Grande mostra de Marta Jordan estreia na Galeria Laura Alvim
A Galeria Laura Alvim, vinculada à Secretaria de Estado de Cultura (SEC), inaugura a maior mostra da trajetória da artista plástica Marta Jourdan, na quarta-feira, 6 de março, às 19h. A temporada se estenderá até o dia 28 de abril, de terça a domingo (das 13h às 21h, entrada gratuita).
A carioca de 40 anos estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Formada em teatro pela Escola de Artes de Laranjeiras (CAL) e em História pela PUC-Rio, a artista estendeu seus estudos em cinema na Escola Jacques Le Coq, em Paris, onde desenvolveu técnicas de construção de objetos cênicos. Neste período trabalhou no acervo do Centro Georges Pompidou, também em Paris. Se destacou com várias exposições individuais nas principais galerias do Rio de Janeiro (Galeria Artur Fidalgo em 2012, Mercedes Viegas em 2008 e na Fundação Eva Klabin, no Projeto Respiração, em 2007) e coletivas diversas ao redor do mundo (Super 8, Christopher Grimes Gallery, Los Angeles, em 2011; Instituto Goethe de Nova York em 2008; Jeu de Paume, Paris e Gandy Gallery, Bratislava, Eslováquia em 2007 e Kunstverein Hamburgo, Alemanha em 2001).
Seu trabalho nessa grande exposição, consiste basicamente na construção de um percurso de esculturas com estruturas de maquinário com caráter de cunho científico (cinéticas) e interativo, como descreve a própria artista: “A partir de situações cotidianas, invento as máquinas para reproduzir o que vi em frações de segundo. Vou perseguindo o instante único até conseguir repeti-lo, não importa em que suporte, para capturar o imaterial. Minha obra se faz no “evento”, na ” imatéria”. A fumaça, a água, a explosão etc, é onde está a “escultura”.
As experiências são as mais diversas e com materiais compostos de uma incrível diversidade, como um ferro de solda que derrete barras de estanho, recipientes de vidro que pingam sobre chapas quentes de ferros industriais de passar roupa, motor com cilindro de alumínio girando em alta velocidade e na maior sala da exposição, estará o registro audio-visual “Súbita matéria”, feito entre 2008 e 2012. A filmagem se deu com uma câmera de altíssima velocidade que registra até mil quadros por segundo, contrapondo as explosões com fins poéticos. A captura mostra os movimentos no milésimo de segundo, revelando o singelo deslocamento das partículas, a visualização congruente da água na luz, um jato que surpreende uma mulher pelas costas com seu impacto… Marta utilizou dinamites, canhão de ar e 30 mil litros de água foram os materiais utilizados no processo.
No material de divulgação, o curador e crítico de arte Fernando Cocchiarale afirma:
“Marta não quer dar forma permanente à matéria sólida. Ela cria, inversamente, máquinas voltadas não só para a alteração de estados físicos da matéria, sobretudo aqueles da transformação da solidez (condição permanente da matéria escultórica), em líquido (InSólidos) e deste, em gasoso (Líquidos perfeitos), como também para a alternância de movimento e repouso (Óleo).”
A exposição promete uma grande carga de sensações inóspitas e inquietantes, se transformando num programa de caráter imperdível não só para os apreciadores costumeiros de arte contemporânea, mas de todos aqueles possuidores de um distanciamento teórico, que com certeza podem constituir um novo olhar trazido pelo tipo de experiência que a mostra pode vir a proporcionar.
Por Alessandro Iglesias
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