Kamelot se apresenta em Lisboa no fim de outubro

Lançar um 11º álbum face a uma legião de adoradores fanáticos é um daqueles feitos a que todas as bandas deveriam aspirar e foi exatamente isso que o KAMELOT fez em Maio do ano passado com a edição do seu mais recente disco de originais. Historicamente famoso por registros assentes em conceitos específicos – as adaptações do clássico “Fausto” de Goethe que, na virada para o Séc. XXI, deram origem a álbuns como «Epica» e «The Black Halo», valeram-lhes rasgados elogios –, com «Haven» o coletivo liderado pelo exímio multi-instrumentista Thomas Youngblood deu um passo mais além na sua evolução natural. O resultado, um reflexo da enorme vontade de progredir por parte de músicos que se recusam a baixar os braços, revelou-se uma irrepreensível coleção de canções que, apesar de manterem como fio condutor a ideia de um hipotético futuro distópico e de segurarem todas as características definidoras do talentoso projeto intercontinental, alargam ainda um pouco mais o seu raio de ação, revelando-o mais criativo e versátil que nunca.
Será certamente essa inabalável vontade de fazer ainda mais e melhor que irá pautar o retorno do KAMELOT a Portugal no dia 23 de Outubro, para um show único na Lisboa Ao Vivo, a nova sala de espetáculos situada na zona ribeirinha da capital. Depois de, em 2010, ter encantado o público luso com uma emocionante atuação no Vagos Open Air, o sexteto formado por Youngblood na guitarra, Casey Grillo na bateria,Tommy Karevik na voz, Oliver Palotai nos teclados e Sean Tibbetts no baixo, regressa ao país com o novo «Haven» na bagagem e prepara-se para provar, uma vez mais e como se dúvidas restassem, que não são uma banda qualquer. Depois do início de carreira modesto durante a segunda metade dos anos 90, foi na virada do milênio que o quinteto iniciou um processo de transformação que, hoje, o vê ser descrito com frequência como “um dos projetos mais entusiasmantes” no espectro em que se move. É sabido que, devido à sua natureza dramática e teatral, pode ser difícil fazer power metal sem cair em abusos, mas – desde cedo! – o KAMELOT mostrarou saber como fazer passar a mensagem de forma elegante e sóbria, sem nunca ceder a dramatismos exagerados. Melhor ainda, desafiando as convenções do estilo a cada vez que se atiram à composição de um novo registro, parecem ter uma capacidade imutável para traçar a linha do bom gosto num gênero dominado por espadas e dragões, o que acaba por destacá-los de toda competição.
Juntando esta vontade de inovar uma força interior notável e temos o segredo para um caso raro de sucesso, que mais de duas décadas depois de ter dado os primeiros passos continua a soar tão relevante como nos seus maiores picos a nível criativo. Só isso pode, de resto, justificar que, depois da inesperada perda do inimitável Roy Khan, que decidiu abandonar em 2010, se tenham reerguido de uma forma tão exemplar, usando uma situação passível de quebrar qualquer coletivo menos obstinado para se tornarem ainda mais fortes. É sabido que Youngblood tem sido, desde sempre, a força motriz doKAMELOT, mas ao longo de uma década, a voz do norueguês transformou-se numa das suas imagens de marca e, até «Silverthorn» sair em 2012, ninguém sabia o que esperar. À partida, a escolha do pouco experiente Tommy Karevik deixou muita gente desconfiada, mas o registro vocal mais espartano e simples, mas não menos convincente, do ex-Seventh Wonder acabou por revelar-se uma enorme bênção, permitindo à banda conservar a sua identidade intacta sem se  repetir. «Haven», do ano passado e já o 2º longa-duração com Karevik atrás do microfone, é a prova de que, por esta altura, já nada os pode quebrar.
Os bilhetes para o show custam 22€, à venda nos locais habituais.
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