Peça de Anton Tcheckhov estreia no Teatro Glaucio Gill
O cenário é envolto por 6 mil girassóis artificiais em ‘A Gaivota’. Peça do russo Tchekhov é repleta de reflexões sobre a criação.
Uma primavera precoce invade o Teatro Glaucio Gill em nosso rio de janeiro ainda invernal. Fruto do espetáculo “A Gaivota”, clássico de Anton (1860-1904), inúmeros girassóis artificiais foram espalhados para decorar palco e poltronas. Até mesmo as cortinas foram despidas e o ambiente surge com novos ares: o público entrará pela porta dos fundos e poderá se acomodar nas coxias onde há 60 cadeiras.
Depois de passar por uma reforma ano passado,o teatro recebe o público mudando o ambiente de acordo com a concepção de cada espetáculo.
“A ideia é ligar o teatro inteiro, o palco com a plateia e a entrada de serviço, sem qualquer delimitação rígida de espaço”, diz Bruno Siniscalchi, que faz sua estréia como diretor.
Em cartaz a partir desta sexta-feira, dia 31/8, a cena é criada em torno de um jovem e atormentado escritor (Gabriel Pardal), filho de uma atriz famosa (Carlas Ribas) que decide apresentar sua peça no círculo social da mãe mas fracassa 2 vezes. Não conseguindo suprir as expectativas e perdendo dua amada (Julia Lund) que se apaixona pelo namorado da mãe (Ricardo Gonçalves).
Encenada pela primeira vez em 1896 – recebida debaixo de vaias pelos espectadores do Teatro Alexandre, em São Petersburgo –, A Gaivota foi, ao longo das décadas, se tornando um dos textos mais montados de toda a história. A peça apresenta um labirinto de citações e reflexões em torno da criação e do fazer artísticos. Os atores interpretam personagens que se apresentam como fragmentos de sua própria individualidade. Os diálogos, todos inacabados, se completam na relação com o que não está dito.
“O texto é composto por fragmentos, que formam um mosaico. Não existe verdade absoluta. O fracasso do personagem não quer dizer que ele esteja certo ou errado”, explica Siniscalchi. “As coisas mudam de uma cena para a outra, e o bacana é cada indivíduo tirar dali uma parte de sua história”.
A montagem recebe citações de outros atores como Shakespeare e Maupassant. A trilha sonora assinada por Domenico Lancellotti sofre interferências com a adição de um áudio específicio do filme de Jean-Luc Godard.
Em meio a tantos girassóis, os atores sacam livros que antes estavam escondidos, e durante a apresentação recitam alguns trechos que também constituem esses fragmentos.
Programação:
Teatro Glaucio Gill, Pc Card Arcoverde – Copacabana
De 31 ago 2012 até 1 out 2012
dom, seg, qui, sex e sáb 20:30
R$ 20.00
Por Juliana L. Farias