Novos Baianos na Fundição Progresso

Os Novos Baianos – Moraes Moreira, Baby do Brasil, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão – continuam na estrada com sua turnê “Acabou Chorare os Novos Baianos se encontram”. Desta vez, desembarcam na Lapa para apresentarem um repertório marcante, passando por toda a trajetória da banda. Serão dois dias de apresentação, 18 e 19 de agosto, sexta-feira e sábado, na Fundição Progresso.

O show emana história nos pequenos e grandes detalhes, todos especialmente pensados e desenvolvidos pelo premiado e elogiado Gringo Cardia. No palco, uma Caravana completamente hippie saúda o público, trazendo os astros da noite. Carro este que relembra o período em que os Novos Baianos moraram dentro de um, por falta de dinheiro. O cenário é composto por decorações coloridas, em meio a baldes pendurados por todo o palco, deixando claro a inspiração na capa do disco mais significativo do grupo, o Acabou o Chorare (1972).

São raras as bandas que podem dizer que suas músicas atravessam diversas gerações, como os Novos Baianos. O grupo teve seu apogeu nos anos 70, ápice da ditadura militar e de um cenário de repressão e censura. Como em um trecho da música “Anos 70”, que leva o nome do período, não à toa, uma das canções de maior sucesso e um verdadeiro hino da época, apesar das dificuldades enfrentadas, eles acabaram deixando marcas na imagem e no som. De lá pra cá, sucessivas gerações de artistas e fãs seguem ouvindo e sendo influenciadas pela modernidade presente em hits como  “O Samba da Minha Terra”, “Preta Pretinha”, “Brasil Pandeiro”, “Acabou Chorare”, “Mistério do Planeta” e “A Menina Dança”, todas essas e tantas outras presentes no repertório da turnê.

Seus trabalhos são atuais em todos os tipos de análises possíveis, soam contemporâneos musical e historicamente. Em virtude disso, em 2007, a edição brasileira da Revista Rolling Stone convocou estudiosos, produtores e jornalistas para eleger os maiores discos da nossa música em todos os tempos. “Acabou Chorare” foi eleito o melhor.

É interessante como a contemporaneidade da arte os torna atemporais. Os “novos” Novos Baianos permanecem tão jovens quanto aqueles amigos que, inspirados no movimento Tropicália dos anos 60, se levantaram diante das injustiças e usaram suas músicas como maneira de se expressar. Talvez o destino tenha feito tudo isso pensado: o começo, o conceito, o hiato e a volta. O mesmo destino que Moraes sabiamente analisou em carta aberta aos fãs:

“O destino fez seus planos, os laços das ideias e dos ideais nos fizeram irmãos. Somos um todo, a soma das partes, no ofício das artes. Por mais que a vida nos leve por caminhos diversos, o tempo se incumbe de promover encontros e reencontros. É bom que assim seja, pois quando acontece, é de forma intensa e verdadeira. Podemos então matar a saudade de uns e a curiosidade de outros”.

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