NUCLEAR ASSAULT avassalador no teatro Odisseia

Pela segunda vez temos o Nuclear Assault tocando no Rio de Janeiro! Uma das bandas mais importantes da efervescência Thrash norte-americana que surgiu no início dos anos 80, mas infelizmente sem alcançar a notoriedade dos principais nomes do estilo. Danny Lilker!!! A história desse indivíduo se confunde com a da cena, e se conecta com a de outro grande do gênero: o Anthrax! Após participar de uma das primeiras formações da banda e gravar o debut “Fistful of Metal” em 1984, “Dan” queria uma sonoridade mais personalizada ao seu estilo, e através do recrutamento de Jonh Connely (voz marcante, que também figurou nos primórdios do Anthrax), montou a “agressão nuclear” que tanto queria, um mix poderoso de speed metal, passeando pelo thrash, hardcore, bastante “groove” (tendo sido considerado por muitos um grupo Crossover) e letras com incisivas críticas sociais (o que também os aproximou bastante da cena hardcore).

Apesar do status relevante, nunca chegou perto do sucesso de outros congêneres do estilo, como Metallica, Slayer, Megadeth e o próprio Anthrax (os denominados “Clash of Titans”, a dita comissão de frente do gênero). Entre idas e vindas, o bardo novaiorquino voltou com força total em 2011, e apesar de não repetir a visibilidade do início, se mantém com louvor! Nesses intervalos do NA, Danny Lilker reafirmou seu status de lenda a frente do Brutal Truth, e integrando o grande SOD, com Billy Milano.

E apesar de toda a relevância citada, os caras não perdem sua essência underground… Em um teatro Odisseia com bom público, terça-feira (23/05), Jonh Connely e Lilker vieram a frente do palco, afinaram instrumentos, papearam com os fãs, isso antes do show começar… Clima totalmente intimista! Mas o clima “paz e amor” foi por pouco tempo. Porque quando os trabalhos deram início, foi um “soco no queixo”! O recado era urgente, brutal, conciso e quase extremo. A sonoridade do Nuclear Assault apesar de não flertar tanto com extremo, é construída de músicas mais curtas e não tão abrangentes no sentido técnico, mas que dão o seu recado com grande louvor. E ao vivo, acrescido de um volume desproporcional ao espaço, que sim, “estourava” em grande parte, mas que para o contexto geral, deu uma sonoridade mais “deliciosamente suja” para o concerto. Curto sim (1 hora), mas que não deixou nenhum fã insatisfeito e sem ficar com o ouvido zumbindo.

Todos os grandes momentos da trajetória do grupo foram passados, principalmente referente aos álbuns “Game Over” (1986) e “Handle With Care” (1989), os mais incensados pelos fãs, e como “presente” a inclusão das vinhetas que antecediam as músicas, para o pacote ficar completo. Vale ressaltar a capacidade técnica dos outros dois integrantes: Eric Burke impressiona com seus duelos de incrível rapidez com Conelly, que ressalta o belo entrosamento entre ambos. Uma curiosidade é o fato de sempre tocar descalço, algo não muito comum em se tratando de som pesado, né?

Muito dessa velocidade com intensa agressividade desprendida no show (além do que costuma ser inerente ao estilo), devemos ao incrível baterista Nick Barker, um mestre de precisão e pedaleira dupla. Chega a impressionar, mas não é novidade. No currículo do cara tem participações com Testament, Dimmu Borgir, Cradle of Filth, Brujeria“Monstro” das baquetas, uma bela aquisição a instituição NA!

Vale ressaltar o alcance de voz de Jonh Connely, que absurdamente se mantém intacta, sem nenhuma “baixada” de tom. A viagem ao tempo áureo dos primórdios do Thrash ficam mais reais com um mínimo fechar de olhos. É como se estivéssemos há mais de 30 anos atrás! Os mais novos então, recebem como um belo presente, já que muitas bandas do gênero demonstram sinal de cansaço, principalmente nos shows, o que é plausivelmente compreensível pela idade que avança nos seus integrantes precursores…

E Danny, é o carisma em sua síntese! Fica a cargo da comunicação com o público, e como citei anteriormente, com todo o peso de sua contribuição a música, se comporta de uma forma tão natural, que poderia ser confundido com qualquer headbanger no meio da pista… O cara é um dos símbolos máximos do underground! E numa cidade que na mesma data teve feriado de São Jorge e Dia do Choro, os ouvintes de música pesada também tiveram seu momento de devoção. Vida longa ao Nuclear Assault!

Texto: Alessandro Iglesias, Fotos Vanessa Pinto

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