Novo som da banda All We Are, de Liverpool, tem influência brasileira

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A banda formada em Liverpool se encontra em Hamburgo, a poucas horas do primeiro show naquela cidade. Um dia foram os Beatles, agora é o All We Are, que lançou, em fevereiro, seu álbum de estreia, que leva o nome do grupo. Saudado por revistas como a americana “Spin” e a britânica “Q”, o disco, lançado pelo selo Double Six Records (subsidiário da gravadora indie inglesa Domino, onde estão Arctic Monkeys e Franz Ferdinand) pôs em evidência um trio de amigos que se conheceu em uma escola de música: o irlandês Richard ’OFlynn (bateria, vocais), a norueguesa Guro Gikling (baixo, vocais) e o curitibano Luís Santos (guitarra, vocais).

— Viemos de lugares diferentes. O baterista, por exemplo, gosta de hip-hop e funk. O sentimento da música brasileira, a melancolia da bossa, com certeza são coisas que eu coloco — contou por telefone, em bom português, Luís, de 28 anos.

O elemento brasileiro dessa banda que já descreveu o próprio som como “boogie psicodélico” e “Bee Gees tomando Diazepam” (eles também abusam dos falsetes) começou criança, tocando clássicos, MPB e choro no violão. Mais tarde, como guitarrista, juntou-se à banda de blues do pai. O caminho natural, depois do colégio, foi estudar música. Na web, ele encontrou o Liverpool Institute For Performing Arts (o LIPA), onde entraria em 2006.

— Fui estudar guitarra e lá conheci o pessoal da banda. Durante o curso, participamos de vários projetos juntos. Antes de tudo, éramos amigos — diz.

No começo, o que valeu, segundo Luís, foi o velho “faça você mesmo”. Eles arrumaram um estúdio em Liverpool, onde gravavam sozinhos suas músicas. Depois, as colocavam na internet.

— E depois de gravar as músicas, tivemos que aprender a tocá-las. Afinal, éramos três guitarristas. A Guro foi para o baixo e o Richard teve que aprender bateria. Só que ele aprendeu do jeito dele, até hoje toca em pé. Fui o sortudo que ficou na guitarra. Foi uma coisa nova para nós, eu nunca tinha cantado no palco — diz o brasileiro, que comenta ter se adaptado bem a Liverpool. — A cidade tem uma comunidade de artes forte. Apesar de pequena, dá muitas oportunidades para você tocar. E lá todo mundo se ajuda. É diferente de Londres, onde o pessoal é mais cada um por si.

Turnês com os grupos Warpaint, Jungle e London Grammar ajudaram o All We Are a expor sua música. Num dos shows, a Double Six/Domino comprou o passe do trio.

— A Domino é uma gravadora que a gente sempre admirou bastante, ela nos deu um apoio muito bom. Eles acreditam nos artistas e dão tempo para eles se desenvolverem.

Por sugestão da gravadora, Dan Carey (produtor de discos de Franz Ferdinand, Kylie Minogue, Cansei de Ser Sexy, M.I.A., Lily Allen e Hot Chip) foi chamado para cuidar do álbum de estreia.

— Fomos para o estúdio na casa dele, o ambiente caseiro nos deixou à vontade. O estúdio tem pedais e guitarras dos anos 1950 e 60, tudo bem orgânico. Era tocar e ver o que se encaixava nos arranjos — relata Luís, um confesso viciado em pedais de efeitos.

— Foi importante capturar esse sentimento, achamos que o nosso som é mais completo ao vivo — explica Luís. — Não tocamos com computadores ou metrônomos, na medida do possível a gente tenta construir tudo no palco. Os loops de guitarra são criados na hora. A gente tenta fazer um som grande e até certas vezes meio atmosférico. Toco com três amplificadores de guitarra!

Luís diz que a campanha do álbum está indo bem nos EUA — há planos de tocar este ano lá, bem como na Austrália e no Japão. No verão, eles participam dos principais festivais da Europa (como o Glastonbury, na Inglaterra, em junho). E o Brasil?

— Não vejo a hora de voltar e tocar aí, sinto bastante falta. Os empresários estão vendo a melhor hora. Vai ser neste ano ou no ano que vem.

https://www.youtube.com/watch?v=_s6Sx4POl3k

Fonte: Silvio Essinger – Globo.Com

Por Alessandro Iglesias

 

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