Joss Stone traz talento com reggae em novo álbum, mas as diferentes misturas atrapalham

jUKka

Joss Stone lançou nesta sexta-feira, 31, seu mais novo álbum, ‘Water for your soul’, já disponível para compra pelo iTunes. Este é o sétimo disco da carreira da britânica que já ganhou vários prêmios como BRIT Awards e um Grammy. A inglesa, conhecida por ser a “loura de voz negra”, novamente apostou em um formato que mistura sua clássica levada de R&B, Jazz e Pop, sempre com seus agudos fortes e característicos. Apesar de ser recebido com discórdia pela imprensa da Inglaterra, como o sempre exigente ‘The Guardian’, Joss força suas nuances mais próprias com estilos diversos, tentando reencontrar a artista que nos últimos anos veio sofrendo críticas pesadas em sua terra natal.

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A inglesa se esforça ao máximo para que seu talento sobressaia, mas as diferentes vertentes do álbum atrapalham o todo. São 14 faixas. E como o próprio nome sugere,  ‘Água para a sua alma’, o álbum apresenta uma Joss mais suave, sem tantas levadas ritmadas por beatbox como músicas de sucesso que marcaram sua carreira como ‘Super Duper Love’. Desta vez Stone coloca todo seu talento vocal à serviço de um disco mais ‘limpo’, mas derrapa em muitas misturas de estilo.

Novamente as letras carregadas por desilusões amorosas dão o tom. Há uma presença firme dos baixos, outra marca dos discos da cantora, dando o rumo em cada nota. Só que o ponto alto de todos os seus trabalhos será sempre sua voz inigualável. Firme, doce e agressiva nos agudos quando precisa, Joss Stone soa como um oásis em meio a um mercado pautado cada vez mais por vozes produzidas artificialmente. Artificial é algo impossível escrever numa mesma frase quando estamos falando de uma das mais talentosas cantoras que o Reino Unido nos deu.

O repertório, apesar de ser bastante agradável, derrapa na falta de um grande hit, o single definitivo para alavancar o CD, além de muita presença reggae. Ele abre com ‘Love Me’, a canção que mais se aproxima do citado anteriormente. De forma delicada, os versos “Love me from your heart” são quase que um mantra e soa muito bem. Em seguida vêm ‘This Ain’t Love’ e ‘Stuck on you’, que trazem uma Stone mais contida, talvez pelas melodias pouco inspiradas nas melodias.

‘Star’ é outro grande achado do CD. Com um coral de crianças ao fundo, Joss canta a música que traz uma marcação de guitarra e bateria bastante característica da sua carreira. ‘Let Me Breathe’, com um violão à lá flamenco, e ‘Cut the line’, com sua percussão caribenha, mostram um formato diferente do que os fãs da cantora estão acostumados.

‘Wake up’ faz lembrar a inglesa de meados da década passada, onde os versos eram cantados quase que sem pausas. A melodia também é uma das melhores. ‘Way On’ é quase um reggae em forma de jazz, só que a fraca musicalidade da música acaba prejudicando a tentativa de tornar a canção diferente. O caso se repete em ‘Molly Town’ e ‘Harry’s Symphony’, só que desta vez o estilo jamaicano aparece de forma aberta. O talento de Joss Stone salva as duas tentativas medianas.

‘Sensimilla’, ‘Underworld’ e ‘The Answer’ são as únicas entre as últimas que não tentam flertar com o reggae. Mas após uma fuga tão grande de estilo, elas acabam sem destaques. Se não são fantásticas, terminam o trabalho deixando uma dúvida sobre os rumos musicais da cantora que já tentou flertar com vários estilos em seus quase 14 anos de carreira.

O álbum talvez agrade bastante os fãs, já que a cantora nunca decepciona no quesito talento, mas provavelmente não vá alcançar públicos diferentes e que estejam órfãos de um som marcante em meio a tantos artistas iguais. Em se tratando de um talento chamado Joss Stone, a gente sente que poderia mais.

Classificação: Regular

Ouça ‘Love Me’, em apresentação ao vivo pela TV dos Estados Unidos, esta semana:

 

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