Lana Del Rey causa comoção no Citibank Hall
Linda, enigmática e uma verdadeira incógnita. Todos esses adjetivos eram os mais óbvios ao nos depararmos com aquela nova figura possuidora de bela voz no Youtube, conseguindo a proeza de ter milhares de visualizações com um single de estreia (“Blue Jean”). Quem seria ela? Vocalizações diferenciadas, lábios carnudos, beleza clássica… Impossível não citar o trecho de uma canção do Titãs nesse processo, “você apareceu do nada, e você mexeu demais comigo”. Mas o mistério foi sendo solucionado BEMMMM aos pouquinhos…
Como todo fenômeno que surge “do além” e logo arrebata um conglomerado de admiradores, Lana também ganhou com a mesma intensidade muitas críticas. As redes sociais contribuíram para um veredicto: na verdade, ela seria uma grande farsa! Nascida Elizabeth Grant, Lana Del Rey teria passado por uma mutação. Além do novo nome, supostamente fez cirurgias plásticas diversas e até preenchimento labial. Ela nega, mas uma rápida visualização em imagens do tempo em que ainda defendia a alcunha de Lizzy, acabaram denunciando realmente um “upgrade” no seu visual.
O fato de ser filha de um empresário americano milionário do ramo de informática, também levantou mais questionamentos. Muitos afirmam de “pés juntos”, que a nova-iorquina de 25 anos seria um produto montado pela gravadora, com o suporte financeiro do seu progenitor. Uma performance desastrosa no programa “Saturday Night Live” e o fato de seu disco lançado como Lizzy Grant em 2010, ter sido tirado de circulação do iTunes, também causou burburinho e especulações. Fora possíveis romances com Marylin Manson e Axl Rose. No entanto, a menina prefere fugir das polêmicas diversas e diz que agora só quer que as pessoas apenas foquem no novo trabalho.
E QUE TRABALHO! “Born to die” é um petardo de canções “esfumaçadas” e matadoras. Letras atormentadas de cunho pessoal, arranjos orquestrais, batidas com influência direta do trip-hop e sua voz ainda mais consistente. Foi a grande guinada da sua carreira: conquistou a crítica, sendo comparada (pasmem) a Nancy Sinatra, esteve entre os 50 melhores álbuns do ano de 2012 e de quebra, para manter a risca, foi a artista com o maior número de visualizações na internet.
Mesmo com toda essa popularidade, foi deveras surpreendente ver que 80% do público que quase lotava completamente o Citibank Hall nesse domingo (10/11), serem adolescentes histéricas (a maioria com as flores na cabeça características do visual de Lana), que mais pareciam fãs do “One Direction” e outros enlatados do tipo. A abertura foi com o cantor Silva, que em formato de “duo” (teclado e bateria), mostrou vigor e personalidade, com muitos samplers e elementos eletrônicos, em uma atmosfera soturna. Realmente um trabalho muito “maduro” para o público presente, mais condizente com a atração principal.
Quando Lana adentra ao palco, só nos restava perceber o quanto ela é ainda mais bonita pessoalmente, porque não dava para ouvir rigorosamente NADA com a gritaria ensurdecedora que se permeou até o final do show. Com extrema elegância e sensualidade, num cenário com muitas palmeiras e fumaça, rigorosamente em todas as canções Miss Del Rey deixava a audiência cantar grande parte das canções, a maioria logicamente do álbum “Born to die”. Em dois momentos, a nova musa indie desceu até a plateia e mesmo sem perder a elegância, distribuiu selinhos mil, tirou muitassss fotos, deu váriossssssss autógrafos e pegou todos as lembranças possíveis que foram dados a ela ou jogadas diretamente para o palco.
Difícil destacar um grande momento, pois a histeria se manteve até o fim, fazendo da energia juvenil que emanava ferozmente um show a parte. Lana nitidamente estava surpresa e extremamente radiante com essa reação. O grande primeiro sucesso “Blue Jean” foi “gritado” com a mesma intensidade do restante do set-list de aproximadamente uma hora e meia (que acabou sendo o mesmo dos outros shows da cantora no Brasil). Realmente impressionante, principalmente por visualizarmos uma acolhida tão efusiva para uma sonoridade tão “obscura” e com uma postura cênica sem coreografias, figurinos apelativos e outros tipo de exagero que os jovenzinhos costumam ADORAR. Lana Del Rey definitivamente não é uma farsa, faz um show sólido e veio para ficar!
Por Alessandro Iglesias