Monobloco apresenta sua fórmula irresistível
Show do coletivo percussivo no Citibank Hall
O MONOBLOCO é um grande fenômeno do carnaval carioca e do concorrido mercado de shows da cidade do Rio de Janeiro, com números impressionantes. E pensar que tudo surgiu descompromissadamente de uma oficina de percussão no início da década passada (precisamente nos anos 2000), ministrada por Pedro Luís, Celso Alvim e os demais integrantes do grupo PEDRO LUÍS E A PAREDE. Ao final do ano, resolveram que o curso se consistiria num projeto de formação de um bloco carnavalesco e assim o surgiria o MONOBLOCO, fazendo um concorridíssimo desfile de estréia naquele carnaval e sendo içado desde já ao posto de fenômeno musical. A principal razão que percebemos ao conseguirem sintonizar tanta gente em torno (literalmente!) da proposta sugerida, foi o mix do samba com batuques de gêneros dos mais diversos em sua numerosa bateria e um repertório que passeava pelos estilos musicais mais ecleticamente possíveis: samba raiz, samba enredo, rock, reggae, MPB (Musica Popular Brasileira), MPB (Musica Preta Brasileira), baião, forró e tudo mais (na língua portuguesa, um requisito inicial e que depois foi modificado) que viesse pela frente, e preferencialmente que fossem grandes sucessos populares. Ofereceu assim, uma nova alternativa fora do clássico repertório de marchinhas, ao carnaval de rua da cidade. Os desfiles (sempre no domingo após o carnaval) começaram a crescer de forma extremamente abrupta (da zona sul, passou posteriormente para o centro, por questão de um maior espaço físico mesmo!), se tornando um dos principais blocos do Rio de Janeiro. E a coisa cresceu de tal forma (inclusive na oficina que os fundadores do bloco ainda mantêm em atividade), que o MONOBLOCO começou a fazer shows e se oficializou de vez como grupo. E a exemplo de seus desfiles, os shows SEMPRE estão completamente “bombados” e com a banda tendo uma agenda lotadíssima durante todo o ano após o carnaval. E detalhe: já estão no segundo DVD gravado!!!
Mas numa quarta-feira, véspera de feriado prolongadíssimo e com chuva, ficaria difícil lotar mesmo o suntuoso Citibank Hall, como eles MUITAS vezes fizeram na bem maior Fundição Progresso. Uma abertura não anunciada do Dj Tartaruga (???), nos presenciou por tempo até demais com o melhor das paradas de sucesso no momento: e tome funk melody, sertanejo universitário e muita coisa de gosto duvidoso que colocou a massa pra dançar. Se a voz do povo é a voz de Deus, acho que esse que vos escreve não irá pro céu, pois achei demasiadamente demorado o set do moço de cabelo moicano. E uma coisa que percebi logo ao início do show do MONOBLOCO, é que perde-se muito daquele impacto percussivo do desfile nesse formato mais reduzido (logicamente a quantidade de ritmistas é bem menor). A impressão que temos é de uma banda tocando pop de estirpes diversas, com percussão ao fundo e sufocada pelas vozes (5!), guitarra e baixo. O conceito criado de “escola de samba com outra roupagem” definitivamente não funciona, mas não quer dizer que essa proposta de show deixe a desejar, muito pelo contrário. Versões de TIM MAIA, O RAPPA, JORGE BEN, ZECA PAGODINHO, ZÉ RAMALHO, PEPEU GOMES, sambas enredos diversos, entre muitas outras coisas, são executadas com bastante eficiência, agradando principalmente as novas gerações presente ao show. Essa revisitação de clássicos da nossa música teve seu ápice ao convidarem o grande soul man e “hitmaker” HYLDON, que teve a ovação mais do que merecida ao interpretar “Gostava Tanto de Você” e o seu grande sucesso “Na Rua, Na chuva, Na Fazenda”. Muito bom ver um subestimado gênio ter seu talento reconhecido. Boa MONOBLOCO! Há um momento em que os ritmistas fazem solos de seus instrumentos e pelo menos nessa hora, a associação do grupo com o carnaval fica mais latente. Mas a galera se esbalda do começo ao fim e isso é que acaba importando, afinal alguém tem dúvida que independente de como a coisa é executada, o objetivo primordial é fazer o povo tirar o pé do chão??? E a massa se esbalda como se não houvesse amanhã, deixando claro porque o MONOBLOCO faz tanto sucesso com respaldo popular: simplesmente conseguem atingir a maior parte das pessoas possíveis no que elas estão buscando, que é um clima de carnaval fora de época, boas e bem conhecidas canções e muita diversão pra completar o pacote!
Texto: Alessandro Iglesias
Fotos: Néstor Beremblum
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