CRADLE OF FILTH e KRISIUN brilham em noite extrema no Circo Voador
As produtoras OnStage Agência & No Class Agency proporcionaram um GOLAÇO para os cariocas! Uma noite EXTREMA de tirar o chapéu, um bálsamo para os muitos admiradores do gênero na nossa cidade que está cada vez mais obscura e menos maravilhosa… Sonoridade perfeita para os tempos atuais! Mas vamos ao acontecimento em questão.
Sexta-Feira (25/05) noite quente, Circo Voador com bom público para presenciar o encontro dos nosso conterrâneos do DARK TOWER, os “gaúchos internacionais” do KRISIUN e a lenda CRADLE OF FILTH (pela primeira vez na cidade!). Mudanças na grade de horário, e o DARK TOWER que faria a abertura foi transferido para o fechamento, após o CRADLE. Acabou que infelizmente eles não fizeram o show, . O comunicado está na página oficial deles, para quem quiser saber detalhes do ocorrido. Uma grande pena… Gostaria muito de presenciar como o último e super bem recebido trabalho “Eight Spears”, se comporta no palco. Enfim!
E as 21:00, o “bicho começou a pegar”! E o que falar do KRISIUN? Nosso grande representante do Death Metal mundo afora com toda justiça, e que cada vez consegue nos surpreender AINDA MAIS! Vide o soberbo “Scourge of the Enthroned”, que com toda justiça, entrou na relação dos dez melhores álbuns de 2018, do CULT MAGAZINE. Realmente, o petardo é irrepreensível, sendo em minha modesta opinião, o melhor disco da carreira da banda. E o show??? A catarse de sempre!
Os “Coslene Brothers” fazem um dos shows mais arrasadores que temos notícias, em termos de brutalidade e técnica. E mais uma vez uma “hecatombe” acontece nos palcos do Circo Voador, é realmente incrível ver o trio gaúcho, impacta como se fosse a primeira vez! A audiência “se acabou” em intensidade, e o cover de “Ace of Spades” dedicado “ao maior frontman da história”, como homenageou Max, foi “matador”! E a humildade da banda no palco, só nos faz ter ainda mais admiração, a todo momento agradecem o público, dizendo que se sentem honrados em serem brasileiros e poderem tocar na cidade. Atitude nobre em tempos de extrema prepotência social pairando no ar.
E vamos a grande atração da noite,o CRADLE OF FILTH, FINALMENTE em sua primeira apresentação em nossa cidade. E com um belo presente a tira-colo, a turnê “Lustmord and Tourgasm”, em que a banda executa na íntegra o clássico “Cruelty and the Beast”, álbum consagrado de Black Metal, lançado em 1998.
O CRADLE foi MUITO popular por essas paragens na década seguinte, com seus clipes e sonoridade (basicamente Metal Extremo, mas com temas literários dos mais diversos, como vampirismo, erotismo, mitologia e filmes de terror) impulsionando toda uma “onda”, e proporcionando o surgimento de muitas festas com essa estética pelo underground da cidade. E tome muito preto, couro, tachinhas, make pesada e objetos de BDSM no pacote. Foi uma verdadeira “febre”, com o vocalista Dani Filth sendo alçado a condição de sex-symbol (sim, isso aconteceu)!
Visual característico rememorado nessa noite por grande parte dos presentes (principalmente as meninas), trajando a “instigante” indumentária que a ocasião merecia. E NINGUÉM saiu decepcionado. O aparato visual e cênico característico, que é de praxe do CRADLE, e funciona maravilhosamente por si só, impressiona SEMPRE, mas a simbiose com o repertório, é que fez a noite ser deveras especial!
“Lustmord and Tourgasm” pode ser considerado um clássico do Black Metal, bem mais cru e urgente, que a sonoridade que viria posteriormente na carreira da banda, de experimentos e resultado mais “digerível” a fãs de outros gêneros. Mesmo assim, dentro do estilo, já era considerado mais acessível.
A temática do álbum é poética, trata-se da lenda de Elizabeth Bathory (condessa húngara que entrou para a História por uma suposta série de assassinatos em série bizarros e cruéis que teria cometido, associados a sua obsessão pela beleza), e o destaque sonoro diferenciado é o uso de “camas” de teclados das mais diversas, trazendo um clima soturno e atmosférico para toda aquela brutalidade.
E toda essa “porradaria” não intimidou os fãs de fases mais recentes do grupo, levando o Circo Voador a uma perfeita “sucursal do inferno”! A banda mostrou que está “tinindo”: Dani perfeito em suas vocalizações das mais variadas, principalmente as guturais, e esbanjando todo o seu carisma. Sim, apesar de ter apenas 1,65 de altura, o cara enche o palco! O baterista Martin Skaroupka (que também integra o MASTERPLAN) é fenomenal, impecável no seu estilo agressivo e coeso. A dupla de guitarristas Richard Shaw e Marek ‘Ashok’, desbundou o entrosamento adquirido desde 2014, assim como o baixista Daniel James Firth, se mostrando seguros em suas pegadas, fora a presença imponente de palco, característica primordial de toda a banda!
E não tem como deixar de destacar a tecladista Lindsay Schoolcraft, além de linda, possui forte presença cênica, sobressai com seu instrumento, e canta MUITO. Aliás, seu trabalho solo fora do grupo é BOM demais, recomendo! Além do seu trabalho frente ao ativismo da causa vegana para quem interessar…
E logo após a conclusão de todo o “Cruelty and the Beast”, tivemos cinco hits de fases das mais diversas, como a dançante e sinistra “Nymphetamine (Fix)”, e a gótica pesadona “Her Ghost in the Fog”, que deixaram com que TODOS saíssem extremamente satisfeitos. CRADLE OF FILTH firmou aquele velho ditado que “vale a pena esperar“! Belíssima noite da pesada na lona voadora, a lamentar apenas a ausência inesperada do Dark Tower.
Texto de Alessandro Iglesias
Fotos de Daniel Croce e Vanessa Pinto