Confira entrevista exclusiva com Felipe Andreoli, baixista do Angra:

angra foto

 

Os anjos estão sorrindo!”

O Angra voltou com força total. Após diversos problemas, que culminaram com a saída do vocalista Edu Falaschi, a banda recrutou Fabio Lione (Rhapsody of Fire) em caráter provisório, gravou um DVD ao vivo com show feito em São Paulo, e se prepara para entrar em estúdio em 2014. Tomando fôlego para tanta atividade, conversamos com o baixista Felipe Andreoli, que junto a Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt (guitarras) e Ricardo Confessori (bateria), se preparam para mais um trabalho.

Inicialmente vamos falar sobre a apresentação do Angra no festival “LoudPark” no Japão. Como foi para vocês, como sentiram a resposta do público?

Felipe Andreoli – Cara ,foi muito bom, muito acima das expectativas. Como você sabe, o público japonês é bem tradicional, e essa mudança na formação do Angra no deixou cheios de expectativas. Mas quando viram o material que apresentamos , o impacto ao vivo que pudemos causar, foi demais. Acabou sendo um dos melhores shows que fizemos no ”LoudPark”, e olha que esta foi nossa terceira vez lá. Saímos cheios de confiança para o futuro.

Por sinal Fabio Lione (Rhapsody Of Fire) está se saindo muito bem como vocalista. Há chance de efetivá-lo? Já se falou sobre isso?

Já conversamos sobre isso, só não chegamos ainda para ele e dissemos “quer entrar de vez na banda?” (Risos). Tá tudo tão legal, ele casou muito bem conosco, que é algo para pensar. Porém, optamos por fazer algo sem pressão, sem pressa, até para o Fabio. Algo como um teste temporário, no qual temos tempo para ver olhar e analisar. Mas posso dizer que estamos muito felizes agora.

Eu não poderia deixar de perguntar sobre o show no Palco “Sunset” do Rock In Rio em 2011. O que você poderia falar sobre isso agora? Como a banda reage à velocidade das informações na internet, que faz com que as opiniões sejam dadas logo após o show e disponibilizadas no calor do momento?

O que posso dizer é que as pessoas reagiram ao que viram. Algumas críticas foram pesadas? Foram, nós também não gostamos do que aconteceu no show. Poderíamos falar só dos problemas técnicos, da transmissão pela internet, mas não somos hipócritas. Não foi um bom show, a transmissão mostra isso. O que posso dizer é que se esse show acontecesse hoje seria bem melhor, e te dou o exemplo do show que fizemos no Circo Voador. Cara… tinha gente chorando, a emoção era visível, no palco senti um clima que não rolava há anos. Algo fantástico.

Sobre a internet, cara… entendo quando o fã se expressa, mas eu gostaria muito que as pessoas observassem a diferença entre uma opinião embasada, de alguém que conhece a música, de uma opinião dada no calor de um momento não tão positivo. Entendo que internet iguala as opiniões do jornalista as do leigo, mas brigar contra isso seria brigar contra um gigante. Todos passam por isso, é coisa da arte.

Falando sobre o DVD, inicialmente pensou-se que vocês iriam homenagear o álbum “Angels Cry”, que comemora 20 anos de lançamento, mas optaram por algo mais amplo.

De fato pegamos esta oportunidade de homenagear o “Angels Cry”, não deixando passar em branco seus 20 anos, você pode notar que tocamos o álbum quase todo. Mas quisemos revisitar tudo, homenagear os 22 anos de carreira do Angra, tocando quase todo o repertório que podíamos. Com isso pudemos escolher as músicas que casam bem com o Fabio, e revisitar as que não saíram tão boas. É um tributo à banda Angra como um todo.

No DVD, a parte acústica acaba sendo um destaque. A banda já fez isso antes, e agora eternizou esse momento num registro. Como se deu essa escolha?

O Angra sempre fez “sets” acústicos, seja em “pocket shows” ou ocasiões especiais, ou até mesmo quando a estrutura não nos permitiu fazer um show completo. Nisso resolvemos incluir essa parte no DVD. As músicas do Angra permitem, já que começam sempre com voz e violão, e quando a música é boa, ela fica boa em qualquer formato. Foi também um momento muito legal do Kiko e do Rafa, que estão juntos a mais de 22 anos, e achei muito bom eles poderem ter essa oportunidade. Com certeza será um dos fatos mais comentados do evento.

O primeiro show do Fabio com o Angra foi no “70.000 Tons of Metal Cruise”. Como vocês veem essa ideia de fazer cruzeiros com shows, aonde o fã e o artista ficam muito próximos?

Cara… foi muito legal fazer. Fica um clima descontraído, um show leve, porque você sai do seu quarto com o baixo nas costas para ir para o palco, e cumprimenta os fãs no caminho. Há muito contato, você conhece gente muito legal e amigos de bandas. Fica um show mais agradável. E nesse caso foi muito importante porque era o nosso retorno depois de um período negro após o Rock In Rio 2011. O Edu Falaschi saiu, e esse retorno, no qual ficamos 5 dias meio que num cárcere privado (Risos) mostrou que o legado da banda vale a volta da mesma. O Fabio havia sido cogitado desde que o Andre Matos saiu. Com isso pudemos ensaiar, e ver que isso nos reanimava. Há muito a fazer com certeza, mas foi um começo positivo.

Houve boatos que formação clássica (com André Matos) se reuniria. Boatos que ganharam força quando o Viper se reuniu para uma turnê comemorativa. Como viram isso?

Normal. Todo artista ícone de seu estilo passará por isso. Depende da banda, do músico, mas acontece. Chegamos a contatar o Andre e chama-lo para a turnê, mas ele não mostrou interesse e acabou não acontecendo. Hoje eu posso dizer que isso não rolaria, já que o Fabio está conosco e está tudo muito bem. Mas é algo normal e eu entendo perfeitamente.

E como estão analisando o novo “management” da banda, a cargo da Toplink Music, na figura do Paulo Barón?

Muito bom. Estávamos mal no Rock In Rio. A banda não ia bem. Com ele recomeçamos 1000% melhor. Para você ter uma ideia, este DVD já vinha sendo planejado desde o show que fizemos com Kai Hansen, comemorando 14 anos de banda. Gravamos este show e não rolou. Com ele, fizemos muita coisa em pouco tempo. Viver de metal no Brasil é difícil, mas graças ao esforço dele hoje temos metas e objetivos claros. E vamos em frente.

E sobre o novo disco. O que pode adiantar? Sei que os dois álbuns anteriores do Angra (“Acqua” e “Aurora Consurgens), apesar de bons, geraram opiniões diversas, algumas influenciadas pelo momento que a banda vivia.

Estamos com um clima novo, muito positivo. Posso te dizer que nunca vivi um clima assim desde que me juntei ao Angra. Temos tempo de olhar tudo, o que deu errado no passado, e corrigir o que for necessário. Sobre os álbuns anteriores, sei que os fãs podem ser influenciados pelo momento que a banda vive, e entendo isso. Estou muito empolgado, sentimos que podemos fazer um puta disco com o Fabio. Não vou dizer o melhor da carreira, mas um grande trabalho.

Então o Fabio irá gravar o novo disco?

Sim, ele irá.

Acho isso muito positivo. O Fabio é um grande vocalista e com isso a banda fica com um espectro muito bom para explorar.

Cara… algo interessante a dizer. Quinze minutos depois do show no “LoudPark”, os caras nos entregaram um DVD com zilhões de câmeras e som tirado da mesa. Veja só, em quinze minutos nos deram um DVD pronto para ser lançado (risos). Nele o Fabio estava fantástico. Posso citar outro exemplo. Estávamos em Belo Horizonte (MG) e iríamos para Buenos Aires (Argentina) fazer um acústico numa rádio. Fomos ao segundo piso de um restaurante para ensaiar e o Fabio ficava sem jeito de soltar a voz, porque no clima acústico a voz dele que já é forte, encobre tudo. E a gente lá “Canta Fabio, Canta!”, e ele todo sem jeito (risos). Isso sem citar o DVD. Fabio é um cara que toma sua cervejinha e fuma seu cigarro antes do show, mas a voz dele não acaba. É impressionante. Ele não alcança os tons mais altos do Andre, mas faz um trabalho maravilhoso.

E sobre a turnê, quais são os planos?

Vamos fazer shows até dezembro, algumas atividades de mídia e divulgação do DVD, para em 2014 entrar em estúdio. Deveremos tocar em alguns festivais europeus, mas ano que vem a média de shows será menor. Só vamos voltar a toda forma quando fizermos a turnê do novo disco.

Felipe, obrigado pela entrevista e deixe uma mensagem aos fãs do Angra que irão visitar a Cult Magazine para ler o que estamos conversando.

Fica meu agradecimento por terem confiado na gente, por entenderem que a história do Angra é muito maior do que qualquer pessoa que passou ou esteja na banda. E quero agradecer aos cariocas pelo show no Circo Voador. MUITO OBRIGADO, vocês me proporcionaram um dos maiores shows da minha vida, isso valeu todo o esforço e é a mola mestra para continuarmos.

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