Nova formação do CANDLEMASS é ovacionada no teatro Odisseia

O DOOM é um dos subgêneros com fãs mais fervorosos dentro de todas as divisões musicais do HEAVY-METAL. Apesar de passar longe da popularidade dos outros estilos, o que sempre se caracterizou uma grande incógnita. As bases do DOOM METAL são as guitarras sujas e bemmmm arrastadas eternizadas nos primeiros discos do Black Sabbath, a banda que estabeleceu os padrões do que se consolidou teoricamente como HEAVY-METAL. Só que tudo ainda mais sombrio e soturno!

Um dos pilares do que viria a se estabelecer como DOOM, os suecos do CANDLEMASS, venderam 15 milhões de discos ao longo de sua carreira de três décadas, mais nada próximo do sucesso e popularidade de grupos como IRON MAIDEN e METALLICA por exemplo, o que muitos consideram uma grande injustiça. Mas o respeito e influência dentro da cena, os consolidou sempre numa posição de grande respeito mediante as novas gerações. Mesmo com as longas pausas ocorridas durante a trajetória e as muitas mudanças de formação.

Apesar de não ter gravado o debut clássico “Epicus Doomicus Metallicus” de 1986 (Johan Länqvist o gravou), o vocalista Messiah Marcolin (considerado pela banda praticamente impossível em se trabalhar novamente), de visual e voz marcantes, é o preferido absoluto dos fãs, até por ter gravado grandes álbuns com a banda (“Nightfall”, “Tales of Creation” e “Candlemass” estão entre eles). Mas entre idas e vindas, foi substituído por Robert Lowe, da conceituada banda texana SOLITUDE AETERNUS, sendo bem avaliado e tendo gravado bons discos com os suecos. Ainda tivemos Thomas Vikström em apenas um álbum (“Chapter VI”) antes de mais uma pausa.

Mais hoje nessa turnê comemorativa de 30 anos da banda, temos duas surpresas: a primeira é a efetivação de Mats Léven na voz dessa empreitada. Já conhecido por trabalhos com o THERION e YNGWIE MALMSTEEN, entre inúmeros outros projetos, não resta dúvidas com relação a sua capacidade. A segunda surpresa é a que gera polêmica. Leif Edling, baixista, principal compositor, considerado a “alma” do CANDLEMASS, não participará dos shows por questões de saúde. Fãs chegaram a comentar que seria a mesma coisa que ver o SABBATH sem Tony Iommi, ou IRON MAIDEN sem Steve Harris. Resumindo, muita desconfiança pairando ao redor desta reunião comemorativa.

E a “prova dos 9”, nós do Rio de Janeiro pudemos ver nessa quarta-feira (20/04), véspera de feriado, no teatro Odisseia. Uma coisa é certa… Não vimos o CANDLEMASS clássico nos palcos. Em virtude da adaptação para a nova formação, a afinação foi baixada para o vocal mais “metálico” de Mats Léven (um grande “frontman” por sinal), fazendo com que a banda soasse bemmmmmmmm mais pesada e suja. O alto volume e a “embolação” do teatro Odisseia corroboraram ainda mais para essa sensação.

O lado positivo foram que os rifs arrastados ficaram ainda mais caóticos e poderosos em sua essência. Era uma outra banda sim, mas fazendo um show FENOMENAL! A interação entre público e o bardo sueco foi incrível. Rótulos a parte, foi um show de HEAVY-METAL em sua essência maior, daqueles que o espectador vai para casa com o ouvido zumbindo (algo como um orgasmo para os fãs do gênero)…

Vale lamentar a ausência de um público maior, mas os valores dos ingressos somados ao momento de crise, fora a grande demanda dos shows na cidade, realmente dificultam as coisas. Só nos resta lamentar, uma pena que muitos não tenham feito parte deste grande acontecimento…

E os clássicos foram enfileirados em uma sequência matadora no final (“Under the Oak”, “Att the Gallow’s End”, “The Prohpecy”, “Dark Refletions”, “Crystal Ball”, “Solitude”) de tirar o fôlego!!! A ovação final deixou todos com a esperança que essa formação ainda tem muita “lenha pra queimar”, e que não deveria encerrar atividades como o previsto após essa sequência de shows. Que venha um novo álbum dessa nova fase! Fica a torcida de todos que lavaram a alma na noite de ontem…

Texto por Alessandro Iglesias

FOTOS Eduardo Leão

 

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