‘Perdido em Marte’ aproveita a onda espacial em bom filme, mas cansa o espectador

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Lançado no começo do mês no Brasil, o novo filme do diretor Ridley Scott (que já dirigiu longas como “Alien”, “Gladiador” e  “Falcão Negro em Perigo”), o tão badalado’ ‘Perdido em Marte”, aproveita a onda de produções com temas espaciais. Assim como outros do gênero lançados recentemente, “Gravidade”, “Interstelar” e “Prometheu”, que teve comando do próprio Scott, a vida e sobrevivência humana fora da Terra entram em debate num momento chave sobre o assunto. Baseado no romance “The Martian” (2011), de Andy Weir, o roteiro tem como narrativa um botânico, Mark Watney (Matt Damon), que acaba sofrendo um acidente em Marte, dado como morto e deixado pela equipe de astronautas que tinha como missão explorar o Planeta Vermelho.

Acompanhando a mesma narrativa dos demais filmes que vem dominando as telas do cinema, o longa não tenta fugir demais de uma realidade possível das tecnologias atuais, como “Star Wars” fará no final de 2015. E curiosamente (ou não!), a NASA divulgou no começo de outubro que confirmou a existência de água em Marte e que possivelmente a vida, pelo menos como conhecemos na Terra, poderia sim existir. Pegando carona nessa divulgação, a produção explora os rituais de sobrevivência de um ser humano perdido naquele planeta nos moldes terráqueos. A narrativa usa constantemente de uma linguagem que não é tão científica e aproxima até um leigo em astrofísica da realidade encontrada. Watney, brilhantemente vivido por Matt Damon, é sempre sarcástico e irônico nas interjeições.

O humor ácido e sarcástico de Mark Watney é a melhor parte da obra. Sempre com ironias e tiradas engraçadas, essa linha de personalidade atrai e faz com que os momentos de solidão do botânico em Marte sejam passagens divertidas da película. Muitas das vezes os diálogos são inexpressivos e até repetitivos, com partes que lembram tantos outros já reproduzidos pelo cinema, só que Watney e suas intervenções dão vida aos trechos. Por ser “planeta vermelho”, essa texturização e coloração quase sempre rubra é um detalhe bastante explorado também.

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Uma produção que se não usa grandes aparatos pirotécnicos, consegue através da máxima aproximação realmente possível, recriar o livro. Não há explosões mirabolantes, grandes batalhas pela vida, inserções espaciais com grandes cenários interplanetários… mas há sim sobre como seria a vida humana fora da Terra num futuro próximo. Uma curiosidade bastante interessante do filme é que a trilha sonora toda remete às músicas dos anos 70 e 80, como “Starman”, do David Bowie, famosa no Brasil pela versão do Nenhum de Nós como “Astronauta de Mármore”. Isso acaba se tornando um contrapeso na ideia de avanço tecnológico e futuro.

Só que algumas partes da trama são muito extensas e desnecessárias, como a observação e discussões dos cientistas, algumas vezes até com 10 minutos de longa metragem. Se algumas diferenças foram achadas pelos leitores do romance e espectadores do filme, o roteiro não fugiu ao que pede um bom trabalho hoje em dia. Tem drama, emoção, humor e até uma crítica social misturada a propaganda política, como o auxílio chinês ao governo americano, mas as quase duas horas de um desenrolar extenso acaba cansando o espectador.

Mas “Perdido em Marte” é um divertido momento do cinema com possibilidades reais. Atualizado, como citado anteriormente, o grau de interesse e até experimento sobre como talvez fosse viver naquele planeta aumenta a importância do filme. Se peca em algumas partes extensas demais, ganha pela originalidade realista. Não tem a ação de “Star Wars”, não tem a emoção de “Interestelar”, muito menos o sufocamento de “Gravidade”, porém tem mais uma opção sobre o assunto e bastante qualidade.

Classificação: Bom

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