Entrevista com o DJ Jorge LZ, do programa GELEIA MODERNA
Durante 7 anos o Geleia Moderna ocupa os nossos sábados com conteúdo musical de primeiríssima, de 17:00 às 19:00, na Rádio Roquete Pinto. Sempre com convidados especiais, o programa apresenta novidades nacionais e internacionais, com destaque para lançamentos da cena independente brasileira. Regados há um bom bate-papo, a apresentação e curadoria é dos DJ’s Brant e Jorge LZ. Breve teremos uma parceria do Geleia Moderna com o Cult Magazine, AGUARDEM!!! Abaixo ENTREVISTA com o DJ Jorge LZ:
1 – Qual o primeiro contato que você teve com a música em sua vida?
Meu pai era uma pessoa que gostava muito de música e tinha um gosto bastante eclético. Constantemente chegava em casa com uma penca de discos comprados que ia de Wilson Simonal a Beatles. Além do Batman, Roberto Carlos e Beatles eram os grandes heróis da minha infância…
2 – Em que momento e porque resolveu seguir a carreira de DJ?
Tinha um primo (Dom Lula) que era DJ nos anos 70 no Le Bateau e depois na New York City Discotheque, duas boates famosas na época. Gostava muito de conversar com ele sobre música e daí veio a minha vontade de mexer com isso. Ainda na pré-adolescência eu tinha uma “equipe de som” que animava as festinhas da minha turma… muito tempo depois, no início dos anos 90 comecei a fazer uma festa chamada Black To The Future e a partir daí a coisa ficou mais séria.
3 – Quando conheceu o Brant, e como surgiu a ideia de terem um programa de rádio?
Conheci o Brant no início dos anos 90 e nossa afinidade musical logo veio à tona. Fui criado ouvindo rádio e sempre tive vontade de trabalhar com isso. Em 2004 o Brant recebeu um convite para ocupar um horário na Centro FM, rádio comunitária que funcionava na Rua Gomes Freire, e me chamou para fazermos um programa juntos. Foi aí que surgiu o LapaLounge, programa que fizemos nessa rádio comunitária até 2005. A rádio acabou tendo um problema com a ANATEL e tivemos que sair de lá. Mesmo assim resolvemos continuar com o programa. Passamos a gravar na casa do Brant e a disponibilizá-lo na internet.
4 – A rádio Roquete Pinto foi à primeira opção?
Em 2008 a Roquette-Pinto mudou sua direção. Humberto Effe, vocalista da banda Picassos Falsos, passou a ser o diretor de programação da rádio. Amigo meu há muito tempo, Humberto, que foi o primeiro convidado do LapaLounge, ofereceu-me um horário na Roquette-Pinto para que eu levasse o LapaLounge para lá. A única condição é que o programa precisaria de um novo nome. Assim surgiu o Geleia Moderna.
5 – Porque a escolha conceitual do formato novidades do meio musical, juntamente com uma entrevista referente a um novo lançamento? A intenção era exclusivamente dar voz a cena independente no dial?
Inicialmente o Geleia Moderna tinha um formato muito parecido com o LapaLounge; tocávamos novidades e levávamos um convidado que montava uma sequência de três músicas. Não tínhamos um foco tão grande na música brasileira. Com o passar do tempo percebemos que a produção musical brasileira estava repleta de coisas boas que não tinham espaço para aparecer. Ouvíamos sempre a velha ladainha que segue até hoje de que “a música brasileira de hoje não presta, bom mesmo era nos anos 1960 e 70”… isso sempre me irritou. Não é possível que um país tão grande como o nosso e com uma produção tão diversa ficasse parado no tempo, vivendo de passado… Como o Geleia Moderna tem duas horas de duração, é possível dar atenção à nova produção internacional e dar um destaque maior ao que acontece no cenário brasileiro.
6 – Uma particularidade bastante significativa do programa são as vinhetas, os bordões utilizados e a trilha incidental. Vocês mesmo participam da criação, ou tem colaboradores?
Sempre fui fascinado pela música de abertura. Ela faz parte da trilha sonora do seriado japonês Cowboy Bebop e queria muito fazer alguma coisa com ela. Achei que seria ideal para a abertura do programa. Alguns bordões, como “Povo de Sucupira”, começaram ainda no LapaLounge. Já as vinhetas foram feitas com a ajuda de um amigo músico e produtor, Guti, que tinha um trabalho bem bacana chamado “música para meia dúzia”.
7 – Possuem dados de quantos convidados já foram ao Geleia Moderna? Fizeram muitas parcerias e amizades nesse processo?
Não saberia te dizer ao certo quantos convidados passaram pelo Geleia Moderna, mas como estamos completando 400 programas, e levando em consideração que alguns convidados já participaram mais de uma vez, esse número deve chegar em algo em torno de 350… Nesses 7 anos de Geleia Moderna conseguimos realizar várias parcerias com músicos, apoiadores e também com os ouvintes.
8 – Acho que todo ouvinte gostaria de fazer essa pergunta a vocês, mediante um quadro do programa que deixa os convidados numa boa “saia justa”, rrsss. Me diga UM DISCO, e o porque da sua escolha!
Por incrível que pareça, nunca pensei muito sobre isso, mas seguindo o formato do Geleia, direi o primeiro que me veio à cabeça: “Eu quero é botar meu bloco na rua”, de Sérgio Sampaio. O disco é a obra-prima de um sujeito genial, que após o sucesso da música título, era cobrado para emplacar um novo hit, mas mesmo tendo composto músicas muito mais interessantes que essa, nunca conseguiu fazer o jogo do mainstream… viveu à margem até sua morte nos anos 90.
9 – Algum programa que queira destacar nesses 7 anos? Ou um acontecimento inusitado ocorrido, já que ao vivo estamos sujeitos a imprevistos, né?
Tenho um carinho por todos os programas que já fizemos. Talvez os programas no auditório sejam mais queridos por contar com a presença do público, tornando mais quente ainda a transmissão.
10 – Que balanço fariam da importância do Geleia Moderna nesses 7 anos de vida? O que pretendem do programa desse marco em diante?
Durante sete anos abrimos espaço para mostrar o que acontece de novo na música atual e principalmente na produção independente feita no Brasil, que é riquíssima, sem esquecer o que já foi feito antes. São poucos os canais abertos a esse tipo de produção e nos orgulha bastante ser um deles.
11 – Pode divulgar seus projetos pessoais, convocar a galera para ouvir o Geleia Moderna e deixar um alô para os leitores do CULT MAGAZINE. Obrigado pela entrevista!
Além do Geleia Moderna, trabalho com curadoria de outros projetos musicais, como o Levada, que acontece no Oi Futuro. De uma forma ou de outra, tento sempre estar perto da música, principalmente a que é feita atualmente. Convido os leitores da Cult Magazine a ouvirem o Geleia Moderna e participarem dando sugestões e também um retorno para que a gente consiga fazer um programa cada vez melhor.
Por Alessandro Iglesias