“Intocáveis” é divertido e comovente

Já na primeira cena de Intocáveis (Intouchables, França, 2011) é possível perceber a sintonia entre os personagens principais da história. Driss (Omar Sy) começa a dirigir em alta velocidade pelas ruas de Paris ao perceber que seu patrão, Philippe (François Cluzet), está abatido no banco do carona do carro. Eles são perseguidos pela polícia e apostam se conseguirão ser escoltados até o hospital. Philippe, tetraplégico, simula um ataque epilético e convence os policiais. Ao chegar ao hospital, os dois caem na gargalhada ao conseguirem aplicar o golpe mais uma vez.

O filme é baseado no livro O segundo suspiro, autobiografia do aristocrata Philippe Pozzo di Borgo, herdeiro de uma tradicional família francesa, que perdeu os movimentos do pescoço para baixo em um acidente de parapente, e sua amizade com o argelino Abdel Yasmin Sellou. Intocáveis mostra os contrastes entre ricos e pobres, negros e brancos, clássico e moderno, mas sem perder a leveza.

O imigrante senegalês Driss é um ex-detento que precisa ser rejeitado em três ofertas de trabalho para ganhar o auxílio desemprego. Ele vai à casa de Philippe buscando apenas uma assinatura para conseguir o dinheiro fácil, e não o cargo, de fato. Mas o milionário excêntrico percebe nele algumas qualidades, como inteligência, vigor e, principalmente, total falta de piedade, que o levam a escolher o candidato mais improvável para ser seu cuidador.

Driss ignora todas as normas de conduta, tem problemas familiares, não possui a menor experiência com desabilitados e frequentemente esquece a deficiência de seu patrão. Mas diverte Philippe e o conquista. Aos poucos, os dois vão desenvolvendo uma relação de amizade e apresentando um ao outro seus mundos tão distintos. O humor é sutil, mesmo quando os dois têm aventuras com maconha e massagistas asiáticas.

Intocáveis é a produção francesa de maior sucesso de todos os tempos e levou mais de 30 milhões de espectadores às salas de cinema da Europa. O filme, com roteiro e direção da dupla Olivier Nakache e Eric Toledano, teve nove indicações ao César, a maior premiação do cinema francês. O ator Omar Sy ganhou por interpretação masculina, desbancado Jean Dujardin, que levou o Oscar por O artista.

Cluzet e Sy estão muito bem entrosados e são o ponto alto do filme. Roteiro, enquadramentos e luz estão excelentes e o filme é ao mesmo tempo divertido e comovente. Philippe Pozzo di Borgo se disse satisfeito com a leveza da versão cinematográfica de sua tragédia.

Thais Sant’Anna

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2 Resultados

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