Novo álbum traz um Bon Jovi sonolento e repetitivo

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Poucas bandas mundiais conseguem uma continuidade e identidade em seus trabalhos ao longo dos anos. O Bon Jovi é uma delas. Ou pelo menos era. Às vésperas de completar 30 anos, o grupo americano lançou na última terça-feira (12) o seu décimo segundo disco, o “What About Now”. Na tentativa de repetir a fórmula que consagrou o grupo com mais de 150 milhões de cópias vendidas ao redor do planeta, o novo trabalho mistura o clássico hard rock  dos anos 80 com a levada pop que o lançou no cenário mundial. A presença de bastante baladas é a grande preocupação quanto ao álbum em si. Produzido por John Shanks, que já trabalhou com os roqueiros do Van Halen e as musas do Pop Miley Cyrus e Miranda Cosgrove, mostra essa ambiguidade de estilos musicais.

Intercalando baladas e canções onde riffs são os condutores, o CD apresenta um Bon Jovi “trintão”, mas que mantêm em Jon Bon Jovi e sua voz, a grande atenção. O álbum não é de todo descartável em meio a inúmeros sucessos anteriores, porém passa longe de deixar grandes momentos. Apesar da crítica negativa em algumas publicações internacionais quanto a constante utilização de músicas mais lentas e distante do som pesado de hits como “It’s My Life” e “Have A Nice Day”, é disco que agrada aos não tão exigentes, mas certamente fará “torcer o nariz” àqueles mais radicais. Com turnê “Because We Can” que se iniciou seu passeio mundial em fevereiro e estará no Brasil no dia 20 de setembro, no Rock in Rio, o grupo vem alcançando boa aceitação popular.

O álbum traz nas três primeiras canções, cartões de visitas para lá de apelativos e que mostram justamente essas faces descritas anteriormente: Pop, balada e um pouco do tradicional estilo “hard rock anos 80”. Abrindo o CD está o single que dá nome a turnê e foi lançada no início do ano, chegando ao Top 100 das paradas norte-americana, a “Because We Can”. Com a marca do rock misturado ao pop que consagrou inúmeras canções, a música traz um Jon Bon Jovi com bastante mixagem na voz para dar uma sonoridade característica e um som que torna a faixa chamativa e comercialmente atraente. Se a letra está distante das inspiradas obras já escritas, torna-se uma sonoridade que passeia pelo pop e apresenta um distanciamento quanto ao som do Bon Jovi. Mas ao contrário das pesadas críticas de seu lançamento, não é um trabalho desprezível.

A segunda canção é uma balada que lembra um pouco alguns bons momentos da banda, a “I’m With You”. Tem uma letra romântica, mas longe de ser poesia. Jon Bon Jovi é sempre seguro nos vocais e tem no seu timbre um dos grandes trunfos do disco. Na sequência vem “What About Now”, que na introdução traz uma sonoridade que parece o grande Bon Jovi. O excelente arranjo de cordas é o destaque da faixa e chama a atenção, mas para por aí. A letra deixa a desejar e a melodia está longe de ser inspirada como em outras músicas do grupo. Mas apesar de não ser um primor, é um dos destaques do álbum, que a partir daí começa com várias faixas que deixam o disco sonoleto e cansativo, como “Amen”. Outras se utilizam de estilo repetitivo, nos casos de “Pictures of You”, “That’s What the Water Made Me” e “Army of Ones”.

“Thick as Thieves” dá início as faixas que preparam para a finalização do CD. E novamente as baladas dão o tom do trabalho, como a “Room at the End of the World” e a última, “The Fighter”. Ao todo são doze canções e muita repetição de arranjos ou estilos, o que deixa a sensação de que ouvimos o disco anteriormente com outros artistas e um tanto enjoativo.

Está longe de ser um trabalho ruim, mas deixa a desejar quando tratamos de uma banda que superou o próprio estilo ou tempo e se tornou uma grife. Para os jovens que estão empolgados com a chegada dos cinquentões ao Brasil para a turnê em setembro, pode parecer que a banda não é do nível que “sempre ouviram falar”. Já para os fãs de outras gerações soa como um tanto decepcionante para quem esperava um Bon Jovi com hits e mais junto da sua perfomance de grandes canções.

OUÇA O SINGLE “Because We Can”

Por Bruno Guedes

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