Comemorando 50 anos de carreira, Scorpions mostra que seu veneno continua LETAL

Rita Lee nos anos 70 bradou um grito que ecoou nas rádios de todo o Brasil: “Quem é esseeeeee, esseeeeeee, esse tal de Rock’n’Roll”??? Hoje passados quase 40 anos desse questionamento, podemos dizer que é o segredo da longevidade, a fonte da eterna juventude. Os Rolling Stones já tinham mostrado isso no primeiro semestre desse ano, e ontem, o bardo alemão só reforçou essa lição.

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50 anos de carreira??? Apenas um número cabalístico… Se pegarmos QUALQUER apresentação antiga dos caras e rever, não veremos nenhuma diferença significativa. Talvez a dancinha indefectível de Klaus Meine tenha faltado, mas em compensação presenciamos sua VOZ INCRIVELMENTE INTACTA, nenhuma “baixada de tom” sequer.

Mas vamos logo aos detalhes do acontecimento de ontem (sábado, 10/09) em um METROPOLITAN lotado!!! Acho que ficou uma bela lição para a produtora organizadora do show: preços exorbitantes em um Brasil com crise, tendo vários shows sendo marcados em curto espaço de tempo, não dá mais… Aliás, finalmente, né? Muitas promoções foram feitas quando perceberam que as vendas estavam baixas. Mas felizmente tudo deu certo, o Scorpions merecia sua comemoração em grande estilo!

22h em ponto, mesmo com grande lentidão na entrada, o que deixou praticamente a metade do público sem ver o início do show, os “escorpiões” entraram em cena em um belíssimo palco com jogo de luzes e projeções incríveis! A canção “Going Out Whit a Bang” do último álbum só serviu de aquecimento para a sucessão de clássicos que veio depois: “Make it Real” (um dos melhores refrões palatáveis da banda”), “The Zoo” (sempre um acontecimento a parte com o solo Talk Box de Mathias Jabs) e a matadora instrumental “Coast to Coast”. Ufa!!!

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E a rampa que vinha acoplada ao palco, era um exercício de vitalidade para Rudolph Schenker, Mathias Jabs e o “novato” baixista Pawel Macioda (por mais q esteja na banda há “apenas” 12 anos) esbanjarem corridas ensandecidas, acompanhadas das tradicionais coreografias, marca registrada da banda e copiada por um “zilhão” de outras. Klaus estava mais concentrado na voz, e encantou a todos impressionantemente com seu maravilhoso timbre característico de outrora.

É anunciado um “pout-pourri” só com músicas dos anos 70, e tome “Top of the Bill”, “Steamrock Fever”, “Speedy’s Coming”, “Cath Your Train”, de uma tacada só. Obviamente que funcionou mais com os fãs “cabeça branca” da banda. Aliás, cinco décadas de trajetória fez com que famílias inteiras fossem ao Metropolitan sentirem juntas o “doce veneno do escorpião”. Tínhamos uma audiência extremamente heterogênea ao redor, proporcionando emocionante acolhida.

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E aí, vieram AS BALADAS! Muito do sucesso do grupo vem da sua habilidade em construir canções para se ouvir acompanhado,  em clima de romance. Nos anos 80 a irreverente banda paulistana “Língua de Trapo” já denunciava que “Os Metaleiros também amam”, e o Scorpions sempre foi o principal expoente disso. Tanto que dois de seus discos mais platinados foram “Moment of Glory” e o “Acoustica”, destinados a versões com orquestra e desplugadas desses calmos petardos respectivamente.

E tome música para cantar junto e beijar na boca: “Always Somewhere”, “Eye of the Storm”, “Send Me and Angel”. Detalhe era o violão Flyng V de Rudolph. Nem com som “amanciado”, abandona sua primordial marca registrada com o instrumento! Senti falta do hino “Holliday”, mas isso foi apenas um detalhe. Porque logo depois veio a canção que se tornou um símbolo da queda do muro de Berlim e um retumbante sucesso no mundo inteiro, “Wind of Changes”. Nossa, quase tivemos um “momento Freddie Mercury no Rock in Rio”, Klaus pouco precisou cantar.

Aliás, lembrando do icônico festival de 1985, quando a banda veio ao Brasil pela primeira vez, Meine repetiu o gesto depois de muitos agradecimentos ao Rio de Janeiro, e de puxar “Cidade Maravilhosa” para que todos cantassem em uníssono. Olha, a exemplo de 31 anos atrás, foi bem bonito, heim?

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Mas tivemos outras surpresas incríveis. O baterista dessa turnê é nada menos que Mickey Dee do Motorhead, e a homenagem ao saudoso Lemmy Kilmister com várias imagens projetadas enquanto a banda executava com raça o clássico “Overkill” dos caras, foi deveras emocionante. Logo em seguida o tradicional solo de bateria, onde o “diabo loiro” pode dar aula de primor e técnica, mostrando porque é um dos principais bateristas do estilo. Interessante ao fim do espetáculo percussivo, a projeção de todas as capas dos discos produzidos pela banda. História, MUITAAAAAA história!!!

E aí, TOMA PORRADA: “Dynamite”, “Blackout”, “No One Like You” e “Big City Nights”! Povo enlouquecido aos gritos de “Scorpions, Scorpions”, como se fosse um mantra do caos. Todos muito simpáticos e felizes com a acolhida, sem pressa para sair do palco. Muitas palhetas e baquetas arremessadas, autógrafos e apertos de mão. Os sorrisos freqüentes dos alemães durante toda a apresentação, denunciavam a felicidade com a explosiva acolhida da audiência roqueira. Era simplesmente uma troca de brutal energia.

Mas ainda tinha mais! O BIS, com os grandes arrasa quarteirões “Still Loving You” e “Rock You Like a Hurricane” só veio a coroar uma das grandes apresentações do ano na cidade. Show SENSACIONAL!!! E quanto ao CINQUENTA da turnê comemorativa, besteira, apenas um número. O Scorpions continua MATADOR como sempre. Esse é o tal do Rock’n’Roll gente. FOREVER YOUNG!

Texto de Alessandro Iglesias

Fotos de Daniel Croce

 

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