“Lifting – Uma comédia cirúrgica” estreia no Teatro Sesi
Quatro atrizes amigas se encontraram, por acaso, em uma estreia teatral e resolveram botar o papo em dia. No meio de muita conversa, risadas e afeto, surgiu a vontade de trabalharem juntas. Foi o ponto de partida da primeira montagem brasileira do espetáculo Lifting – Uma Comédia Cirúrgica, que estreia dia 1º de março, no Teatro Sesi, no Centro, depois de dois fins de semana no Theatro Bangu Shopping no ano passado, algumas apresentações pelo país e participação no do 24º Porto Alegre Em Cena. O processo de adaptar a comédia do espanhol Félix Sabroso para a nossa cultura foi, ao mesmo tempo, divertido e dolorido, já que Angela Rebello, Drica Moraes e Lorena da Silva perderam a amiga Solange Badim nesse período. O diretor Cesar Augusto, então, convidou a atriz Luísa Pitta para completar o quarteto em cena. Sem patrocínio, a peça foi levantada na garra, com recursos das idealizadoras e dos amigos, em uma corrente de pessoas que amam o teatro.
O espetáculo tem uma comunicação muito forte com a plateia por jogar uma lente de aumento em uma sociedade adoecida pelo poder da imagem e dos padrões inalcançáveis de beleza. Em um caleidoscópio de situações, muitas delas à beira do absurdo, as atrizes se multiplicam em papéis de mulheres navegando em um mar de neuroses e loucuras, na incessante busca pela perfeição estética.
“Lifting – Uma comédia cirúrgica’ fala de como as mulheres são subjugadas pelos padrões de beleza impostos pela nossa sociedade, com suas identidades e autoestima pautadas pelo olhar externo, seja do homem, seja do mercado de trabalho ou até mesmo de outras mulheres. Seu autoconhecimento e sua autoestima estão a reboque do que dita a moda, os produtos, os padrões de comportamento, a indústria da juventude eterna etc.”, analisa uma das idealizadoras, a atriz Angela Rebello. “Tenho a impressão de que todos esses fatores fortalecem uma falsa ideia de felicidade, bem-estar e realização; ideia que é abraçada por cada mulher que se entrega à ilusão da imagem”.
O espetáculo reúne figuras femininas em seus espaços pessoais, familiares, profissionais e sociais, sempre às voltas com dilemas na relação com seus corpos. As situações corriqueiras abrem espaços para a apresentação de temas universais: a ânsia pela vida, a obsessão pela juventude, o medo da solidão, as carências e mazelas comuns a todos. A encenação tem linguagem que remete ao cabaré a ao teatro besteirol dos anos 80.
“Temos situações muito variadas: uma mãe e uma filha; uma aeromoça; uma mulher de bombeiro que usa fogo para um procedimento estético; uma cena de tribunal… São cenas curtas e situações bizarras que reúnem vários tipos de mulheres, em vários contextos, várias temperaturas e realidades. Em comum, a loucura da imagem”, acrescenta Angela.
Além do quarteto de atrizes e do diretor Cesar Augusto, fazem parte do time criativo Marcia Rubin (direção de movimento e coreografias), Maneco Quinderé (iluminação), Marcelo Olinto (figurinos), Marcio Mello (visagismo) e Tim Rescala (trilha sonora e música original).