NOVO SOM: Conheça o som instrumental de Ana de Oliveira e Sérgio Ferraz
Formado pelo compositor e multi-instrumentista pernambucano Sérgio Ferraz e pela violinista paulista Ana de Oliveira, ambos radicados no Rio de Janeiro, o duo está lançando seu CD de estreia, “Carta de Amor e Outras Histórias” (Independente / distribuição Tratore).
De fato, o violino de Ana de Oliveira, que ora se transfigura em rabeca e os violões de oito e doze cordas de Sérgio Ferraz, nos remetem a uma viagem sem igual ao vasto sertão sonoro proposto pelos dois exímios musicistas contemporâneos: Ana, com longa atuação como spalla de importantes orquestras e grupos de câmara brasileiros e Sérgio, um prolífero compositor com diversos discos já lançados, referência na música instrumental brasileira.
O disco começa com o samba-baião “Floresta do Navio”, que foi composto em homenagem à Floresta, cidade natal do pai do compositor no sertão pernambucano. Sua profundidade e riqueza composicionais se destacam na Suíte Armorial para violino e violão, originalmente composta por Ferraz em 2012, na forma de Concerto para violino e orquestra em três movimentos, dedicada ao escritor Ariano Suassuna. Aqui, ganhou uma adaptação para violino e violão de 12 e 8 cordas e ganhou mais um movimento (Festa na Aldeia). “Mestre Salu” (1º movimento) é dedicado ao rabequeiro e mestre de maracatu rural, Mestre Salustiano e representa a união da cultura erudita e popular. O segundo movimento, “Lamento” expressa a aridez do deserto, as origens mouras quando essa cultura dominou a península ibérica deixando lá seus traços culturais. Já o movimento seguinte, “Zumbi”, apresenta-se como um maracatu de baque virado dedicado ao líder negro Zumbi dos Palmares. “Festa na Aldeia” conclui os quatro movimentos e nos remete às danças medievais e às danças populares do Nordeste brasileiro.
Sérgio Ferraz faz sua homenagem ao Rio de Janeiro em “Dia de São Sebastião” – primeira música escrita em solo fluminense e composta para violão solo, improvisada no estúdio com violão de 8 cordas, acrescida posteriormente de um segundo violão. O duo presta ainda uma homenagem ao grande músico fluminense Egberto Gismonti, em “Lôro” e “Frevo”, além da quase-valsa lenta “Eterna” (para violino solo) e a peça “Carta de Amor”, “ligadas entre si por uma criativa cadenza, composta pela própria violinista”, como bem registrou Ricardo Tacuchian no encarte concluindo sobre as obras do homenageado: “deste tríduo, onde perpassam elementos impressionistas e jazzísticos, como num sonho, sai o título do CD “Carta de Amor e Outras Histórias”. Sim, são muitas estórias amorosas porque somos muitos “Brasis”.
O CD “Carta de Amor e Outras Histórias” foi gravado em junho de 2019
e já disponível também nas plataformas digitais. Aperte o play: