Eliza Doolittle adota um estilo mais sério em álbum de bastante qualidade musical

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A menina cresceu. É inevitável não pensar isto depois de ouvir o novo álbum da britânica Eliza Doolittle, “In Your Hands”, lançado há duas semanas na Inglaterra. Com um som diferente do seu disco de estreia, que levou seu nome, a inglesa aposta num comando vocal mais bem trabalhado e até mais maduro. Logo na capa percebemos isto. Saiu de cena a foto irreverente e com o sorriso aberto, entrou a imagem mais compenetrada e um olhar intimidador. E sim, o rosa choque ainda está, demonstrando que nem tudo está mudado… Se não há tantas músicas alegres ou descontraídas como a famosa “Skinny Genes” de 2010 e que nos faz sentir falta de seu primeiro trabalho, o recém-chegado CD traz bastante swing e soul, embalado pela boa fase de tantas cantoras da Terra da Rainha.

Eliza disse que seu segundo álbum traria experiências de vida que teve durante seus 25 anos. E ele mostra que essa inglesinha ainda tem muitos fãs a serem conquistados, seja pelo seu lado descontraído ou pela sonoridade jovial de um estilo marcado pela seriedade. Se do outro lado do Atlântico temos uma Taylor Swift alfinetando seus ex-namorados e flertando com o Pop, Doolittle tenta ser mais discreta nas letras românticas, porém não menos direta e sempre flertando com o jazz. Sempre com o essencial: classe.

Recheado de arranjos de cordas e pianos ou teclados, as faixas vão rolando sem que a gente perceba, de forma natural e suave. E é o resumo principal deste CD: Suavidade. Talvez pela voz sempre doce da Eliza, cada canção não precisa de demonstrações exageradas ou alguma nota mais aguda da cantora. E isso é um ponto para lá de positivo num mercado fonográfico inglês repleto de cantoras assim em se tratando de soul/pop, como Joss Stone, Adele e atualmente Rita Ora.

Talvez o grande mérito de Doolittle seja não querer adotar um estilo como único. E isso era possível perceber ainda no seu primeiro trabalho. Mas nesse está presente de forma intensa. Já na abertura do álbum o primeiro single lançado, “Waste Of Time” traz piano, voz e uma base rítmica mais baixa, sempre com um arranjo “deja vú anos 80” como cenário. Eliza se sai tão bem, que lembra ao máximo Lauryn Hill em estilo vocal. Não à toa a obra já é um sucesso na Europa.

Na sequência vem dois exemplos da maturidade musical supracitada. “Back Packing” e “Hush” são faixas carregadas de sintetizadores, mas não restritas a eles. Com letras fortes, como na primeira, onde Eliza pede “que sejam honesta com ela”, a sonoridade adolescente e descontraída de antes agora tem uma pitada de “cresci com meu som”.

“Let it Rain”, outro single do disco, é uma das melhores faixas. Voz forte e segura, batidas suaves e letra que parece descrever o álbum: “Eu encontrei meu jeito para as más direções, porque eu aprendi com as lições”. E o indie-pop sobressai, ganha força e faz valer um “repeat” da execução perfeita.

A faixa que dá título ao trabalho apresenta uma mistura de R&B e pop. Com bastantes agudos e acompanhada por piano durante toda a canção, Eliza foge um pouco ao seu estilo. Se soa destacado, não força os ouvidos e prepara para as que vêm a seguir. Um exemplo é a boa “Checkmate”, novamente voltando ao tradicional “suave, direto e bem executado”.

“Make Up Sex” é uma das poucas, ao lado de “Don’t Call It Love” e “Big When I Was Little”, que demonstram um lado mais Pop da inglesa. Com rimas inspiradas no hip-hop americano e letras amorosas, são as faixas que destoam como um todo. Não são ruins, apenas diferente do conteúdo anterior.

É um trabalho sério, mas não emburrado. A sequência musical é variada, não-linear, mostrando o quanto seu estilo enriqueceu durante esses três anos. Se agora as letras são um pouco mais sérias e artisticamente uma cantora de qualidade superior, ainda falta um pouco da divertida Eliza de antes. Pode ser diferente do disco de 2010, mas é a afirmação da agora madura Doolittle.

Classificação: Muito Bom

Ouça “Waste Of Time”, single do disco e faixa que abre o novo trabalho da cantora. Quer ouvir o álbum completo da Eliza Doolittle? Clique aqui, ele já está disponível no iTunes.

Por Bruno Guedes

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