JON ANDERSON no IMPERATOR
“Concerto para uma só voz”! Não estou falando da famosa ária de SAINT-PREUX, mas da inesquecível noite que tivemos na recém-inaugurada casa de shows IMPERATOR (agora Centro Cultural João Nogueira), no simpático bairro suburbano do Méier. A heterogênea platéia que praticamente lotou a casa numa noite chuvosa de sexta-feira, foi sim para venerar JON ANDERSON, vocalista em muitas décadas de uma das maiores bandas de rock progressivo do mundo (o YES), em sua nova incursão solo. Mas ao se deparar com o formato minimamente acústico (violões diversos, piano, um bumbo eletrônico de marcação e alguns instrumentos exóticos) em sua proposta, já sabiam que independente de qualquer coisa em se tratando de repertório, a proposta do show era exatamente valorizar o que fez ANDERSON ser considerado um dos maiores vocalistas do mundo: a sua belíssima voz, acompanhada da já conhecida técnica irreparável. Mas como ele estaria atualmente? Foi sabido que problemas de saúde causaram o seu afastamento do YES, a ponto da banda efetivar permanentemente JOHN DAVISON, que era vocalista da banda cover oficial do grupo inglês.
A ansiedade somada às dúvidas logo foram dissipadas quando JON discretamente adentrou ao palco e deu início ao show. Com um blazer bem exótico (que combinou em cheio com sua figura), candelabros e velas ao redor e um excepcional jogo de luzes, o clássico “YOUR IS NO DISGRACE” de sua ex-banda foi ouvida num silêncio sepulcral, digna das platéias mais rebuscadas dos grandes concertos e recitais eruditos. E essa postura se manteve até praticamente o final do show. O motivo? Sim, o jogo estava ganho, A VOZ estava lá, maravilhosa como sempre, emocionando muito e isso se tornou o fator protagonista da noite! O formato acústico só favoreceu ainda mais esse clima intimista, mas que esteve longe de caracterizar uma apatia. Simplesmente a público foi totalmente devocional e parecia hipnotizada ao longo da apresentação. Vários clássicos do YES foram muito bem acondicionados ao formato acústico (“LONG DISTANCE RUNAROUND”, “I’VE SEEN ALL GOOD PEOPLE”, AND YOU I”, “OWNER OF A LONELY HEART”, entre outras), mas houveram surpresas diversas ao longo da apresentação: “A DAY IN THE LIFE” dos BEATLES tocada num instrumento exótico, uma espécie de “mini violão que lembrava um cavaquinho mas com som de banjo”, que deu a canção um belo formato meio étnico; vários trechos de canções diversas e mais obscuras do YES ao piano, como se fosse uma suite, no momento mais tocante da noite; homenagem ao Brasil (com a recém composta “BRASILIAN MUSIC SOUND”) e muito, mas MUITO bate-papo, esbanjando simpatia! Falou de tudo um pouco: dos seus recentes problemas de saúde, PAUL SIMON lhe contando o que iria encontrar quando chegasse ao Brasil (isso antes da primeira visita do YES ao país, no ROCK IN RIO de 1985) e lhe incentivando a ouvir mais música africana, seu amor pelos BEATLES, como conheceu várias figuras que posteriormente seriam grandes estrelas do rock, de como a sonoridade do ex companheiro de banda RICK WAKEMAN e do também tecladista grego VANGELIS (que gravou um conceituado trabalho solo com JON ANDERSON nos anos 80) lhe impressionaram na época… Isso com certeza fez com que a noite ficasse ainda mais especial. Parecia que uma das maiores vozes do rock mundial estava ali, num barzinho, batendo um papo só com você, era essa a impressão causada pelo olhar extasiado de todos os presentes. E falando no VANGELIS, bem que poderia ter se arriscado por alguma canção do repertório daquele disco (como o mega hit muito tocado por aqui na época, a balada “DEBORAH”), na sua 1 hora e meia de show, mas isso não foi algo digno a influenciar a magistral apresentação.
Ouvir a voz de JON ANDERSON límpida, sem aquele peso com musicalidade virtuosa que caracteriza o som do YES por trás, foi algo de sublime! E olha que ele estava rouco, percebemos isso nas suas muitas conversas com a audiência e isso tornava a coisa ainda mais surpreendente. O final com “RONDABOUT” já foi no clima rock’n’roll de sua ex banda, com todos de pé pulando e gritando a plenos pulmões! Muita felicidade e êxtase ao redor, uma questão não saia da minha cabeça: porque JON foi dispensado de sua ex banda, já que era nítido que o seu estado de saúde melhorou e a voz… Bem, nem preciso dizer mais nada, sobre ela, não é??? Noite inesquecível, que deu a sensação a todos que estiveram presentes de terem sido participantes de um momento histórico e privilegiado.
Texto: Alessandro Iglesias
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