O álbum das Escolas de Samba de 2013 está com mais qualidade em sua produção
No último sábado (10), o “Cult Magazine” teve a oportunidade de conferir o CD das Escolas de Samba 2013 com exclusividade. O trabalho que envolveu aproximadamente 20 mil pessoas em quase um mês, de produtores até os que participaram do coro, ele chegará às lojas na próxima semana e com preço sugerido de R$ 24,99.
Novamente repetindo a fórmula de sucesso dos últimos três anos, o CD das Escolas de Samba é gravado ao vivo, reproduzindo ao máximo o modelo de “Avenida num álbum”. Por essa razão, as características das agremiações são mantidas com fidelidade, desde o andamento e ritmo das baterias até o estilo de cada intérprete. É um trabalho que não visa transformar as obras em algo radicalmente pasteurizado para o rádio, mas sim se aproximar do que cada escola realmente pensa em tratar seus sambas. É um produto que cresceu e chegou ao grau quase que máximo de qualidade. A fórmula de colocar as faixas conforme a colocação das agremiações no ano anterior foi mantida.
Diferente das décadas anteriores, quando os discos eram executados a partir de novembro de forma exaustiva, atualmente o álbum é lançado oficialmente no início de dezembro e, graças a dinâmica do mercado, fica apenas dois meses nas rádios. Porém, a boa recepção da crítica nos últimos anos fez com que as vendas tivessem uma ligeira melhora, aliada às mudanças de produção já citadas anteriormente. Neste ano, a voz dos intérpretes está mais viva e o grupo de coro não tão alto, tornando o produto final ainda mais agradável para se escutar e apreciar as obras que embalarão as escolas.
Outra característica marcante do álbum é o bom andamento rítmico das baterias, sem correria ou qualquer aceleração que já ocorreu em outros trabalhos. Por ser gravado ao vivo, os produtores tiveram a preocupação de manter no disco, ainda que reproduzindo a atmosfera da Sapucaí, uma qualidade sonora para execução doméstica. E aí está o dedo dos competentes Laíla, Mário Jorge Bruno e o arranjador Alceu Maia, que valorizam ao máximo as obras, não apenas os artistas envolvidos no CD.
Com aproximadamente duas passadas do samba para cada agremiação, a primeira traz os intérpretes com a voz limpa e sem a interferência de efeitos externos, como os corais excessivamente altos. Esses, aparecem na segunda passada apenas e de forma equilibrada. A lamentar apenas as escolas com muitos intérpretes. Das 12 que participam do CD, 5 levarão mais de um puxador para o carnaval. Porém, contrário da Avenida, eles não cantam todos juntos no álbum, mas cada um interpretando um trecho do samba. Acaba se tornando uma salada de vozes em algumas faixas.
Tradicionalmente começando pela faixa da escola campeã do ano anterior, a Tijuca esse ano decidiu impor um ritmo mais devagar e valorizando a obra e o excelente intérprete Bruno Ribas. O grande destaque da obra da agremiação do Borel é o irreverente verso do refrão: “Metade do meu coração é Tijuca, a outra metade é Tijuca também”. Com melodia que mantém as características dos anos anteriores, há bom entrosamente com a letra e pode crescer bastante até o carnaval. Nessa gravação já podemos notar as qualidades supracitadas da produção e ver como o profissionalismo chegou ao setor.
Em seguida vem o Salgueiro e com uma das suas maiores características, um samba extremamente popular em seu refrão. Com uma melodia que se destaca pela agradabilíssima gravação da Furiosa, como é conhecida a bateria da escola, o samba tem como principal destaque os versos “Vermelha paixão no peito, tem banca, moral e respeito”. Entre os compositores da obra está Marcelo Motta, que nos últimos anos vem ganhando excelentes trabalhos na casa. E novamente repete o sucesso.
A faixa seguinte é um dos grandes sambas de 2013: Vila Isabel. Não só pela qualidade absurda de letra e melodia, mas pelos compositores que assinam, como Arlindo Cruz, Martinho da Vila e o maior vencedor da escola, André Diniz. Tonico da Vila e Leonel completam a seleção que compôs uma obra que tem tudo para ser o grande destaque do carnaval 2013. Mas o que mais chama a atenção na gravação, sem dúvidas, é o excelente trabalho do intérprete Tinga e da bateria. Irretocáveis.
Depois dela está a tradicional Beija-Flor de Nilópolis, que leva mais uma vez um samba com as suas “digitais”: Melodia que passeia por tons maiores e menores, letra densa e um refrão que é voltado para sua comunidade. O lado negativo fica para o totalmente desnecessário efeito sonoro de um cavalo na abertura do grito de guerra do Neguinho da Beija-Flor. Na sequência vem outra escola da Baixada, a Grande Rio. O enredo para lá de complicado para carnaval, falar de royalties de petróleo retirados do Rio de Janeiro, refletiu no samba-enredo. Não é do mesmo nível dos outros do CD, ainda que tenha uma gravação espetacular do bom Émerson Dias e da volta do tradicional Nêgo à agremiação de Caxias.
A sexta faixa é a melhor do disco. Uma outra obra-prima oriunda de uma escola que exala tradição já no nome: Portela. Mais uma vez os consagrados compositores “de meio de ano” Wanderley Monteiro e Luiz Carlos Máximo extraíram o supra sumo da poesia e inspiração para a obra. Dessa vez junto de André do Posto 7 e Toninho Nascimento, os autores capricharam na melodia e acharam uma letra perfeita para descreverem o bairro de Madureira. Não há o que se falar desse samba a não ser colocar no “repeat” e apreciar. Não menos tradicional é a que segue, a Mangueira. Novamente mantendo o estilo de seus hinos, a verde e rosa conseguiu juntar letra e melodia de forma agradável para o enredo sobre Cuiabá. O destaque fica para o bom intérprete do carnaval paulistano Agnaldo Amaral, que faz sua estreia no Rio de Janeiro. Além dele, cantam Vadinho, Ciganerey, Luizito e Zé Paulo.
Tradicionalmente famosa por ter sambas que embalaram gerações como “É hoje”, “Domingo”, “Amanhã” entre outros, a União da Ilha levará um samba novamente nos seus moldes. Não com a qualidade de outrora, mas com a mesma empolgação. E isso pode ser ouvido na excelente gravação do Ito Melodia e da bateria dos Mestres Riquinho e Odilon, de volta à agremiação depois de quase vinte anos. Outra escola também famosa por seus sambas vem depois, a Mocidade Independente de Padre Miguel. E mais uma faixa de produção e gravação perfeita. Destaque para o bom intérprete Luizinho Andanças, uma das vozes mais potentes do carnaval, junto da bateria. O som da guitarra floreando o refrão do meio ficou discreto e bem encaixado, já que o enredo é sobre Rock in Rio. Apostando numa dupla de peso em seus microfones, a Imperatriz mostra um samba agradável. Principalmente para que possamos admirar dois gigantes do carnaval cantando: Dominguinhos do Estácio e Wander Pires. A bateria impõe um ritmo para lá de excelente. Uma boa faixa.
Depois dela está uma das mais irreverentes agremiações do carnaval, a São Clemente. Apostando novamente num enredo popular, falar sobre as telenovelas, o samba é repleto de expressões e palavras que o ouvinte consegue entender e se identificar na primeira audição. Como “Inshalá”, “Quero ouro” “Viúva Porcina” etc. Há também um dos versos mais bem feitos desse ano, o “Coragem, irmãos, que a viagem tem os dramas da vida que imitam a arte”, num trocadilho do nome das novelas com o drama que os três irmãos que comandam a agremiação passaram esse ano, com o falecimento da mãe e fundadora. O intérprete Igor Sorriso já está entre os melhores do carnaval e prova isso numa atuação impecável.
A grande estreia do ano encerra o disco de 2013. A Inocentes de Belford Roxo, que quase viu seu sonho de desfilar no Grupo Especial encerrado após acusações do resultado do último carnaval, não comprovadas, fará um debute em grande estilo. Além de contar com as belas vozes de Thiaguinho Brito e o experiente Wantuir, apresenta um dos bons sambas da safra. Falar de Coreia do Sul é dificil, mas os compositores conseguiram traduzir toda a sinopse de forma que a melodia não fosse deixada de lado.
Por Bruno Guedes
A CAPA DO CD ESTÁ MUITO BEM ESTAMPADA,VALEU A TODOS,QUE TENHAMOS UM CARNAVAL,SEM VIOLENCIA,SÓ ALEGRIA E MUITO SAMBA NO PÉ,QUEM NAO GOSTA DE SAMBA BOM SUJEITO NAO É RUIM DA CABEÇA OU DOENTE DO PÉ,É ISSO AI.
Meio precipitado a análise dos sambas que estão sendo observados sob que parecer técnico (?) , apenas melodia e letra(?) … sem considerar seu o andamento na avenida que é totalmente diferente, assim como a relação público x samba x desenvolvimento do enredo.