NO SE PUEDE VIVIR SIN AMOR emenda temporada no TEATRO CÂNDIDO MENDES em Ipanema
A amizade entre a atriz e professora Nara Keiserman e o escritor Caio Fernando Abreu foi a grande motivação para a montagem do espetáculo No se puede vivir sin amor, que entra em cartaz no Teatro Cândido Mendes em Ipanema, de 24 de fevereiro a 31 de março, sempre às terças-feiras, às 21h. A peça é uma coleção dos textos mais poéticos de Caio (morto em 1996), em que o amor é a premissa de uma existência eventualmente feliz e completa.
No se puede vivir sin amor foi concebida a partir de um convite feito a Nara Keiserman pela Feira do Livro de Porto Alegre, para homenagear Caio Fernando Abreu, quando ele completaria 60 anos. Depois a performance foi trabalhada como pesquisa artístico-acadêmica e apresentada em diferentes versões em diversos eventos. Agora estruturada como espetáculo de teatro, mantém-se fiel aos princípios geradores: a homenagem ao autor e o compromisso com a investigação teatral.
O espetáculo segue a linha de teatralidade experimentada pela atriz no Núcleo Carioca de Teatro, assim como no grupo Atores Rapsodos, criado em 2000 com alunos formados na Escola de Teatro da UNIRIO, e aposta em dois conceitos: a utilização da literatura não dramática e a exploração das linguagens de texto e de movimento com canais diferenciados na comunicação com o espectador.
O roteiro inclui os contos Metâmeros, Mergulho II, Como era verde meu vale, Fotografias, Quando setembro vier e Creme de alface; trechos de Última carta para além dos muros, e de Dodecaedro; além de inéditos escritos especialmente para Nara: um poema, uma carta e um texto para o programa de Morangos Mofados.
Foi justamente a amizade entre os dois que determinou alguns aspectos do trabalho, como a predominância do tom afetivo e a escolha dos textos, tematizando o amor e seus derivativos. “Eu fui amiga do Caio o dirigi num espetáculo infantil em 1977, em Porto Alegre, encenei contos de Morangos Mofados em 1982, no Rio de Janeiro, e também (eu) Caio, Jogo Teatral, com textos dele e sobre ele. Seus textos me acompanham desde então e ainda”, revela a atriz.
A encenação lida com a essencialidade. No espaço da atuação, apenas uma mesa, com poucos objetos ritualísticos, duas cadeiras. Seguindo o roteiro textual pré-estabelecido, os gestos e a vocalidade da atriz nascem dos sentimentos/emoções/imagens que emergem do próprio momento vivido, e se dá de acordo com a rede perceptiva estabelecida entre palco e plateia, como pede o bom teatro narrativo. Os vários planos de imaginação vão se somando até a formatação de um universo particular, próprio de cada espectador. No se puede vivir sin amor promove um momento para além do cotidiano, em que se recupera a arte esquecida e ancestral de contar e ouvir histórias e é dado ao espectador o prazer de exercitar serenamente a sua sensorialidade, através dos atos de ouvir e de ver.
Serviço: No se puede vivir sin amor
Data: 24/2 a 31/3, às terças-feiras, às 21h ( Não será permitida a entrada após o início do espetáculo)
Teatro Cândido Mendes
Endereço: Rua Joana Angélica 63 – Ipanema – Tel: 2523-3663
Ingressos: R$40 e R$ 20
Lotação: 103 lugares
Classificação: 16 anos
Duração: 60 minutos
Por Alessandro Iglesias