Planet Hemp volta aos palcos para comemorar 20 anos do álbum ‘Usuário’
Marcelo D2, Skunk, Rafael Crespo, BNegão, Formigão e Bacalhau estão de volta aos palcos do Rio de Janeiro juntos. Para comemorar os 20 anos do álbum “Usuário”, o Planet Hemp se reuniu para uma turnê especial. Os shows acontecem nos dias 18 e 19 de dezembro, totalizando as quatro programadas, que tiveram na rota São Paulo, na última quinta-feira, 3, e Porto Alegre, na última sexta-feira, 4. Os ingressos já estão à venda.
O disco “Usuário” completa 20 anos com cara de clássico. Totalmente autoral, é neste álbum que estão os maiores hits do grupo carioca, como “Não Compre, Plante!”, “Legalize Já” e “Mantenha o Respeito”, que lançou os músicos na cena musical do país e arrastaram milhares de fãs. O trabalhou vendeu mais de 140 mil cópias e ganhou Disco de Ouro. Antenados com o que acontecia no mercado do rock, pop, funk americano e rap nacional, as 17 faixas não se restringiam à legalização apenas, mas também a repressão policial e as injustiças sociais. Rapidamente conquistou também os críticos e tinham uma sonoridade ainda desconhecida no Brasil.
Misturando vários gêneros, extraídos da guitarra de Rafael Crespo, do baixo de Formigão, da bateria de Bacalhau e de participações inovadoras, como o DJ Zé Gonzales e o vocalista Black Alien, o Planet Hemp marcou os anos 90. Chegou a ser considerada uma das mais influentes e importantes bandas da cena musica do Brasil por causa das suas letras politizadas. Em músicas com versos que pediam a legalização da maconha em uma época em que a sociedade ainda não debatia com frequência sobre a liberação das drogas, alguns shows só podiam ser realizados depois das 23h. Em 1997, os integrantes chegaram a ser presos em Brasília, acusados de apologia às drogas durante uma apresentação.
Em entrevista ao Estado de São Paulo, Marcelo D2, uma das vozes que deram vida ao movimento junto do BNegão, fez um panorama sobre aqueles tempos e os atuais:
– É difícil analisar se o Brasil evoluiu porque eu já não sou mais o adolescente que era quando escrevi aquelas composições. Mas tenho algumas pistas. O que via, na metade dos anos 90, eram cidades violentas, uma polícia corrupta, um governo que não ligava para o povo e uma política de drogas super-repressiva e que mandava usuários para a cadeia. Tudo igual. Nada mudou e por isso o álbum continua tão atual – disse o cantor, que lembrou que as letras tinham a cara da periferia.
O cantor ainda destacou o público que o Planet Hemp encontrou há 20 anos. Segundo D2, hoje em dia falar de maconha e cobrar políticas sociais mais justas ainda são desafios, mas o brasileiro se acostumou melhor com as mensagens e principalmente a mobilização na mídia:
– A gente tinha um discurso muito forte na sociedade. O público que assistia ao “Fantástico”, da Rede Globo, não estava preparado para um discurso tão aberto sobre a maconha. Acho que isso até encobriu um pouco o som do Planet. A banda interferiu diretamente no conceito de liberdade de expressão. Na ocasião, o País vivia uma época em que não se podia falar quase nada – completou à mesma publicação.
Ao todo, o Planet Hemp lançou cinco discos, três de estúdio (“Usuário”, 1995, “Os Cães Ladram mas a Caravana Não Para, de 1997 e “A Invasão do Sagaz Homem Fumaça”, de 2000.), além de dois ao vivo (“Planet Hemp”, de 2001, que também virou DVD, e “O Ritmo e a Raiva: Ao vivo”, de 2013). Mesmo sem um fim decretado, a banda ainda teve alguns encontros, como no Lollapalooza 2013, além de outros shows comemorativos.
Agora é a vez dos cariocas reverem o grupo que até hoje soa lendária por suas letras:
– A galera gosta até hoje, porque a banda não continuou. Se a gente tivesse aí, muita gente estaria falando “puta merda, os caras estão ficando velhos e continuam falando de maconha”. – disse Marcelo, em meio às risadas, ao programa Rock Bola, da antiga OiFm, em 2011.
SERVIÇO
Classificação: 18 anos
Datas: 18 e 19 de dezembro
Local do evento: Fundição Progresso – R. dos Arcos, 24 – Lapa, Rio de Janeiro
Horário de Abertura: 22h
Realização: Fundição Progresso
Ingressos: R$ 80 (meia entrada) e R$ 160 (inteira)
OUÇA O DISCO COMPLETO NO CANAL OFICIAL DA BANDA