Punk rock, protesto e misturas marcam a segunda noite do Rock in Rio
A segunda noite do Rock in Rio foi marcada pela mistura de estilos, punk rock e protesto político. Com o Muse encerrando o dia no Palco Mundo e como atração mais aguardada, a Florence and The Machine animou a plateia e roubou a cena. Outros destaques foram os shows do palco Sunset, que contaram com grande apelo dos fãs de variadas gerações, como Marky Ramone e The Offspring.
Ainda às 15 horas, a banda brasileira Autoramas e o rapper BNegão agitaram o público presente no palco Sunset e abriram caminho para o que viria: Show do ex-Baterista dos Ramones, Marky Ramone. Ao melhor estilo punk rock e liderado por Michale Graves nos vocais, a apresentação contou com tributo à banda que terminou em 1996 e com 32 músicas em apenas uma hora.
Misturando as guitarras “sujas” com os vocais acelerados, o quarteto relembrou grandes momentos do que marcou o cenário punk nos anos 70, como “Pet Semetary”, “Sheena is a punk rocker” e “Blitzkrieg Bop”. Ovacionados, Marky encerrou o encontro ao som de Frank Sinatra.
Quase sem intervalo entre uma canção e outra, tipicamente “faça você mesmo” do punk e muita vibração depois, Graves se enrolou a uma bandeira brasileira arremessada ao palco e encerrou o show. Em seguida um tributo ao Pai do Rock, Raúl Seixas, tomou conta do Sunset. Detonautas, Zeca Baleiro e Zélia Duncan cantaram os maiores sucessos do roqueiro e com muito protesto do vocalista da banda, Tico Santa Cruz, fez a plateia interagir:
– Nunca podemos desistir de protestar! Mascarados são os políticos, não o cidadão. Se ele fizessem tudo certo, o povo não precisaria ir à rua mascarado – berrou Tico, para delírio dos fãs.
Repleto de rodinhas punk por todas as partes, logo a seguir foi a vez da banda The Offspring, que marcou geração nos anos 90 e cantou os principais hits. Realizando um dos shows mais animados e com interação do público, o grupo fez uma hora de apresentação com os fãs cantando absolutamente todas as músicas. Ao final, na hora do bis, Marky Ramone subiu ao palco e tocou bateria com os californianos.
A banda brasileira-americana Saints of Valory entrou sob aplausos e encerrou a programação do Palco Sunset, que contou com um número elevado de fãs.
Palco Mundo conta com indie rock e mistura de elementos
No palco principal, o Mundo, Capital Inicial novamente fez um show muito aplaudido. Assim como em 2011 e 2001, Dinho Ouro Preto conversou bastante com a plateia e conquistou os fãs com as músicas mais famosas, como “A sua maneira”, “Natasha” e “Veraneio Vascaína”. O show contou também com uma homenagem ao ex-vocalista do Charlie Brown Jr, Chorão e o ex-baixista Champignon:
– Galera, como vocês sabem, o rock´n´roll brasileiro tá de luto nesta semana. Eu gostaria, cara, de dedicar este show à memoria do Champignon, ao Charlie Brown, ao Chorão. É dificil entender o que aconteceu. Só sei que a gente tinha muito respeito por essa banda e achava ela do caralho! Hoje, aqui, queremos pagar um pau pra eles, fazer uma homenagem, tocar um som deles. – falou, emocionado, para depois cantar “Só os loucos sabem”, lançada pelos homenageados em 2010.
Porém, Dinho derrapou em algumas canções, esquecendo a letra e o tempo musical. Por diversas vezes o cantor acelerou as músicas ou entrou no tempo errado de cada verso. Nada que comprometesse a apresentação ou fizesse o público reclamar.
Depois foi a vez dos americanos do 30 Seconds The Mars, liderados por Jared Leto, que interagiu com os fãs e ainda desceu de tirolesa. Com muitas canções no melhor estilo indie rock, os músicos fizeram uma das apresentações mais seguras da noite e contaram com a voz dos fãs, que cantaram quase o show inteiro. Esbanjando simpatia, o vocalista vestia uma camisa onde era possível ler a frase “Eu amo o Rio”.
Quase no final, Leto subiu até à tirolesa e voou sobre o público. Encerrando a apresentação, o grupo vestiu camisas da seleção brasileira e disseram que o Rio era “a cidade mais agradável por onde passaram”.
Com pés descalços, harpa, vestida de fada e uma sonoridade psicodélica, o Florence and The Machine surpreendeu o público que estava esperando o Muse. A vocalista com toda sua força vocal encantou muitos fãs, que cantaram a plenos pulmões os hits da banda. Em meio ao som de uma enorme segurança, a inglesa ainda passeou pela plateia, para desespero dos seguranças do Rock in Rio.
Canções dos discos “Lungs” (2009) e “Cerimonials” (2011) fizeram parte do repertório. Em “Dog days are over”, Florence se declarou ao Rio:
– É fantástico estar aqui no Rio! Esperamos retornar em breve e que vocês tenham se divertido tanto quanto nós nos divertimos – disse a cantora, que demonstrou fôlego ao correr e cantar durante mais de uma hora.
Mais aguardada atração da noite, o Muse entrou no Palco Mundo com muita presença de efeitos de riff, marca da banda. A mistura de som foi o tom da apresentação, que contou com bastantes solos e participação massiva da plateia. O trio liderado por Matthew Bellamy passeou pelos seus principais hits, como “Supermassive Black Hole”, “Madness”, “Starlight” entre outros.
Com pouco mais de uma hora e quarenta de show, a banda mostrou porque é uma das referências musicais das últimas décadas em termo de experimento sonoro e fazendo valer sempre distorções agressivas da guitarra do seu vocalista. Apresentando bastante entrosamento, os músicos fizeram um dos shows mais intensos desse Rock in Rio.
Na volta para o bis, embalados pelo coral do público, o Muse fez um imenso solo que passeava por gaita, bateria, guitarra e baixo. Mantendo a “tradição”, Matthew quebrou sua guitarra e o resultado foram muitos aplausos, com a certeza de que o dever foi muito bem cumprido.
Por Bruno Guedes
Fotos: Divulgação – Rock in Rio