Paramore flerta com o Pop em ‘After Laughter’ e mantém seu rock jovem vivo

Uma das bandas ícones da juventude, o Paramore já está há quase 15 anos fazendo um rock em um cenário onde o pop domina. Sem deixar de lado sua personalidade única, o novo trabalho dos americanos, “After Laughter”, prova que a banda é uma das que ainda mantém o gênero popular nas rádios. E para isso, tenta flertar com o pop ou referências que o tornem em alta num mercado dominado por cantoras sexy e ritmos iguais.

São 12 faixas e uma capa que deixa nítida essa conversa com os jovens, público alvo deles. É o primeiro álbum desde a volta do baterista Zac Farro, que deixou a banda com seu irmão Josh, em 2010, e de a saída do baixista Jeremy Davis, que saiu em 2015. Até por isso, a bateria volta a ser referência em diversas partes. Produzido por Justin Meldal-Johnson e Taylor York, um dos integrantes, o Paramore mistura diversas referências e acerta em cheio. De novo.

O disco abre com o single que, lançado há três semanas, se tornou uma coqueluche nas redes sociais e em uma semana bateu a casa de um milhão de visualizações no Youtube: “Hard Times”. A primeira vez que ouvi, repeti outras 10 vezes. Impossível não se deixar levar pelo refrão e a pegada pop/indie/anos 80.

Inclusive o clipe da canção tem esses traços, com o carisma da Hayley Williams em seu rosto pintado à lá Lady Gaga, Adriana Calcanhoto e Cyndi Lauper. As guitarras lembram muito os riffs de Men At Work, outro ícone dos anos 80. A letra, pesada, falando em dor e fundo do poço, contrasta com o colorido da melodia e vídeo. Um dos melhores momentos do ano na música internacional.

“Rose-Colored Boy” mantém essa pegada, flertando novamente com o pop/rock e os sintetizadores dos anos 80. Divertida e muito alegre, a faixa novamente tem uma letra pesada que é a antítese de tudo. “Told You So” é mais um dos singles, porém a última nessa sequência quase propositalmente misturando estilos. Muito parecida com as anteriores, traz uma jovialidade que o Paramore carrega na sua identidade e fãs.

Com “Forgiveness” a coisa começa a mudar. Voltando ao seu estilo mais “rock limpo”, os americanos mantiveram a temática pesada, mas com em sua normalidade musical. E isso tudo para em “Fake Happy” abrirem com um quase sussurro da Hayley, que explode em um refrão forte.

E não poderia faltar as baladas. Uma delas é “26”, que tem um arranjo lindo, com violinos, violão acústico e a vocalista colocando todo seu talento em favor de versos como “Não se deixe levar por ninguém / Eles dizem que sonhar é livre / Mas eu não me importaria o quanto isso me custasse”.

Em “Pool” podemos ouvir a bateria de Zac Farro em sua batida seca desde o início, um ícone do som do Paramore. Essa canção tem, aliás, “a cara” do grupo. Com alguns sintetizadores, lembra bastante o estilo do começo da carreira, principalmente na forma de cantar da Williams. E isso é repetido em “Grudges”.

Mas em “Caught In The Middle” vem o estilo “banda de garagem”. Até a mixagem é diferente, propositalmente com a maior naturalidade possível. Inclusive com alguma pegada de reggae nas guitarras do Taylor York. Outro grande momento do disco.

“Idle Worship” é o Paramore tradicional. Rimas sendo jogadas de forma quase como batalha de rap, como Hayley adora fazer ao vivo. Com alguns sintetizadores, novamente o som seco e limpo dos instrumentos prevalece para letras como “Não me deixe eu te decepcionar” ou “Sou apenas uma garota / E você não está tão sozinho quanto se sente“.

A “No Friend” não tem a voz da cantora, mas tem uma sequência intrigante, quase como se completasse a anterior, com uma voz masculina, que parece ser do Taylor, enviando uma mensagem. Instigante, original e Paramore.

“Tell Me How” termina o disco com a vontade de continuar. É uma quase balada onde perguntam: “Diga como me sentir sobre você agora / Diga-me / Sufoco ou deixo ir?”. Mesclando momentos de ritmo com batidas cantadas, a música é a prova de que o Paramore tenta salvar o rock o tornando popular e muito jovem. O tempo dirá.

 

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