Rick Astley leva ao êxtase Vivo Rio com lotação esgotada
Após servir de muita chacota para a geração dos anos 90, a FESTA PLOC surgia há exatos 10 anos atrás para nos mostrar o quanto os anos 80 foram no MÍNIMO extremamente divertidos (querendo os levar a sério ou não)! E apesar da incursão pop generalizada em nível mundial (independente do estilo, de alguma forma sintetizadores e efeitos eletrônicos recém descobertos eram inseridos), as músicas inegavelmente tinham qualidade musical, mesmo com a “pseudo-cafonice” de toda a estética que compunha aquele pacote.
Simplesmente adentramos os anos 2000 percebendo que a maior parte das bandas que infestava as rádios naquele período (os anos 80 em questão), eram MUITO melhores do que TUDO que estava sendo lançado na música pop mundial naquele momento. No Brasil a situação era ainda mais extrema. Nossa década de 80 foi com os principais nomes do rock’n’roll (inegavelmente até os dias de hoje) dominando as paradas de sucesso. E até quem estava antenado com o cenário pop mundial como o RPM (com sua clara influência de A-Ha e Duran Duran), fazia parte deste “balaio”, pela postura imponente que os colocou como “rock star”, com seus números atingindo níveis estratosféricos em termos de vendagem e exposição midiática.
Na música popular, a coisa era ainda mais caótica. Depois da “avalanche melancólica” que imperou nos anos 90, com o advento do Funk, Axé-Music e Pagode, ficou perceptível que as “bobagens” oitentistas como a música infantil do Trem da Alegria, a “boy-band” Dominó e muitos artistas tachados de bregas e cafonas que estavam no “limbo” (como Biafra, Marcelo, Rosana, grupos de vertente pop como Absyntho, do Silvinho Blau Blau, Dr. Silvana, Metrô e Rádio Táxi) conseguiam soar até sofisticados perto de BOMBAS como É o Tchan, Só pra Contrariar e Chiclete com Banana. E inegavelmente mais divertidos dentro da sua postura “kitsch”. Aquele velho ditado do “éramos felizes e não sabíamos”…
Luciana Vianna (que atende pela alcunha de DOM LV) com sua “visão além do alcance”, avaliou que tínhamos regredido em muita coisa e precisávamos imediatamente daquele revival. Era o momento ideal para os anos 80 retomar ao seu lugar. Principalmente para as novas gerações que emergiam com aquela postura de constrangimento ao se deparar com algo referente à década.
Reza a lenda que as primeiras festas em 2004 começaram extremamente vazias e juntamente com sua ex-sócia, Luciano se revezava entre as pik-ups e a bilheteria numa proposta praticamente mambembe. Até a própria decoração feita com vinis e a distribuição dos chicletes PLOC que dão o nome a festa, eram feitas exclusivamente pelos dois, e só!
E no que podemos chamar de trabalho “formiguinha”, o evento foi crescendo, crescendooooo… Ocupou definitivamente o lendário Circo Voador no Rio de Janeiro, gravação de dois DVDs, colocou os anos 80 devidamente na “crista da onda” (desenhos animados, jogos, novelas da época, roupas, adereços, TUDO que compunha um cenário extremamente rico e representativo), virou uma bela e lucrativa franquia e o principal: o resgate de vários artistas com sonoridades das mais diversas, basicamente sendo recolocados dignamente no mercado de onde nunca deveriam ter saído.
Pois eis que a comemoração desses 10 anos só poderia se dar em grande estilo. Os trabalhos começaram no dia 17 de Março, no seu cenário habitual (o Circo Voador), com a participação de um dos grupos mais populares da década no Brasil (os reis do tecnopop), Information Society. Foi uma belíssima festa, com toda a alegria, democracia de estilos e paz que sempre reinaram em todo esse tempo de história do evento.
Mas agora o buraco é ainda mais embaixo, pois a “invasão” se dá numa das casas de shows mais sofisticadas da cidade (o VIVO RIO), e como atração internacional nada mais do que um dos maiores “hitmakers” do período: Rick Astley em sua primeira vez ao Brasil! Presentaçooooo para todos!
Logicamente tivemos a discotecagem matadora de outrora, com todos aqueles hits para pista irresistíveis no qual é impossível ficar parado! Nesse interim, a banda Síndico du Ben que como o próprio nome denuncia, passeia pelo brilhante e suingado repertório de Tim Maia e Jorge Benjor. São artistas que já chegaram grandes aos anos 80, mas tiveram parte dos seus maiores sucessos construídos nessa década. E a galera se esbaldou com a ótima banda, que se consistiu numa bela sacada, fazendo com que o “balaio musical” apresentado como um todo, ficasse ainda mais amplo.
Mas a grande atração da noite (nesse momento, a casa já estava com sua lotação esgotada) acabou sendo MAIOR AINDA do que imaginávamos. Anotem aí, já figura entre os melhores shows desse ano, com certeza! Independente da quantidade de hits que tem na manga, Rick se mostrou absolutamente em forma, com voz perfeita, banda fantástica, interação total com o público, e fazendo com que o seu “pop-dance-classudo”, soasse ainda mais palatável.
Além de “petardos” como “Never Gonna Give You Up”, “She Wants To Dance With Me”, “When I Fall In Love”, “Hold Me In Your Arms”, “Whenever You Need Someone”, “Cry For Help”, “Take Me To Your Heart”, entre outras, nos ataca versões matadoras de “My Love” (The Tempations), “Evebody Dance” (Chic) e Get Lucky (Daft Punk)! Simplesmente sensacional!!! Felizmente, extasiado com a excepcional acolhida do publico, prometeu não demorar muito tempo para retornar a cidade maravilhosa. Por favor!
Mais uma vez a FESTA PLOC nos proporcionando mais um momento inesquecível. Vida longa, mais 10 anos de muita diversão pela frente, pois continuará através dessa “viagem astral” aos anos 80, fazendo com que muitas pessoas tenham momentos de nostalgia e felicidade!
Fotos: Divulgação Festa PLoc
Texto: Alessandro Iglesias