trabalho é aberto com a faixa que dá nome ao CD. Reflexiva, tem um cartão de visitas e tanto. “Dark Necessities”, single divulgado há alguns meses com bastante aceitação positiva, tem a marca do grupo: com diferentes estilos e arranjos numa sonoridade tão original, que jamais poderia ser feito por outra banda. “We Turn Red” mantém a pegada, com a bateria do Chad fazendo um funk que trilha a canção inteira.
Em seguida duas baladas, “The Longest Wave” e “Goodbye Angels“, que misturam a forma rimada de cantar com versos mais suaves. Ela prepara para “Sick Love”, que tem até sintetizadores fazendo um pano de fundo incrível para uma das melhores músicas do álbum. Produção impecável e letra original. “Go Robot”, a próxima, já mostra o quanto mutáveis Kiedis e turma são. Com uma pegada anos 80, a canção tem até alguns back vocals que dão um charme especial.
“Feasting on the Flowers” e “Detroit” mantém a sonoridade em alta com letras que viajam pela forma característica do grupo de compor, misturado ao som dos baixos do Flea. Quase psicodélico. “This Ticonderoga” flerta com o hard rock, mas logo cai no mesmo caminho do álbum. É uma das boas passagens e candidatas a single. “Encore” volta ao ritmo das baladas. Ela é seguida por “The Hunter”, que usa novamente os sintetizadores para explorar tudo o que for possível.
“Dreams Of a Samurai” encerra o disco como se fosse um resumo do grupo: Começa com piano, passa para a batida rock/funk/soul com Anthony cantando ritmado, fechando com uma pegada forte de rock. É para não deixar dúvidas: Num mercado cada vez mais igual e pasteurizado, os Red Hot Chili Peppers continuam apimentando os ouvidos de quem procura boa música.