Pela primeira vez Oi Futuro Flamengo abre suas janelas para a arte
A partir do dia 26 de novembro, quem estiver caminhando pela Rua Dois De Dezembro, no Flamengo, terá uma surpresa. Pela primeira vez, quatro grandes janelas da tradicional instituição cultural serão transformadas em obra de arte. A convite do curador Alberto Saraiva, o artista carioca Antonio Tebyriçá criará novas paisagens para serem vistas de fora para dentro do espaço do Oi Futuro.
A intervenção “Janelas Internas” promoverá um diálogo com pedestres e espectadores. O jovem e promissor artista, de 27 anos, aplicará pinturas abstratas com vinil de plotter em quatro janelas, três de 2 por 4 metros de altura, e uma menor de 2 metros por 2 de altura. “É mais um projeto que uma exposição. O suporte (janelas), imagens contrastantes e elementos arquétipos que utilizo na minha pintura atual foram o que me guiaram”, explica Tebyriçá.
Formado em designer pela PUC-Rio, Antonio Tebyriça decidiu viver profissionalmente de arte há cinco anos. Meus pais são artistas plásticos e cresci indo a exposições e museus. Demorei para perceber que era artista, mas talvez tenha sido um caminho óbvio”, analisa.
Fã de pintores impressionistas alemães e de brasileiros, como Rafael Alonso, Gabriel Secchin e Antônio Dias, o artista imprime uma linguagem de rua à sua obra, fruto de suas andanças de skate pelas pistas da Zona Sul carioca. Em sua narrativa, pedaços de madeira, objetos deixados em entulhos e outros suportes ganham novas roupagens e significados. Para ele, que se locomove sempre de skate, deslizar por entre as ruas, interagindo com os obstáculos do caminho, é a melhor metáfora para seu processo de arte.
Colecionador de selos, peças usadas de xadrez, cartas antigas e zines, Antonio aplicará nos vitrais da Oi Futuro uma base de cores saturadas onde os arquétipos, sejam dois sois, uma mula sem cabeça ou um hieróglifo a decifrar, surgirão de maneira inesperada. “Será um diálogo interessante, pois as janelas, através das quais se vê a paisagem de dentro para fora, terão sua função invertida, onde o espectador verá a paisagem de fora para dentro. Gosto destes contrastes contextuais abruptos, pois as grandes coisas em nossas vidas são imprevisíveis e no atual momento (político) que estamos, só nos resta contar com o inesperado”, observa.
Formado em diversos cursos de artes visuais no Parque Lage, o artista já realizou individuais e coletivas em lugares como: Galeria Pequena da Candido Mendes (“Antonio Tebyriçá: Ocupação”, 2017); Espaço Cultural Olho da Rua (edital “Entre Obras”, 2016); EAV Parque Lage (performance “Desculpa o Transtorno”, com Paula Blower); Euroart (“Coletivo Paralelo”, 2017).
“Acompanho e sou fã da atual cena de arte contemporânea brasileira. Acho muito importante o modo como os artistas vêm criando discursos para questões que merecem respeito e debate, como feminismo, homofobia, racismo etc”, opina.