Festival Visões Periféricas traz olhar da periferia para o cinema
Já consolidado no calendário oficial do Rio de Janeiro, o festival “Visões Periféricas”, chega a sua 13ª edição. O evento acontece entre os dias 25 e 29 de setembro, no Centro Cultural Banco do Brasil, com entrada franca.
Pelo segundo ano, entre os dias 24 e 28, o festival promove no CRAB (Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro), o “Visões Lab”, plataforma criada para a geração de negócios entre players e projetos de audiovisual comprometidos com a inserção de jovens realizadores de periferia no mercado e a ampliação do espectro de visões sobre regiões e grupos periféricos do país. O festival “Visões Periféricas” conta com o patrocínio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), Ancine e do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
Pioneiro no Brasil, o festival “Visões Periféricas” tem como objetivo estimular e promover o crescimento, a difusão e o desenvolvimento estético e profissional de novas gerações de produtores e exibidores de audiovisual nas periferias. Aproximadamente, 70 filmes serão exibidos durante o evento, divididos em mostras temáticas dentro e fora da competição. “Nosso objetivo é abrir espaço para filmes produzidos pelas periferias, que tratam sobre esse universo, mas que tragam um olhar novo sobre ela. E não estamos falando apenas das favelas, mas também do interior, das comunidades indígenas, LGBTs, grupos que estão à margem e não estamos acostumados a ver retratados nas salas de cinema”, explica Marcio.
A mostra competitiva “Panorâmica” apresenta uma seleção de longas e médias-metragens, formato relativamente novo nas periferias, que vem crescendo no vácuo do advento e da democratização da tecnologia digital. Já os curtas são exibidos dentro da mostra “Fronteiras Imaginárias”, refletindo a diversidade de expressões estéticas e temáticas que fazem do Brasil um país plural e único. Ainda dentro da competição, a mostra “Cinema Da Gema” apresenta os filmes dirigidos por cariocas, trazendo o que há de mais inovador no cinema do Rio de Janeiro.
A programação conta ainda com mais seis mostras especiais (não competitivas), criadas pela curadoria a partir de temas recorrentes entre as obras selecionadas. Destaque para as mostras “Processo Contínuo”, com filmes que abordam o panorama político nacional; “Eles Não Vão Nos Calar”, que aborda a questão do abuso de poder do estado e também da sociedade diante de pessoas em situações de vulnerabilidade; e “Subúrbio Em Transe”, dedicada especialmente as produções coletivas do Cineclube Subúrbio em Transe, capitaneado pelo professor de geografia e cineasta Luiz Claudio Motta Lima. Além dessas, temos as mostras “Cinema De Bicicleta”, que retrata as diferentes formas de uso do meio de transporte na cidade; “Singular”, dedicada a personagens únicos da cultura popular brasileira; e “Visorama”, com filmes produzidos em escolas, oficinas e projetos de formação audiovisual de diversos estados brasileiros.
DESTAQUES – a grade da 13ª edição traz uma ampla gama de filmes que propõe discussões sobre temas transversais da nossa sociedade. A abertura, dia 25, vai contar com a apresentação de três curtas: “Agonia” (RJ), de Pedro Von Kruger, que fala sobre um tradicional grupo de bate bola da zona norte do Rio de Janeiro; A “Felicidade Delas” (SP), de Carol Rodrigues, que trata da luta e da paixão entre duas mulheres negras; e, pra finalizar, o curta experimental “Coroação” (RJ), marcando a estreia de duas jovens atrizes como diretoras, Juciara Awô e Luana Arah, que reflete sobre a ancestralidade negra através da relação entre mãe e filha.
Na “Mostra Panorâmica”, destaque para “O Bando”, documentário dirigido por Lázaro Ramos e Thiago Gomes que traz para a tela a história do grupo “Bando de Teatro do Olodum”, da Bahia. Tem também “A Pedra”, longa de estreia do diretor Davidson Davi Candanda e do coletivo Siyanda, que trata sobre a questão do racismo dentro das escolas. Em “Fabiana”, a diretora Brunna Laboissière, também estreante em longas, faz um mergulho no cotidiano de uma motorista de caminhão trans, que depois de 30 anos pelas estradas do Brasil, está prestes a se aposentar. Entre os filmes da mostra “Cinema da Gema”, vale destacar “Nada Além da Noite”, de Rodrigo de Janeiro, com a grande atriz Léa Garcia, no elenco.
Entre os curtas, “Drag Nostra” (MT), de PV Vidotti, ainda inédito no RJ, conta a história de um roubo de banco feito por uma família de drag queens mafiosa. “Sem Asas” (SP), de Renata Martins, tem no elenco a atriz Grace Passô, atualmente em cartaz no cinema com o longa “No coração do Mundo” (2019). Em “Francisca” (RJ), as diretoras Mariane Duarte e Luandeh Chagas mergulham na obra da lendária Xica da Silva. Também sobre a questão da raça negra, “NEGRUM3” (SP), de Diego Paulino, faz um ensaio sobre negritude e aspirações espaciais dos filhos da diáspora.
Na “Mostra Processo Contínuo”, criada especialmente nesta edição, destaque para “Lacerda, O Corvo da Guanabara” (RJ), de Sayd Mansur. O filme busca recapitular os planos de conspiração e golpe tramados por Lacerda nos bastidores da história oficial. Para finalizar, “Entre Parentes” (DF), de Tiago de Aragão, debate sobre as políticas indígenas, pós-impeachment presidencial, em que parlamentares articulam uma agenda de retrocessos à causa indígena.
Já na mostra “Eles não vão nos calar”, destaque para “As Balas que não dei ao meu filho” (BA), de Thiago Gomes; e “111+” (RJ), de Ivaldo Correia, que tem como ponto de partida a chacina de Costa Barros, em que cinco jovens foram executados pela polícia com 111 tiros. Para completar, na mostra “Singular”, o festival apresenta “O samba é meu dom: Wilson das Neves”, de Cristiano Abud.
VISÕES LAB: criado em 2018, o “Visões Lab” é uma plataforma de fortalecimento do setor audiovisual, composta por ações de formação, articulação, inovação e desenvolvimento do mercado. Porém, diferente de outras já existentes, tem como foco a geração de negócios entre players e projetos de audiovisual comprometidos com a inserção de jovens realizadores de periferia no mercado e a ampliação do espectro de visões sobre as periferias brasileiras. “O Visões Lab oferece uma oportunidade única de encontro entre os players e realizadores da periferia, que trazem um olhar inovador sobre ela e, portanto, possuem um forte potencial de gerar negócios e impactar positivamente o cenário audiovisual brasileiro”, explica Marcio.
A plataforma possui quatro linhas de ação: “Clínica”, onde 40 projetos em qualquer formato (curta, longa, série) e gênero (ficção e doc.) recebem uma mentoria individual de desenvolvimento; “Pitching”, no qual os 10 projetos mais bem qualificados na seleção são apresentados a uma banca com representantes de canais de TV, especialistas e profissionais do mercado; “Rodadas de Negócio”, onde os projetos clinicados com maior potencial de gerar negócios também são indicados para encontros com canais e financiadores em potencial; e “Palestras” com profissionais do mercado e especialistas. Tanto os pitchings quanto as palestras são abertas ao público.
Além do patrocínio do FSA, Ancine e BRDE, o festival conta com o apoio institucional do SEBRAE e do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).
SERVIÇO:
CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL (Cinemas 1 e 2)
Endereço: R. Primeiro de Março, 66, Centro. Tel: 21 3808-2020.
Data: 25 a 29 de setembro (abertura para convidados dia 25).
Horário: 14h às 19h (ver programação dia a dia).
Lotação: 102 lugares (Sala 1) e 52 lugares (Sala 2)
Entrada Franca
LIVRE
CRAB- CENTRO SEBRAE DE REFERÊNCIA DO ARTESANATO BRASILEIRO
Endereço: Praça Tiradentes, nº 67. Telefone: 21 3380.1850.
Data: 24 a 28 de setembro
Horário: 10h às 18h
Entrada Franca