“Metal Jam” realiza a sua melhor edição
A centelha inicial veio láaaaaaaa atrás, com o “Rio Metal Fest”, em meados da primeira metade dos anos 2000, idealizado pelo agitador cultural, produtor e vocalista do “lendário” grupo IMAGO MORTIS, Alex Voohres. Ainda me recordo da primeira edição, no “finado” BALLROOM (Humaitá, onde hoje é uma franquia da “Casa e Vídeo”) completamente lotado, com 4 horas seguidas de “jam sessions” das mais diversas e a participação de uma centelha de músicos que compunham a cena “metálica” da cidade do Rio de Janeiro na época. O repertório era o mais abrangente possível: de Bon Jovi e Billy Idol, passando por Slayer, Sepultura e Metallica, indo dos sons mais melódicos com Iron Maiden, Helloween e Queensrÿche, ao “seio” do Gothic Metal com o Paradise Lost, até a extremidade brutal de um Canibal Corpse.
O RMF deixou de acontecer em 2006, mais um “filho” (como mesmo decodificou Alex) que já rolava paralelamente, resolveu levar a proposta vencedora adiante: o “Metal Jam”! O formato se consolidou e cada vez mais o interesse do público foi maior, sendo sempre superior a 1.000 pessoas à lotação média. As novas bandas com seus respectivos integrantes interagem entre si, o público vai para ouvir os muitos “clássicos do Metal” executados e o evento se transforma em uma grande festa do cenário underground carioca.
Para participar deste grande tributo já deveras consagrado ao longo de oito anos, 200 músicos se inscreveram para prestar homenagens a mais de quarenta bandas do gênero. Detalhe que nesse ano, o evento anual bateu o recorde de inscrições de todas as edições anteriores. E na última, aproximadamente 6.000 pessoas compareceram, transformando o espaço em um verdadeiro CALDEIRÃO! Com a mudança para a lendária “lona voadora”, infraestrutura e qualidade sonora não faltarão para o barulho poder comer solto…
Músicos mais experientes interagindo com iniciantes e a certeza que não há muito tempo para ensaios (afinal de contas é uma “jam”!), sempre nos despertam aquela curiosidade com relação à execução de grandes canções já conhecidas por todos, nesse processo onde há “troca” de talentos e experiências. E no CIRCO VOADOR, com toda sua mística relacionada à história do Metal no Rio de Janeiro, isso só aumenta.
A chuva que insistia em castigar a cidade durante todo o domingo (24/11), fez com que o povo fosse chegando durante o evento já iniciado. Uma grande pena, pois o vídeo introdutório encheu os olhos com sua perfeita concepção, colocando a galera no clima imediatamente. Aliás, temos que tirar o chapéu para a direção de arte do evento, porque a ideia em fazer uma imensa projeção de fundo, com o logo oficial da banda homenageada e o nome dos participantes com seus respectivos instrumentos logo abaixo, além de ter sido muito bonito visualmente, contribuiu imensamente para o público vibrar ainda mais quando a imagem surgia.
Aliás, nem precisava a apresentação de palco com um rapaz eufórico, que por mais que se esforçasse para ser engraçado, só nos fez sentir saudades de figuras “desprezíveis” como o FAUSTÃO, para vocês terem uma ideia de quantos risos ele provocou a audiência… Com exceção de um probleminha aqui e ali de ordem técnica, o evento foi super bem organizado e com todos se esforçando o máximo para tirar o melhor de sua performance e técnica. Arch Enemy, Tool, Death, Angra, Black Sabbath, Faith no More, Testament, Dimmu Borgir… Rolou de tudo um pouco, não tinha como se decepcionar!
Fica até complicado destacar algum músico em especial, tamanha a total entrega de todos. Prefiro rememorar o “grand finale”, depois de mais de 4h de evento, com todos que participaram juntos no palco, tocando e cantando “It’s a long away to the top (If you wanna rock’n’roll)”, do grande AC/DC. Essa interação de bandas do underground carioca foi uma cena inesquecível e memorável! Pela energia emanada do palco e por tudo o que sabemos que atitudes como essa representam.
Os gritos unificados ao final de “Metal Jam, Metal Jam”, só nos fazem valorizar ainda mais a proposta de um projeto como esse. Com iniciativas assim, em que união, talento, produção louvável e um palco decente, caminham juntos, temos a certeza absoluta que o rock’n’roll independente de todos os modismos e de já ter sido decretado MORTO em nossa cidade há muito tempo, SEMPRE estará mais vivo do que nunca…
Por Alessandro Iglesias
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