Com versos fortes, Demi Lovato expõe talento vocal em seu novo álbum “Tell Me You Love Me”
Um dos discos mais esperados dessa temporada finalmente chegou. Demi Lovato lançou seu novo trabalho, “Tell Me You Love Me”, nesta sexta-feira, 29. O álbum conta com 12 faixas inéditas, incluindo os singles já lançados “Sorry Not Sorry”, “You Don’t Do It For Me Anymore”, “Sexy Dirty Love” e a faixa título “Tell Me You Love Me”. A versão Deluxe conta com mais três faixas, sendo elas duas versões acústicas e a canção “Instruction”, parceria de Stefflon Don com Demi.
Lançado pelas gravadoras Hollywood Records, Island Records e Safehouse Records este é o sexto de estúdio da Lovato. Das 15 faixas, já incluindo a versão completa, apenas duas canções não foram compostas em parceria com a cantora, a que dá nome ao disco e “Lonely”. Uma das maiores abordagens negativas dos críticos e analistas atualmente é quanto o peso vocal que algumas cantoras dão em estúdio mas não acontecem ao vivo. É o que vulgarmente chamam de “excesso de auto tune”. Mas não deve ser com Demi desta vez. Suas interpretações são fortes e soam honestamente originais. Há sinceridade e talento nas notas cantadas.
Voz sóbria e poderosa: o segredo do novo álbum
Demi é uma das vozes mais privilegiadas da cena pop atual. E novamente isso ganha destaque nesse novo álbum, onde a mixagem e produção enfatizaram bem a sua capacidade vocal de alcançar timbres e tons muito característicos. Até em alguns momentos, agradáveis. Em canções, como a própria “Tell Me You Love Me”, lembra as grandes cantoras de música gospel ou da fantástica cultura negra americana. Não é de se estranhar que haja uma forte pegada de peso no R&B e na soul music no trabalho, sem fugir às tradicionais firulas eletrônicas mercantis que dominam o mercado fonográfico atual.
Em temática, a estrela dispara para todos os lados. De ex-namorados até a conhecidos, há uma cara de vingança e desprezo nos versos. O disco abre com “Sorry Not Sorry”, que tem uma agitação maior e muitas batidas eletrônicas. E o refrão chiclete, com o beatbox ao fundo, é um dos candidatos a sucesso. Na letra, começa, como dizem os jovens nas redes sociais, “as pisadas”: “Agora estou aqui com cara de vingança / Me sentindo incrível, o melhor que já estive / E sim, sei o quanto deve doer me ver assim”.
Na seguinte, que leva o nome do CD, a mais linda interpretação do lançamento. Como citamos acima, sua pegada R&B com algumas mirabolantes incursões digitais fizeram a canção muito forte. E justamente a que ela não ajudou a compor, aparece um ar de fragilidade na poesia, como “Eu errei” e “Estou arrependida”. Mas na que vem depois, volta a Demi ousada. Carregada de insinuações, a faixa tem toda característica pop. Apesar de boa, soa, às vezes, como algo que já ouvimos diversas vezes em qualquer outro disco do gênero.
“You Don’t Do It For Me Anymore” já abre com “Eu vejo o futuro sem você / O que diabos eu estava fazendo no passado?”. Mais uma vez a sua brilhante interpretação com uma batida suave nos leva a uma nostálgica sensação de algo do passado. Não à toa Lovato tenha dito recentemente que Aretha Franklin muito a inspirou nesse trabalho. Não que pareça, mas o foco na voz ao invés de outros elementos reforça seu talento.”Only Forever” também tem a mesma linha.
Já “Daddy Issues” é um caso oposto. Até pela letra explícita demais, como “I call you too much / You never pick up / Except when you wanna fuck” (“Eu te chamo demais, mas você nunca me pega, exceto quando quer transar). Se repete o formato na próxima, a “Ruin The Friendship”, e mais pra frente em “Games”. Em “Lonely”, com Lil Wayne, que pouco acrescenta, volta a sobriedade vocal e versos repletos de peso, como “Now I’m fucking lonely, and you didn’t want me” (“Agora estou me fodando sozinha e você não me queria”).
“Cry Baby” joga o álbum para um lado pop rock. Com riffs de guitarra e alguns sintetizadores, Demi força nos agudos. Mas a letra e melodia poucos inspiradas não ajudam. A acústica “Concentrate” soa sexy quando se ouve “Diga-me quando estará pronto e eu irei pintar seu corpo com meus lábios”. Novamente o R&B é forte na faixa. Encerrando o disco físico, “Hitchhiker” é mais uma que apresenta poucas aventuras eletrônicas e mais Demi Lovato. A balada romântica fecha com excelência o bom lançamento. Se ao vivo a cantora conseguir levar para os palcos a potência vocal apresentada, não precisará de muito para agradar gregos e troianos.
Classificação: Bom