Green Day e Avril Lavigne arrebatam o público do Rock in Rio
Por Bruno Guedes
Quem foi à Cidade do Rock nesta sexta-feira (9), voltou no tempo e relembrou os anos 2000. Com shows arrebatadores, Green Day e Avril Lavigne fizeram as melhores apresentações da noite do Rock in Rio. Jão e Capital Inicial também se destacaram.
Com problemas para cantar seu grande sucesso, Billy Idol acabou deixando uma ponta de decepção. Assim como Fall Out Boy, que pouco conseguiu de resposta do público no Palco Mundo.
Confira como foram os shows:
PALCO SUNSET
A inusitada parceria entre Di Ferrero e Vitor Kley abriu o Sunset. Com muita vibração, os dois passearam por diversas fases da carreira. O vocalista da NxZero, uma das principais bandas do chamado emo, deu o tom do que seria o dia.
Não faltaram hits, como “Razões e emoções”, “O sol”, “Cedo ou tarde” e “Adrenalizou”. Com bastante conversa e interação, ambos mostraram bastante carisma e acariciaram corações partidos no fortíssimo calor da Cidade do Rock.
Uma das maiores revelações do Brasil, Jão veio logo depois com muita produção e até homenagens. Entre elas, a Cazuza, numa referência ao Rock in Rio de 1985.
Chamado de pop sofrência, o artista arrastou uma multidão para o Sunset. E o público cantava de forma fervorosa, como a abertura com “Exagerado”, de Cazuza. O astro é uma das inspirações do cantor, que surgiu em uma grua coberta por panos brancos.
Sem deixar esfriar, seguiu com hits do ex-líder do Barão Vermelho: “Codinome Beija-Flor”, “O tempo não para”, “Pro dia nascer feliz”. Neste momento, emocionou ao convidar Lucinha Araújo, mãe do Cazuza.
Lucinha repetiu as palavras do filho, ditas em 1985: “Que o dia nasça feliz para todo mundo, pro Brasil, pra vocês, pra rapaziada esperta”, disse.
A partir daí, Jão dominou a plateia com seus sucesso do disco “Pirata”. Não faltaram “Meninos e meninas”, “Imaturo” e “Idiota”.
Ainda relembrando o primeiro festival, uma grande celebração voltou 37 anos no tempo com Elba Ramalho, Agnes Nunes, Liniker, Xamã, Ivan Lins, Alceu Valença e Blitz.
Recordando canções da época e da atualidade, o show teve cobrança política em favor da democracia e saudosismo. Como Ivan Lins cantando “Começar de Novo” e “Novo Tempo”, onde Xamã improvisava:
“Sempre liberdade, voto consciente, esse é o ano de mudar o Brasil, como era em 1985. É o retorno de um novo tempo”, disse Xamã.
Logo depois Alceu sacudiu todos com “Anunciação” e “Morena Tropicana”. Mas o ponto alto foi com a Banda Blitz. Uma das maiores da sua geração, “Você não soube me amar” e “Dois Passos do Paraíso” foram cantadas pelo Sunset.
Palco este que superlotou para ver a grande estrela da noite: Avril Lavigne. Marcada por uma gama de jovens dos anos 2000, a canadense abriu seu ótimo show com “Girlfriend”.
Com enorme resposta do público, seguiu com um visual pop punk que fez o estilo da maioria dos presentes. E hits. Muitos hits. Como “Complicated” e “My Happy Ending”.
Seu maior sucesso no Brasil, “Sk8er Boi” foi cantado a plenos pulmões. O que voltou a ocorrer no fim, com “I’m with you”. A programação acabou, mas a saudade ficou para os fãs…
PALCO MUNDO
Uma das bandas com mais Rock in Rio no currículo, o Capital Inicial tocou pela oitava vez no festival. Assim como em outras apresentações, manteve um setlist repleto de hits e discurso pró-democracia.
Dinho Ouro Preto e cia iniciaram nesta sexta a turnê Capital 4.0, em comemoração aos 40 anos do grupo. O show abriu com “Quatro vezes você” e logo depois com “Primeiros erros”.
Ao cantar “Fátima”, veio o grito contra Bolsonaro:
“Viva a democracia brasileira! Não vai ter golpe. É preciso dizer que a violência e a ignorância não passarão”, disparou.
Aproveitando o momento, “Que país é esse” explodiu logo depois. Assim como em 2011, o Capital repetiu o cover de “Should I Stay or Should I Go”, música do grupo punk britânico The Clash. O encerramento foi com “A sua maneira”.
Se os emos têm um avô como inspiração, é Billy Idol. Carismático, o ídolo (com trocadilho) de grande parte dos artistas da noite, abriu com seu mega hit dos anos 80, “Dancing With Myself”.
“Cradle of love” veio depois. A cada intervalo entre as músicas, Idol puxava o tema do festival, para gargalhada da plateia. Público esse que logo entrou no espírito da lenda do pop punk.
No entanto, no seu grande sucesso, “Eyes Without a Face”, Billy recomeçou duas vezes. Parecendo estar fora do tom, reclamou com o guitarrista, de forma educada, sobre o delay e problema. Na última tentativa, entrou diretamente no refrão.
Apesar do tropeço, foi aplaudido pelos fãs. Na volta, em tom de irritação e ironia, questionou o músico: “Quer derrubar a minha noite?”, falou.
O encerramento foi com outro clássico, a “Rebel Yell”. Porém ficou com cara de quem poderia ter feito mais e o show encerrou com aplausos.
Ídolos dos anos 2000, o Fall Out Boy subiu para um show apenas morno. A banda de Chicago apostou em sucesso como “Sugar, We’re Goin Down”, “Dance, dance” e “Thnks fr th Mmrs”.
Entretanto, entrou também “Save Rock and Roll”, música mais recente da discografia do grupo. O baixista Pete Wentz conversou bastante e tentou animar o público. Mas acabou ficando numa apresentação bem abaixo de outras até do Palco Sunset.
O mesmo não se pode dizer de Green Day. Billie Joe e cia entraram com o pé na porta, apostando já no seu hit “American Idiot” na abertura e “Holiday”. E não faltaram pirotecnias, como fogos e estouros.
Com muita pirotecnia, em “Boulevard of Broken Dreams”, outro grande sucesso dos americanos da Bay Area da Califórnia, um casal subiu ao palco. O homem pediu a namorada em casamento, para delírio da Cidade do Rock.
No cover “Rock and Roll All Nite”, do Kiss, uma catarse ocorre nos presentes. Sem descansar, já emendam em “Brain Stew” e “St. Jimmy”. Em “Knowledge”, o momento onde uma fã sobe ao palco e toca guitarra.
Isso tudo para explodir de vez o festival com “Basket Case”. A partir daí, o Green Day já tinha conquistado o título de melhor show desta edição em termos de comunicação e interação. Até chegar no coro de 100 mil vozes em “Wake Me Up When September Ends”.
O encerramento foi ao som de “Good Riddance (Time of Your Life)”. Provando que os anos 2000 seguem vivo, assim como o velho rock da sua geração.